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O racha dos irmãos Ferreira Gomes no Ceará provocou a debandada de 43 prefeitos do PDT no estado. A avalanche de desfiliações aconteceu após uma reunião dos prefeitos com o presidente da sigla, o senador Cid Gomes.
Anteriormente, 18 deputados federais e estaduais deixaram a legenda. O partido também perdeu vereadores.
Cid e toda a diretoria estadual haviam sido afastados pela Executiva Nacional após a Comissão de Ética aprovar a intervenção na sigla por unanimidade. Um grupo provisório foi nomeado no lugar da diretoria.
Acontece que, na semana passada, uma decisão judicial devolveu o comando do PDT estadual a Cid Gomes.
Entre os prefeitos que abandonaram a sigla está Ivo Gomes, prefeito de Sobral e irmão mais novo de Cid e Ciro Gomes. O município de Sobral é considerado um reduto político da família Ferreira Gomes.
O racha no partido e na família teve origem em uma briga entre Cid e Ciro por ocasião das eleições do ano passado.
É que PDT e PT têm um acordo de alternância de poder no governo do Estado.
Quando o ex-governador Camilo Santana (PT) anunciou a sua saída do cargo para concorrer a uma vaga no Senado, o caminho natural era que um nome do PDT assumisse a vaga.
Camilo indicou sua vice, Izolda Cela (PST), como postulante ao cargo.
Acontece que o nome de Izolda não fazia parte dos planos de Ciro Gomes, que questionou Camilo. O ex-governador disse que Cid havia concordado em dar preferência ao nome de Izolda.
Sem acordo com Cid, Ciro Gomes apoiou Roberto Cláudio como candidato do PDT, mas ele ficou só em terceiro lugar na corrida eleitoral pelo Palácio da Abolição.
O PT resolveu lançar a candidatura de Elmano de Freitas e liquidou a fatura logo no primeiro turno.
Não bastasse a disputa entre os irmãos por um nome na disputa estadual, o então candidato à Presidência, Ciro Gomes, viu sua base no Ceará lhe virar as costas na campanha do ano passado.
Cid apoiou a candidatura de Camilo Santana para o Senado, mas não fez grandes esforços para promover a candidatura do irmão. Eleito senador, Camilo Santana acabou indo para o Ministério da Educação.
A briga pelo comando nacional da sigla é um capítulo à parte.
Após a saída de Carlos Lupi do posto para assumir o Ministério da Previdência de Lula, o deputado e amigo de Ciro Gomes, André Figueiredo, assumiu a presidência nacional do partido.
Pressionado pelo acirramento da briga entre os irmãos, André Figueiredo decidiu licenciar-se do diretório estadual até o fim deste mês de novembro, quando devem ocorrer novas eleições internas.
Por outro lado, o presidente da Assembleia Legislativa do Ceará (Alece) e aliado de Cid Gomes, Evandro Leitão, deixou o PDT alegando “perseguição” da Executiva Nacional.
Leitão negocia nova filiação com PT e PSB. A Executiva Nacional do PDT tenta barrar a desfiliação do deputado na Justiça. De acordo com o PDT, o mandato pertence à legenda e não ao parlamentar.
Leitão depende da decisão judicial sobre a sua desfiliação para colocar em prática o plano de candidatar-se à prefeitura da capital, Fortaleza. Caso consiga, o deputado deverá concorrer com o candidato de Ciro Gomes, José Sarto (PDT-CE).
Em diversas ocasiões, Ciro Gomes tem dito que o seu irmão lhe deu uma “facada pelas costas”. Em resposta, Cid Gomes disse que quem esfaqueia pelas costas não avisa e ele teria avisado o que pretendia fazer.