O senador Rodrigo Cunha (Podemos-AL), relator do projeto que institui o Mover, negou ter sido convidado para disputar as eleições municipais em Maceió (AL) como vice do prefeito João Henrique Caldas (PL), conhecido como JHC. Cunha disse ainda que a exclusão da “taxa das blusinhas” do projeto não está relacionada a disputa eleitoral em Alagoas, reduto político do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).
Na semana passada, a Câmara firmou um acordo com o governo e aprovou a alíquota de cobrança de 20% sobre compras internacionais de até US$ 50. A taxação é considerada uma pauta impopular, principalmente em ano eleitoral.
Cunha assumiu a relatoria do projeto no Senado e retirou a taxação do texto. A iniciativa fez com que a votação, prevista para esta tarde, fosse adiada a pedido do líder do governo, senador Jaques Wagner (PT-BA).
Mais cedo, a CNN Brasil e a GloboNews informaram que Cunha teria sido convidado para ser o vice na chapa de JHC, que disputará a reeleição. O prefeito conta com o apoio de Lira no estado, mas a decisão sobre vice teria criado uma tensão entre os dois.
O relator afirmou que a exclusão da “taxa das blusinhas” é coerente com sua trajetória. “Sempre fui contra o aumento de impostos… Não tem nada a ver com o cenário político local de Alagoas”, disse Rodrigo Cunha em entrevista à GloboNews na noite desta terça-feira (4).
Questionado se já foi convidado para ser vice de JHC, Cunha negou, mas não descartou a possibilidade. Ele afirmou que “esse assunto será tratado no momento oportuno”.
“Sou o maior parceiro político de JHC, não é de hoje, é desde sempre, ele é um amigo, inclusive. Faço parte do mesmo grupo político. Não houve ainda esse convite, essa decisão. Tem outros fatores envolvidos”, ressaltou o relator do Mover.
Caso o convite para Cunha disputar o pleito em Maceió seja oficializado, ele deverá deixar o mandato e sua vaga no Senado será ocupada pela mãe de JHC, a ex-prefeita Eudócia Caldas (PL).
Cunha diz que acordo da Câmara não influenciará Mover no Senado
O relator reforçou que a taxação de compras internacionais até US$ 50 era um “jabuti”, ou seja, uma matéria estranha ao projeto inicial. Segundo ele, a proposta de taxação deve ser tratada separadamente. Cunha afirmou que o acordo firmado pelos deputados com o Executivo não vai influenciar na tramitação no Senado.
“Não vai ser um acordo firmado entre a Câmara e o governo que vai tirar a autonomia e a prerrogativa do Senado”, disse o relator à GloboNews.
Nesta tarde, Lira alertou que a votação do PL do Mover pode “cair”, caso os senadores excluam a “taxa das blusinhas”. “Não é fácil votar uma matéria quando ela tem uma narrativa antagônica de taxar blusinhas. Não estamos falando disso, estamos falando de emprego, de regulamentação de setor”, destacou Lira.
O senador disse que conversou com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, sobre a proposta. Além disso, ele afirmou que acatou as alterações sugeridas pelo vice-presidente e ministro da Indústria, Geraldo Alckmin, e pelo ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira.
Já o presidente da Câmara disse ter conversado com Haddad sobre as mudanças apresentadas por Cunha para o texto. Segundo Lira, Haddad negou ter feito um novo acordo com Cunha para retirar a taxação de importados do projeto.
Líderes do Senado não chegaram a um acordo sobre taxação
Os líderes partidários se reuniram após o adiamento da votação para tentar chegar a um acordo sobre a proposta. De acordo com Cunha, não houve entendimento. Ele pretende manter seu parecer sem a inclusão da "taxa das blusinhas".
A nova votação está marcada para a sessão desta quinta (5). “Não houve acordo. Não vou mudar o relatório. E vamos para o voto. Cada um que apresente a sua tese, aquela que tiver mais aderência sairá vencedora”, afirmou Cunha.
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