O relator da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2024, o deputado Danilo Forte (União Brasil-CE)| Foto: Vinicius Loures/Câmara dos Deputados
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O relator da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2024, o deputado Danilo Forte (União Brasil-CE), disse que o governo Lula “ainda quer controlar o Parlamento pelo toma lá, dá cá”. O deputado também disse que o governo não tem estratégia, age para “ficar bem” com a opinião pública e “está jogando bola nas costas do [Fernando] Haddad”, ministro da Fazenda.

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“A afirmação da autonomia do Parlamento passa pela construção da peça orçamentária. No futuro, nós queremos, inclusive, avançar no modelo alemão, que distribui as emendas por partido. Mas o governo ainda quer controlar o Parlamento pelo toma lá, dá cá. E, quando mantém essa visão equivocada, as crises retornam e o poder de barganha também muda de lado”, disse o deputado ao responder sobre a relação do Congresso com o presidente Lula (PT) em entrevista concedida ao jornal O Estado de São Paulo (Estadão), nesta segunda-feira (27).

Questionado sobre o vício do “toma lá, dá cá” praticado entre governo e Congresso nas negociações de matérias importantes, o deputado Danilo Forte disse que a solução seria o parlamentarismo.

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“Em todas as democracias do mundo é natural que o Parlamento se imponha diante do debate na relação com o Executivo. É por isso que eu defendo o parlamentarismo. Essas crises continuadas, que nós vivemos, só vão acabar quando mudarmos o regime de governo. Aqui vivemos um presidencialismo manco”, afirmou.

Ao falar sobre a insatisfação nos bastidores do Congresso com a pauta de votações definida pelo colégio de líderes sob influência do governo, Danilo Forte disse que a agenda “é feita de cima para baixo” e que o “debate no plenário está muito tolhido”.

“O colégio de líderes precisa entender que você não pode criar uma elite política que se distancia da base [...] Agora mesmo estamos num dilema muito grande com essa votação do Mover, que é um programa importante para a indústria automobilística. Mas, desde o momento em que se discutiu a possibilidade da taxação dos produtos importados de até US$ 50, você está paralisando uma decisão em função de outra. Só que não pode o governo querer ser governo e querer ser oposição. O governo quer usufruir da receita e, ao mesmo tempo, dizer que é contra a taxação”, afirmou.

Para Danilo Forte, o governo Lula “está jogando bola nas costas" do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, quando age com contradição ao pressionar por mais arrecadação e ao mesmo tempo defender a isenção de impostos sobre as compras internacionais de até US$ 50.

“No mínimo, para ser educado. O governo Lula está jogando bola nas costas do Haddad. E vai expor o plenário numa votação dessas? A votação foi adiada para esta semana. Por que a gente vai votar uma matéria dessas? Só se o governo assumisse sua responsabilidade. Ninguém pode ser prejudicado em função de uma manobra eleitoreira”, disse.

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O União Brasil, partido ao qual Danilo Forte é filiado, faz parte da base governista.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]