A atriz Regina Duarte sempre demonstrou apoio a Bolsonaro| Foto: Alexandre Mazzo/ Arquivo Gazeta do Povo
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O Palácio do Planalto confirmou que a atriz Regina Duarte estará em Brasília na quarta-feira (22) para "conhecer a Secretaria Especial de Cultura do governo federal". A decisão foi tomada após "conversa produtiva" entre a atriz e o presidente Jair Bolsonaro (sem partido). A confirmação da viagem para um período de teste da atriz na administração, entretanto, é uma das poucas definições que há sobre a possível chegada de Regina à gestão Bolsonaro.

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O governo nega qualquer status de oficialização na indicação da atriz. Tampouco está claro se, caso Regina aceite o convite, a Secretaria de Cultura permanecerá em sua condição atual, que é de vinculação ao Ministério do Turismo. O governo cogita desde reposicionar a Cultura como um ministério autônomo como subordinar a área diretamente ao Palácio do Planalto, o que garantiria proximidade entre Regina e Bolsonaro.

Por enquanto, a área segue sob o comando interino de José Paulo Soares Martins, que assumiu provisoriamente a função desde sexta-feira (17), após a queda de Roberto Alvim, de quem era secretário-adjunto.

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Tanto Regina quanto Bolsonaro utilizaram a metáfora do casamento – a preferida do presidente – para falar sobre a nomeação. O chefe do Executivo falou, em Brasília, que havia ficado "noivo" de Regina Duarte, e a atriz dissera antes que estava "noivando" com Bolsonaro.

Globo indicou suspensão para Regina; com Huck, falou mais grosso

Caso Regina Duarte aceite o convite para ingressar no governo Bolsonaro, terá seu contrato com a Rede Globo suspenso. A atriz é vinculada à principal emissora do país, e um dos principais alvos de Bolsonaro em ataques à imprensa, há mais de 40 anos.

A informação foi confirmada pela Globo em nota divulgada na tarde desta segunda-feira (20). "A atriz Regina Duarte tem contrato vigente com a Globo e sabe que, se optar por assumir cargo público, deve pedir a suspensão de seu vínculo com a emissora, como impõe a nossa política interna de conhecimento de todos os colaboradores", disse o texto.

O posicionamento da Globo em relação à atriz foi mais brando do que o manifestado pela emissora quanto ao projeto presidencial do apresentador Luciano Huck, também membro de seu quadro. Huck tem atuado na política nos últimos anos e se colocou como pré-candidato para a disputa de 2018, mas acabou não concretizando a iniciativa. Para 2022, o apresentador tem se mobilizado ainda mais e angariado apoio em diferentes partidos. Em setembro do ano passado, organizou um jantar com figuras de ponta da política como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).

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Na ocasião, reportagem do UOL noticiou que a Globo havia vetado a candidatura de Huck em 2018. A emissora negou a informação, mas indicou que, caso Huck realmente queira se lançar como opção eleitoral, deverá efetivamente deixar a empresa e não poderá retornar. "Diante das especulações de que seria candidato, a Globo o procurou para saber se de fato ele concorreria à Presidência e enfatizar que, se assim fosse, teria de se submeter às regras da emissora, segundo as quais a vida politico-partidária é incompatível com a permanência nos quadros da Globo, mesmo depois do processo eleitoral. Tais regras estão em vigor e são válidas para todos os talentos da emissora", afirmou a nota da Globo.

Dilma teve testes e convites que não vingaram

A ex-presidente Dilma Rousseff (PT), que governou o Brasil entre 2011 e 2016, passou por casos de certo modo similares ao de Bolsonaro e Regina Duarte – o de convites para ministérios que acabaram não se efetivando, ou que ocorreram em caráter de teste.

  • Ciro Gomes: em 2010, quando exercia mandato de deputado federal e não havia sido reeleito para o cargo, foi convidado por Dilma para ser o ministro da Integração Nacional, função que exercera durante a gestão de Luiz Inácio Lula da Silva. Dilma estava montando a equipe para o seu primeiro governo. Ciro disse não ter interesse no posto e expôs preferir o Ministério da Saúde. Acabou ficando sem nenhuma das pastas.
  • Luiza Trajano: a empresária, dona da rede Magazine Luiza, foi formalmente convidada por Dilma para comandar a Secretaria da Micro e Pequena Empresa, em agosto de 2011. A pasta ainda não havia sido criada – se instituída, se tornaria o 39º do governo da petista. Trajano declarou estar "lisonjeada" com o convite, disse que iria pensar, mas a nomeação acabou não evoluindo: Dilma destinou o cargo ao então vice-governador paulista Guilherme Afif Domingos. Filiado ao PSD, ele fazia com que mais um partido se somasse à base aliada da petista.
  • Ministério "test drive": no início de 2014, Dilma nomeou uma espécie de "ministério provisório", como revelou reportagem da Folha de S. Paulo à época. O objetivo da presidente era testar os indicados para ver se eles teriam condição de se tornarem efetivos no caso de um segundo mandato da petista, o que acabou ocorrendo. Entre os "provisórios", estavam Aloizio Mercadante (Educação) e Arthur Chioro (Saúde).