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Convidada para a Cultura

O que Regina Duarte pensa sobre política, do medo de Lula ao apoio a Bolsonaro

Regina Duarte e Bolsonaro
Regina Duarte e o presidente Jair Bolsonaro. (Foto: Reprodução)

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Convidada para assumir a Secretaria Especial da Cultura depois da demissão de Roberto Alvim, a atriz Regina Duarte "disse sim" ao presidente Jair Bolsonaro nesta segunda-feira (20). Nas palavras dela e do presidente, este é o "início de um noivado", já que antes de assumir definitivamente a secretaria, Regina Duarte passará por um período de testes.

O nome da atriz foi escolhido depois que Alvim foi exonerado por reproduzir trechos de um discurso do ministro nazista Joseph Goebbels em um pronunciamento oficial.

Regina Duarte também já citou o nazismo em uma campanha eleitoral, mas em um contexto diferente. Em 1985, a atriz gravou um comercial durante a campanha eleitoral para a Prefeitura de São Paulo em que pedia apoio à candidatura de Fernando Henrique Cardoso. Ela pedia a união da esquerda para combater o então candidato conservador Jânio Quadros. O terceiro colocado na disputa era o petista Eduardo Suplicy.

“Votar em Suplicy é ajudar o Jânio. Não vamos nos esquecer do que aconteceu na Alemanha na década de 30. Os democratas se dividiram e o que aconteceu? Hitler subiu ao poder com pouco mais de 30% dos votos! Então este é o momento onde a gente não pode vacilar", disse a atriz, que na época vivia o auge da fama como protagonista da novela Roque Santeiro, na Rede Globo.

Protagonista em Malu Mulher

Um dos papéis de destaque de Regina Duarte foi como protagonista da série global Malu Mulher, que foi ao ar em 1979 e marcou a televisão brasileira por abordar temas do universo feminino. A série tratava de assuntos como sexo, orgasmo, violência doméstica, separação, menstruação, aborto, virgindade. Regina chegou a contestar censores da ditadura militar sobre o motivo do impedimento de veicular parte das imagens da série.

"Ele tentava explicar e eu dizia: 'O senhor sabe disso, todo mundo sabe, o povo todo está vivenciando. Não estamos contando nenhuma novidade. Algumas vezes dobrou ele”, disse a atriz em entrevista ao programa Encontro com Bial no ano passado.

"Nunca me declarei feminista"

Mesmo interpretando a protagonista da série, a atriz afirmou no programa que não se considera feminista e disse acreditar que há caminhos intermediários. “Eu nunca me declarei uma feminista, mesmo fazendo a Malu. Eu não acho que as coisas são por aí, acredito que há caminhos intermediários. Embora tenha tido atitudes de vanguarda, eu fui e continuo conservadora”, afirmou.

Regina Duarte contra Lula

Na corrida eleitoral de 2002, a atriz voltou a protagonizar campanhas políticas. Regina Duarte apoiou o candidato José Serra (PSDB) na eleição presidencial e apareceu no programa eleitoral gratuito do tucano dizendo ter medo de uma eventual vitória do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

“Eu tô com medo. Faz tempo que eu não tinha esse sentimento. Porque o Brasil, nessa eleição, corre os risco de perder toda a estabilidade que foi conquistada. Eu sei que muita coisa não foi feita, mas também tem muita coisa boa para ser realizada. Não dá para ir tudo para a lata do lixo. Nós temos dois candidatos à presidência. Um eu conheço, que é o Serra. É um homem do genérico, do combate à Aids. O outro, eu achava que conhecia, mas eu já não o conheço mais. Tudo que ele dizia mudou muito e isso dá medo na gente. Outra coisa que dá medo é a volta da inflação desenfreada. Lembra? 80%, ao mês. O futuro presidente vai ter que enfrentar a pressão da política nacional e internacional. E vem muita pressão por aí. É por isso que eu vou votar no Serra, que me dá segurança, porque dele eu sei o que esperar. Por isso eu voto 45. Voto Serra e voto sem medo”, disse a atriz.

Na eleição seguinte, a atriz defendeu sua posição. Em uma entrevista à revista IstoÉ Gente, ela disse: "Nunca me arrependi do que disse. O PT foi muito agressivo, dono da verdade. Hoje, estou profundamente triste, porque amo o meu país. As pessoas devem pensar melhor no voto com esta nova chance”.

