A indicação do desembargador Kassio Nunes Marques ao Supremo Tribunal Federal e o abraço fraterno no ministro Dias Toffoli, ex-presidente do STF, não foram bem recebidos pelos apoiadores do presidente Jair Bolsonaro. O que parece ser óbvio — dado que o próprio Bolsonaro, por mais de três vezes, se justificou a apoiadores —, contudo, é possível ser mensurado em termos quantitativos. Monitoramento nas redes sociais do presidente feito pela Gazeta do Povo aponta a perda de seguidores no Twitter, onde foram levantadas hashtags críticas a Bolsonaro. Em outras, foi possível constatar um freio no crescimento de seguidores.
Desde 9 de setembro, o saldo de seguidores de Bolsonaro no Twitter vem oscilando. Começou com uma perda de 379 seguidores, mas subiu em 840 dois dias depois. A alteração permaneceu ao longo de setembro, tendo registrado o pico de queda no dia 23, quando discursou, por vídeo, na Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU). Naquele dia, registrou uma perda de 1,6 mil seguidores. Em 24 de setembro, recuperou 1,2 mil seguidores. Após isso, registrou cinco dias seguidos de queda na evolução de usuários que seguem seu perfil. Mas nada parecido com o que estava por vir.
Em 30 de setembro, quando a imprensa em todo o país começou a divulgar a escolha de Bolsonaro por Kassio Nunes Marques, seu perfil no Twitter atingiu um saldo positivo de 631 seguidores. Naquele dia, entretanto, o presidente ganhou as redes quando respondeu o candidato democrata norte-americano Joe Biden. Contudo, no dia seguinte, sua conta passou a registrar perdas de seguidores até 8 de outubro, último dia do levantamento feito pela Gazeta do Povo. Ou seja, houve fuga de apoiadores em cada um dos oito dias seguintes à indicação de Kassio, algo não visto até então nesse período de análise (veja imagem abaixo).
Neste meio tempo, após a indicação feita ao STF, algumas hashtags começaram a ser levantadas no Twitter com críticas ao presidente Jair Bolsonaro — #bolsonarotraidor, #bolsonarocriaturadopantano, #forabolsonaro e #bolsonarosoenganaotario foram algumas delas. É bem verdade que o engajamento dessas manifestações foi puxado por internautas críticos do presidente, alguns até da oposição, mas, também, por ex-apoiadores do governo.
A #bolsonarocriaturadopantano e #bolsonarosoenganaotario, levantadas na quinta-feira (8), chegaram a figurar nos chamados trending topics do Twitter, sendo que a primeira chegou a ser a segunda mais comentada em todo o Brasil. Já #bolsonarotraidor, levantada no domingo (4), mesmo dia que Bolsonaro discutiu com apoiadores pelo Facebook e foi visto em foto abraçando o ministro Toffoli, também chegou a ser um dos assuntos mais comentados.
As pesquisas por “Bolsonaro traidor”, por sinal, explodiram no Google (veja gráfico abaixo). O interesse dos apoiadores por essas duas palavras atingiu picos em 4 e 5 de outubro, e se manteve em alta um dia depois, tendo perdido o fôlego apenas nos dias seguintes. Os usuários que pesquisaram por esse termo também fizeram outras consultas. A campeã delas foi pelo nome “Toffoli”, seguida por “#bolsonarotraidor”.
Sinais do incômodo da militância nas redes sociais tradicionais...
Em outras redes sociais, embora de outra forma, o mesmo fenômeno de rejeição a Kassio Nunes Marques também sugere ter gerado impacto nas redes sociais de Bolsonaro. O Facebook, uma das mídias mais usadas por Bolsonaro desde a campanha, é um exemplo claro. No mesmo período analisado pela Gazeta do Povo, de 9 de setembro a 8 de outubro, seu perfil registrou crescimento no número de seguidores. Mas a velocidade de novos apoiadores desacelerou após a indicação ao STF.
O perfil de Bolsonaro saltou de 10,733 milhões para 10,793 milhões no período, alta de 0,6%. Nesse período, chegou a registrar uma taxa de crescimento de 0,13% entre 28 e 30 de setembro. Oito dias antes dessa disparada, a taxa subiu 0,06%. Oito dias depois, a alta foi de 0,03%. Chama a atenção, contudo, a única queda de seguidores registrada no mês, em 8 de outubro, quando a base de fãs do presidente foi de 10,794 milhões para 10,793 milhões, um recuo de 0,01%. A data coincide com as hashtags #bolsonarocriaturadopantano e #bolsonarosoenganaotario.
O fenômeno de desaceleração do crescimento de seguidores também é notado no Instagram. Bolsonaro manteve uma trajetória de atração de novos fãs, tendo atingido o pico em 30 de setembro, data que rebateu Biden. No dia seguinte, esse crescimento caiu para menos da metade e manteve a trajetória de desaceleração até registrar a primeira queda no mês, uma perda de 83 seguidores, em 5 de outubro.
A curva voltou a subir um dia depois, tendo absorvido 4,8 mil seguidores, mas, no dia seguinte, 7 de outubro, voltou a perder fãs, quando o saldo ficou negativo em 1,3 mil. As taxas em 8 e 9 de outubro voltaram a subir, mas em curva modesta.
… às críticas na mídia conservadora Parler
As redes sociais mais tradicionais não foram as únicas onde Bolsonaro sentiu a ira de seus seguidores. Na Parler, mídia conservadora que abarca boa parte da militância bolsonarista mais “raiz”, o presidente também passou a ser questionado. Apesar das dificuldades de se monitorar essa rede pelas ferramentas disponíveis no mercado, é possível aferir, em termos qualitativos, que, apesar de elogios e comentários de apoio como #fechadocombolso, o presidente também passou a ser questionado.
Em publicação no domingo (4), onde defende a escolha de Kassio Nunes Marques, Bolsonaro foi criticado por apoiadores. Uma delas, Claudia Koch, diz que o desembargador mentiu sobre o currículo. “A esquerda está aplaudindo a indicação dele. Sinais de que não merecemos esse senhor no STF por 30 anos. Ele tem a esquerda no DNA. Thompson Flores, Ramage, Bretas e outros nomes honrariam essa cadeira. Misericórdia!”, criticou.
Outra seguidora, identificada como C Thamy25, classificou como inacreditável as “atitudes” que Bolsonaro vem tomando. “Está se vendendo, né? Mas nada fica obscuro, está perdendo a oportunidade de ser relevante ao país. Se seduziu com o poder? Ainda dá tempo de voltar aos trilhos e se manter íntegro. Ouve o povo que te conclama”, cobrou.
Em post da live e Bolsonaro na quinta-feira (1º), quando foi anunciada a indicação de Kassio, o apoiador Johnny Trench disse que o presidente havia acabado de trair a militância. “Lamentável e incompreensível. Seu eleitorado nunca te traiu, mas o sr. acabou de nos trair”, desabafou.
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