O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) se viu na mira da esquerda ao receber aproximadamente R$ 17 milhões em doações de apoiadores. O montante foi arrecadado em uma vaquinha virtual e será destinado para o pagamento de dívidas processuais. Em publicação no Twitter, a presidente nacional do PT, a deputada federal Gleisi Hoffmann, criticou a captação feita pelo ex-mandatário, colocando em dúvida a legitimidade da quantia.
"É Mauro Cid [com] movimentações financeiras incompatíveis de R$ 3,2 milhões, Bolsonaro recebendo R$ 17,2 milhões via pix. Tudo isso em seis meses, 800 mil só na fuga para os EUA. Não pode ser só vaquinha pra pagar multa, né?!", disse a petista.
Mas Fabio Wajngarten, ex-secretário de Comunicação Social do governo Jair Bolsonaro (PL), explicou por meio das redes sociais que as transferências realizadas via pix foram voluntárias e que os recursos foram aplicados e separados para pagamento das multas aplicadas em Bolsonaro. Entretanto, as transferências só serão realizadas ao final dos processos, já que os "valores das multas estão sendo contestados e já tivemos reduções de condenações", afirmou.
Em uma dessas reduções, no mês de junho, a multa de R$ 43.635,00 por Bolsonaro não usar máscara durante a pandemia de Covid-19 caiu para R$ 524,59. Esse valor é o mesmo aplicado a casos similares no país.
Apesar das críticas a Bolsonaro, o PT já realizou diversas campanhas de arrecadação em prol do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e aliados presos no escândalo do mensalão, recebendo inclusive somas milionárias de apoiadores.
Em 2010, dirigentes da Confederação Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB) arrecadaram R$ 10 mil, o que corresponderia a cerca de R$ 21 mil nos dias de hoje, para pagar a multa imposta pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) a Lula. A multa foi aplicada ao presidente por ter feito propaganda eleitoral antecipada, durante o segundo mandato, em favor da candidata do PT ao Palácio do Planalto, Dilma Rousseff.
A campanha antecipada ocorreu em discurso durante a inauguração da sede do Sindicato dos Trabalhadores de Processamento de Dados e Tecnologia da Informação do Estado de São Paulo, no dia 21 de janeiro de 2010.
Vaquinhas para Genoino e Dirceu
Já em 2014, o PT organizou uma vaquinha para quitar a multa de R$ 468 mil que foi imposta ao ex-deputado José Genoino, condenado no julgamento do mensalão. As doações foram organizadas pelo então presidente estadual do PT de São Paulo, Emídio de Souza.
“Genoíno não tem condições de arcar sozinho com essa pena imposta pela Justiça. Ele não tem sequer bens que possam ser penhorados. É mais do que justo que a militância do partido se mobilize para ajudá-lo”, disse na época o então secretário-geral do PT, o deputado Paulo Pimenta.
Ex-ministro da Casa Civil no primeiro governo Lula, José Dirceu também esteve envolvido no esquema do mensalão e foi preso em novembro de 2013, depois de ter sido condenado por corrupção ativa pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Devido às dívidas do processo, os petistas realizaram uma vaquinha em 2014 para ele, para o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares e para o ex-deputado João Paulo Cunha – condenados pelo Supremo no caso do mensalão. Os valores das multas somadas chegaram a aproximadamente R$ 1,8 milhão.
Confira o valor das multas de cada um dos petistas condenados:
- José Dirceu: R$ 676 mil
- José Genoino: R$ 468 mil
- João Paulo Cunha: R$ 370 mil
- Delúbio Soares: R$ 325 mil
Para juntar parte do dinheiro, petistas realizaram na época um jantar com convites a R$ 100, R$ 200, R$ 500 e R$ 1 mil. Os organizadores batizaram o evento de "Jantar 470", numa referência ao número da ação penal do mensalão no STF. O jantar foi realizado em um restaurante no Lago Norte, em Brasília, especializado em galetos. O valor total arrecadado não foi informado.
Vaquinha para pagar dívidas processuais de Lula
Anos depois, o PT também contou com apoio em uma vaquinha em 2018, ano em que Lula estava preso e inelegível. O petista não pôde disputar as eleições com o então candidato Jair Bolsonaro, à época no PSL, que foi eleito presidente da República. A arrecadação foi feita para pagar dívidas processuais de Lula.
Com o slogan “Lula: o Brasil feliz de novo”, no primeiro dia de arrecadação, a legenda obteve R$ 44.891 de 556 doadores. Os valores variavam de R$ 10 a R$ 1.064.
Com o fim do financiamento privado, o financiamento coletivo foi aprovado na reforma política de 2017.
PT também fez arrecadação para festa da posse de Lula
Após ganhar a disputa pelo Planalto nas últimas eleições, o PT organizou uma campanha de arrecadação popular para financiar a festa da posse em 1º de janeiro de 2023.
Na época, a sigla afirmou que as doações seriam direcionadas para cobrir os gastos de transporte e de logística do público, além do alojamento, acolhimento, montagem da estrutura dos palcos e reforço de segurança. Os valores de doação variavam de R$ 13 a R$ 1.064. O montante arrecadado não foi divulgado.
Jantar com ingressos a até R$ 20 mil no aniversário do PT
Em comemoração aos 43 anos de fundação, o PT realizou em fevereiro deste ano um jantar com convites a até R$ 20 mil. A sigla justificou o evento alegando que o investimento seria para "fortalecimento" da legenda.
Foram disponibilizados convites em cinco faixas de preço: R$ 500, R$ 1 mil, R$ 5 mil, R$ 10 mil e R$ 20 mil. O jantar foi realizado no Espaço Porto Real - Beira Lago, uma casa de shows em Brasília.
O evento reuniu cerca de 700 pessoas e o PT estimou ter arrecadado entre R$ 800 mil e R$ 1 milhão com a festa, de acordo com informações da CNN Brasil.
Triângulo Mineiro investe na prospecção de talentos para impulsionar polo de inovação
Investimentos no Vale do Lítio estimulam economia da região mais pobre de Minas Gerais
Conheça o município paranaense que impulsiona a produção de mel no Brasil
Decisões de Toffoli sobre Odebrecht duram meses sem previsão de julgamento no STF