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Presidente Jair Bolsonaro participa de inauguração do aeroporto de Macapá, no Amapá. Foto: Alan Santos/PR
Presidente Jair Bolsonaro disse que levou em conta o risco de uma nova greve de caminhoneiros ao rever o reajuste do diesel. Foto: Alan Santos/PR| Foto:

O presidente Jair Bolsonaro disse, após a inauguração do novo aeroporto de Macapá, nesta sexta-feira (12), que não é intervencionista, nem quer fazer “as políticas que fizeram no passado”, mas confirmou que ligou para o presidente da Petrobras pedindo que revisse a decisão de aumentar em 5,7% o preço do diesel.

O recuo no reajuste do diesel, que fui mal visto pelo mercado, representa uma redução de receita para a estatal de aproximadamente R$ 14 milhões por dia, considerando o volume médio de vendas do combustível em 2018. Representantes do setor de combustíveis dizem que a interferência prejudica a atração de investimentos.

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O cálculo das perdas foi feito pela Abicom, entidade que representa as empresas importadoras de combustíveis, e considera que a Petrobras deixará de arrecadar R$ 0,123 por litro vendido após o recuo. O reajuste, de 5,7%, elevaria o preço de R$ 2,1432 para R$ 2,2662.

Em 2018, o país consumiu 42 bilhões de litros de diesel, uma média de 3,5 bilhões de litros por mês. Assim, ao abrir mão dos R$ 0,123 por litro, a Petrobras está deixando de arrecadar R$ 430 milhões por mês. O governo não deixou claro por quanto tempo manterá os preços congelados.

Em Macapá, Bolsonaro disse que convocou funcionários da petroleira para conversar na próxima terça-feira (16), para esclarecer a política de preços adotada. Ele questiona o porquê de o aumento ficar acima da inflação, projetada para 3,90% em 2019 (segundo o Boletim Focus do BC). Citou também os caminhoneiros para justificar a decisão.

“Não sou economista, já falei que não entendia de economia, quem entendia afundou o Brasil, tá certo? Estou preocupado também com o transporte de cargas no Brasil, com os caminhoneiros. São pessoas que realmente movimentam as riquezas, de norte a sul, leste a oeste e que tem que ser tratados com devido carinho e consideração. Nós queremos um preço justo para o óleo diesel”, disse ele.

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A categoria chegou a ameaçar uma nova greve este ano. Em entrevista à Folha de São Paulo, na quinta, o líder dos caminhoneiros, Wallace Landim, o Chorão, agradeceu a Bolsonaro pela decisão.

O valor atual do diesel vem sendo praticado desde o dia 22 de março. No dia 26, a Petrobras anunciou alteração em sua política de preços, estabelecendo o prazo mínimo de 15 dias para reajustes. Na quinta (11), o 16º dia após o anúncio, decidiu aumentar o preço em 5,7%.

Retração nos investimentos

"A intervenção do governo na Petrobras está declarada", diz o presidente da Abicom, Sérgio Araujo. "A prática de preços predatórios acaba com o mercado competitivo, reforça o monopólio e prejudica a sociedade", completa o executivo.

Desde o segundo o início do programa de subvenção ao preço do diesel, no fim de maio de 2017, as empresas importadoras reduziram suas atividades no país. Em novembro, a Raízen, que opera com a marca Shell, anunciou corte de R$ 2 bilhões em investimentos para trazer produtos do exterior.

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"Todo mundo fica assustado, dá um passo para trás", afirmou o presidente da Plural (que representa as distribuidoras), Leonardo Gadotti. "É frustrante. A gente vinha, de maneira geral, no caminho certo para ter um mercado mais aberto e atrair investimentos", comentou.

Ele avalia que a decisão tem efeitos no interesse de investidores sobre ativos do setor, em um momento em que o governo e a própria Petrobras falam em quebra do monopólio da produção de combustíveis, com a venda de refinarias da Petrobras.

"O governo trata a questão de maneira equivocada", critica, dizendo que o preço de refinaria do diesel representa cerca de metade do valor final de bomba – o restante é composto por impostos, margens e biodiesel. Desde o início do ano, diz, o diesel subiu 17,8% nas refinarias e o repasse às bombas foi de 3,3%.

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