No Conversa Com Bial, em maio do ano passado, a atriz destacou que já participou de atos ao lado do ex-presidente Lula contra a Ditadura Militar. "Eu corri de cavalos, me enfiei debaixo de porta para fugir da cavalariça, eu participei de palanques ao lado de Lula pelas 'Diretas já', pela anistia ampla geral e irrestrita, Revolução dos Cravos. Tenho uma história de participação que não é de hoje", disse.

Aproximação com Bolsonaro

Desde a eleição de 2018, Regina Duarte se aproximou de Bolsonaro e da primeira-dama, Michelle Bolsonaro. Segundo a Folha de S. Paulo, integrantes do governo acreditam que o convite à Regina Duarte para assumir um cargo no governo tem influência de Michelle. As duas atuaram juntas no programa Pátria Voluntária.

Durante a campanha, a atriz postou uma foto com Bolsonaro em suas redes sociais e passou a defendê-lo. Em entrevista ao Estadão antes das eleições, Regina Duarte afirmou que o então candidato tem “uma alma democrática” e que as declarações homofóbicas de Bolsonaro eram “um humor brincalhão típico dos anos 1950” e “da boca pra fora”.

Ao completar 72 anos, em fevereiro de 2019, Regina Duarte recebeu felicitações do presidente nas redes sociais. "Parabéns pela passagem do seu aniversário, Regina! Que Deus lhe dê muitos anos de vida com toda essa simpatia! Um forte abraço e obrigado sempre pela consideração!”, disse Bolsonaro. A atriz agradeceu e desejou melhoras ao presidente, que estava internado no hospital Albert Einstein, em São Paulo, após passar por uma cirurgia para reconstrução do trânsito intestinal.

Posicionamento de Regina Duarte sobre outros temas

Ao longo dos últimos meses, Regina utilizou o perfil no Instagram para manifestar apoio ao ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, e ao coordenador da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba, procurador Deltan Dallagnol. "Somos todos Sérgio Moro", publicou a atriz.

Se por um lado endossa as investigações de um esquema bilionário de corrupção na Petrobras, Regina ataca o Supremo Tribunal Federal (STF) em suas redes sociais. "STF. Guardião da Constituição ou da impunidade?" e "Lava Jato está correndo perigo nas mãos do STF" foram alguma das publicações no perfil da artista.

Ela também criticou os votos proferidos pelo presidente do STF, ministro Dias Toffoli, e pela ministra Rosa Weber contra a execução antecipada de pena, que permitiram que o tribunal derrubasse a possibilidade de prisão após condenação em segunda instância - a medida foi considerada um dos pilares da Lava Jato no combate à impunidade. O resultado abriu caminho para que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva fosse colocado em liberdade.

"Votou contra o Brasil. Lástima" e "Rosa Weber vota contra o Brasil", escreveu Regina.

Em alinhamento com Bolsonaro, Regina já se mostrou favorável à flexibilização da posse de armas, uma das bandeiras eleitorais do presidente. "Se o registro de novas armas aumentou 50% em 2019, não deveria haver uma explosão de homicídios, como previam os 'especialistas' da extrema-imprensa? Ao invés disso, houve uma redução de 22% dos homicídios", diz a publicação compartilhada por Regina.

Cultura nacional

Em meio à polêmica com a retirada da divulgação de filmes brasileiros da sede e da página oficial da Ancine, a atriz usou o perfil para publicar cartazes de produções nacionais, como "Deus e o diabo na terra do sol", Tropa de Elite" e "Carlota Joaquina", marco da retomada do cinematografia nacional.

A atriz ainda criticou o documentário "Democracia em vertigem", de Petra Costa, indicado ao Oscar na última segunda-feira (13), que retrata a queda de Dilma Rousseff. "A verdadeira história sobre o impeachment foi feita por milhões de brasileiros nas ruas e Oscar nenhum vai reescrever nossa História", postou Regina.

Em 17 de dezembro, Regina publicou no Instagram um artigo da colunista Patricia Kogut, do jornal O Globo, que lamentava o fim da TV Escola. "O triste fim da TV Escola", era o título do texto da colunista.

Em 2016, a peça "A visita da velha senhora", estrelada por Regina, tentou captar cerca de R$ 2 milhões via Lei Rouanet, dispositivo que tem sido alvo de duras críticas do presidente Jair Bolsonaro. Mas o sistema do Ministério da Cultura informa que nenhum valor foi efetivamente captado para financiar o projeto.

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