O relatório que marcará a conclusão dos trabalhos da CPI da Covid do Senado poderá propor o indiciamento de mais de 50 pessoas. A expectativa foi relatada pelo vice-presidente do colegiado, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), em entrevista coletiva após a sessão desta quarta-feira (6) da comissão.
O número apontado por Randolfe supera o quantitativo de investigados pela comissão, que tem menos de 40 citados — contando com o "reforço" de nomes incluídos nesta quarta, como os do jornalista Allan dos Santos, do empresário Otávio Fakhoury e do presidente do Conselho Federal de Medicina (CFM), Mauro Ribeiro.
Segundo Randolfe, a diferença se explica por causa de informações que a CPI ainda vai apurar. Ele e o senador Humberto Costa (PT-PE), que também participou da entrevista coletiva, apontaram que o colegiado aguarda a chegada de documentos e a conclusão dos relatórios setoriais, que foram distribuídos por diferentes integrantes da comissão, encarregados de operar temas distintos debatidos ao longo dos meses de investigação, como o tratamento precoce, os problemas com a vacinação, a influência do "gabinete paralelo" e outros. "Temos mais de uma semana antes da apresentação do relatório final", destacou Randolfe.
O relatório final será produzido pelo senador Renan Calheiros (MDB-AL). O senador disse, na terça-feira (5), que o presidente Jair Bolsonaro "com certeza" estará entre os indiciados. "Não podemos falar grosso na investigação e miar no relatório", afirmou. Calheiros estuda indiciar Bolsonaro por crimes como curandeirismo e charlatanismo, motivados pela defesa que o presidente faz do tratamento precoce, de epidemia e também de genocídio, por conta de políticas para a saúde pública aplicadas para a população indígena que, na visão do parlamentar, teriam sido mal-sucedidas.
A CPI deve votar o relatório de Calheiros no próximo dia 20. Um dia antes, o senador lerá o texto para os demais membros da comissão. As atividades encerrarão os trabalhos da CPI. Para Randolfe, entretanto, a comissão permanecerá ativa mesmo depois de seu término formal. O senador disse que ele e os demais membros da oposição a Bolsonaro que integram o colegiado "cobrarão providências" dos órgãos de controle que receberão o texto final da CPI.
Último depoimento da CPI
A CPI terá na quinta-feira (7) sua última sessão de depoimentos. Serão ouvidos o médico Walter Correa de Souza Neto, ex-funcionário da empresa Prevent Senior, e Tadeu Frederico de Andrade, beneficiário do plano.
A expectativa é que Souza e Andrade relatem à comissão mais episódios que comprometam a reputação da Prevent Senior. Souza deve falar sobre a pressão que ele e outros médicos que trabalharam para a companhia teriam sofrido para ministrar o "kit covid", conjunto de medicações sem eficácia comprovada contra a Covid-19. Segundo as acusações, a Prevent Senior obrigava seus médicos a indicar o kit, mesmo sem conhecimento prévio do paciente e em casos em que a aplicação das medicações era desfavorável.
Já o caso de Andrade ganhou notoriedade pelo fato de ele ter sobrevivido a uma internação por Covid-19, quando estava sob os cuidados da Prevent Senior, e após médicos da empresa sugerirem à sua família a adoção de cuidados paliativos — aqueles que são aplicados a pacientes já sem condições de cura.
A Prevent Senior entrou no radar da CPI nas últimas semanas e acabou se tornando o assunto prioritário na reta final dos trabalhos da comissão, à frente de temas como o "gabinete paralelo" e a suposta negligência do governo na vacinação contra a Covid-19. Foi o episódio que justificou a convocação do diretor-presidente da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), Paulo Rebello Filho, que falou à comissão nesta quarta. Ele disse à CPI que a ANS não havia sido formalmente informada sobre as irregularidades na empresa e anunciou uma intervenção da agência sobre a companhia.
Rebello também deu uma "palavra de continuidade" aos beneficiários do plano, ao dizer que a instituição manterá seus atendimentos. Na entrevista após a reunião da CPI, o senador Humberto Costa declarou que a comissão tem como preocupação direcionar uma eventual punição "ao CPF" dos responsáveis pela Prevent Senior, não à empresa em si. O parlamentar afirmou que a Prevent tem "boa saúde financeira" e que o patrimônio da companhia pode ser utilizado para pagar indenizações a vítimas e familiares.
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