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Aposentadoria

Destaques desidratam reforma da Previdência: como ficou o texto após o 1º turno na Câmara

Câmara terminou primeiro turno da votação da reforma da Previdência. (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

O plenário da Câmara encerrou a votação do primeiro turno da reforma da Previdência, nesta sexta-feira (12), com a apreciação dos últimos destaques de bancadas. Os deputados acabaram por desidratar parte da reforma e conceder benefícios especiais. Eles reduziram as idades mínimas de aposentadoria para policiais federais e professores da ativa, reduziram o tempo mínimo de contribuição para homens da iniciativa privada que estejam na ativa e garantiram uma fórmula de cálculo do benefício mais vantajosa para as mulheres. Ao todo, foram quatro destaques aprovados. O ganho fiscal em dez anos com o texto aprovado ficou em cerca de R$ 900 bilhões, segundo o governo.

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O texto final agora será votado em segundo turno pelos deputados somente no dia 6 de agosto, após o recesso parlamentar. Havia o desejo de fazer a segunda votação ainda nesta semana que terminou, mas o atraso na votação do primeiro turno fez o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e o governo desistirem da ideia.

Quem se deu bem no 1º turno

O último destaque aprovado da reforma da Previdência, nesta sexta, beneficiou os professores. Eles vão poder se aposentar com 52 anos, no caso das mulheres, e 55 anos, no caso dos homens, caso cumpram pedágio de 100% sobre o tempo que falta para a aposentadoria. A regra vale só para quem está na ativa. Para professores que ingressarem na carreira após a aprovação da reforma, a idade mínima será de 57 e 60 anos para, respectivamente, mulheres e homens. O governo tinha proposto 60 anos, para ambos os sexos e para quem já estava na ativa ou ainda vai entrar.

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Vantagem similar também foi conquistada pelos policiais federais e agentes penitenciários e socioeducativos. Eles vão poder se aposentar ao atingir idade mínima de 53 anos (homem) e 52 anos (mulher), se cumprido um pedágio de 100% sobre o tempo que falta para atingir o tempo mínimo de contribuição, que é de 30 anos para eles e 25 para elas. A integralidade, ou seja, se aposentar recebendo o último salário da ativa, está garantido. O governo queria idade mínima de 55 anos para a categoria.

Outra mudança significativa que os deputados fizeram foi a redução do tempo mínimo de contribuição exigido dos homens que já contribuem para o INSS (iniciativa privada). Caiu de 20 anos (proposta original do governo, mantida no texto-base) para 15 anos. A exceção fica para os homens que ainda vão entrar no mercado de trabalho, após promulgação da PEC: eles terão de contribuir por, no mínimo, 20 anos. As mulheres já tinham conseguido a redução para 15 anos na comissão especial. Para elas, o tempo vale tanto para quem já está na ativa, quanto para quem ainda vai entrar.

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Elas conseguiram ainda, mas no plenário, sob forma de destaque, uma fórmula de cálculo mais vantajosa. Elas terão direito a se aposentar recebendo 60% da média salarial ao atingir 15 anos e a cada ano a mais de contribuição serão acrescidos dois pontos percentuais ao cálculo. Assim, com 35 anos de contribuição, elas terão direito à integralidade, ou seja, a 100% da média salarial. No texto-base, os dois pontos só seriam somados a partir de 20 anos de contribuição. Essa regra permanecerá apenas para os homens.

Vitória dos lobbies

As mudanças feitas no plenário só foram possíveis após o êxito dos lobistas e/ou à pressão de categorias que têm forte peso nas eleições. É o caso dos policiais, que contam com o lobby forte da bancada da segurança pública, e dos professores, que ganharam o apoio da bancada feminina e possuem, em geral, apoio popular. Essas categorias tentavam regras mais brandas desde a comissão especial, mas lá, pelo número menor de deputados (eram 49 membros titulares, todos indicados), não conseguiram valer suas vontades.

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A líder do governo no Congresso, Joice Hasselmann (PSL-SP), explicou que líderes do Centrão já tinham avisado que não iam conseguir segurar seus deputados para votar contra destaques que beneficiassem policiais e professores. O papel do governo foi, segundo Joice, tentar costurar acordos para aprovar regras que não prejudicassem tanto a economia da reforma. Ela avalia que, nesse sentido, o governo conseguir evitar que destaques piores fossem aprovados. Ela ressalta, porém, que pessoalmente era contra os destaques, mas que teve que articular o desejo da maioria da Casa.

Já a mudança na regra de cálculo para mulheres foi uma demanda da bancada feminina, que tem 77 votos. O governo não quis comprar briga com elas. A surpresa da votação ficou para o acordo que reduziu o tempo mínimo de contribuição do homem, costurado pelo líder da oposição, Alessandro Molon (PSB-RJ), na quinta-feira (11).

Reforma foi modificada

A equipe econômica do governo e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), minimizaram as concessões feitas durante as votações no destaque. Eles disseram que outras medidas aprovadas, como a necessidade de lei para autorizar Justiça Estadual a julgar causas previdenciários e garantia de pensão por morte só se a pessoa não tiver outra renda formal, compensaram parte das desidratações feitas pelos destaques.

Maia também ressaltou o importante papel dos deputados ao rejeitar a grande maioria dos destaques apresentados, em especial os do PT, que sozinhos poderiam reduzir a economia da reforma em R$ 160 bilhões. Os deputados rejeitaram, por exemplo, destaques que diminuíam o pedágio das regras de transição, que pediam para manter as regras atuais de cálculo dos benefícios e pensão e que acabavam com as mudanças no abono salarial. Todos com impacto financeiro bilionário.

Oficialmente, o governo só vai divulgar a nova economia projetada com a reforma dentro de cinco ou seis dias. Mas números divulgados extraoficialmente pelos deputados falam de uma desidratação de R$ 30 bilhões a R$ 100 bilhões com os destaques aprovados no primeiro turno.

Como a economia do texto-base aprovado era de R$ 987 bilhões (incluindo o aumento de arrecadação do CSLL) em dez anos, o saldo final deve ficar perto de R$ 900 bilhões, número que também é esperado pelo secretário especial de Previdência e Trabalho, Rogério Marinho. A proposta original, enviada pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, previa uma economia de R$ 1,2 trilhão.

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