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Eleições 2022

Além de aceno ao Centrão, reforma ministerial reorganizou forças para 2022

Além da articulação política, Flávia Arruda deverá concorrer ao governo do DF com apoio de Bolsonaro em 2022 (Foto: Alan Santos/PR)

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Passado quase um mês da reforma ministerial promovida pelo presidente Jair Bolsonaro em seis de seus ministérios, a avaliação dentro do Palácio do Planalto é de que houve uma reorganização do xadrez que vem se desenhando para as eleições 2022. Além de um aceno ao Centrão, a adoção de um tom mais pragmático nas relações com o Congresso visa segurar a base de aliados do governo.

Mesmo com a inesperada decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que determinou a instauração da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar possíveis omissões do governo federal na condução da pandemia, o Planalto avalia que a relação com o Centrão se mantém estável. Para manter essa aliança, Bolsonaro estuda a possibilidade de trocar seus assessores mais ligados à ala ideológica como forma de manter a interlocução com o Legislativo.

No Palácio do Planalto, o ministro das Comunicações, Fábio Faria, é hoje o principal conselheiro de Bolsonaro em relação ao Congresso. Deputado federal licenciado, Faria tem sinalizado ao presidente que neste momento o pragmatismo seria o melhor caminho para manter a sustentação dos aliados, tendo em vista que com a possibilidade de candidatura do ex-presidente Lula em 2022, esses partidos poderiam rachar com o Executivo.

O principal aceno ao Centrão feito por Bolsonaro na reforma ministerial foi a escolha da deputada federal Flávia Arruda (PL-DF) para a Secretaria-Geral de Governo. A ministra será responsável pela interlocução entre o Executivo e o Congresso, isso inclui a negociação de liberação de verbas parlamentares e indicações políticas para cargos no governo. Além disso, Arruda é um nome de confiança do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).

No entanto, segundo aliados, o pano de fundo da indicação da deputada para a Esplanada dos Ministérios foi a garantia do apoio do Partido Liberal (PL), presidido pelo ex-deputado Valdemar Costa Neto. Condenado no esquema do Mensalão, ele voltou para a presidir formalmente a sigla no início de março.

Apesar de formalmente o PL está no bloco do Centrão no Congresso, o presidente da sigla mantém interlocuções com integrantes do PT. De volta ao jogo político, Lula fez acenos à legenda e em um de seus discursos ressaltou a parceria com o empresário José Alencar, que era filiado ao PL e foi seu vice-presidente. O site oficial do partido chegou a replicar e exaltar o discurso do petista, mas depois apagou.

Além da Secretaria de Governo, o PL também tem uma das diretorias do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), órgão com orçamento bilionário do Ministério da Educação.

Indicação de Flávia Arruda na reforma ministerial mira governo do DF

Após manter o apoio da bancada do PL na Câmara, a indicação de Flávia Arruda para o ministério também visa garantir um nome aliado de Bolsonaro na disputa pelo governo do Distrito Federal em 2022. O presidente rompeu com o atual governador Ibaneis Rocha (MDB), depois de desentendimentos sobre as medidas de restrição ao comércio durante a pandemia do coronavírus na capital do país.

Flávia Arruda é deputada de primeiro mandato e foi a mais bem votada em 2018 com mais de 120 mil votos. Esposa do ex-governador José Roberto Arruda, a deputada virou opção para o governo do DF devido a força política do grupo na capital. Impedido de concorrer após ser condenado por falsidade ideológica e respondendo a uma série de acusações em decorrência da Operação Caixa de Pandora quando era governador, José Roberto Arruda é o principal articulador da aliança da deputada com o governo Bolsonaro.

Com os avanços da articulação pelo nome de Flávia Arruda para o Palácio do Buriti, o presidente Jair Bolsonaro abriu caminho para a ascensão de outra aliada, a deputada federal Bia Kicis (PSL-DF). A Atual presidente da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara deve disputar uma vaga no Senado e com isso teria um palanque forte na capital para 2022.

Além da articulação pelo nome de Flávia Arruda para o GDF, a reforma ministerial promovida por Bolsonaro provocou outro revés no governo de Ibaneis Rocha. Para o Ministério da Justiça, Bolsonaro escolheu o delegado da Polícia Federal Anderson Torres, que era secretário de Segurança Pública do DF.

Por enquanto Flávia Arruda não confirma se será candidata ao governo do DF. No entanto, a parlamentar já começou a se reunir com lideranças locais, inclusive com bancadas que hoje apoiam Ibaneis Rocha.

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