Após semanas de tensão em meio a divergências, Luiz Henrique Mandetta foi demitido do Ministério da Saúde pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) nesta quinta-feira (16). Seu substituto já foi escolhido: será o médico oncologista Nelson Teich.
Apesar de esperada, a demissão de Mandetta já está repercutindo, assim como a nomeação de Teich. Veja as principais manifestações.
A repercussão da saída de Mandetta
Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidente da Câmara dos Deputados
Durante a sessão desta quinta-feira (16), que vota a ampliação do auxílio emergencial a trabalhadores informais, Rodrigo Maia comentou a demissão de Mandetta. Maia falou em homenagem ao ex-ministro, por sua dedicação, trabalho, competência e capacidade de compreensão do problema e de construir soluções com diálogo. "Tenho certeza que, com a decisão confirmada no Diário Oficial, o ministro Mandetta deixa um legado, uma estrutura, para que o Brasil possa, em conjunto, o governo federal, os estados e os municípios tenham condições de atender, sobre a base do que foi construído pelo ministro Mandetta, da melhor forma possível a sociedade brasileira, principalmente os brasileiros que precisam do SUS".
Congresso Nacional - nota conjunta de Rodrigo Maia e Davi Alcolumbre (DEM-AP)
Os presidentes da Câmara e Senado, Rodrigo Maia e Davi Alcolumbre, emitiram uma nota conjunta em nome do Congresso Nacional. "O trabalho responsável e dedicado do ministro foi irreparável. A sua saída, para o País como um todo, nesse grave momento, certamente não é positiva e será sentida por todos nós. A maioria das brasileiras e dos brasileiros espera que o presidente Jair Bolsonaro não tenha demitido Mandetta com o intuito de insistir numa postura que prejudica a necessidade do distanciamento social e estimula um falso conflito entre saúde e economia", diz o texto.
Eles também fazem menção ao novo ministro, Nelson Teich. " O Congresso Nacional espera que o novo ministro, Nelson Teich, dê continuidade ao bom trabalho que vinha sendo desempenhado pelo Ministério da Saúde, agindo de forma vigorosa, de acordo com as melhores técnicas científicas. A vida e a saúde dos brasileiros devem ser sempre nossa maior prioridade. O Congresso Nacional deseja êxito ao novo ministro em sua enorme responsabilidade e imenso desafio. O Parlamento faz um apelo à união e ao bom senso dos poderes da República a fim de que, juntos, possamos somar esforços contra o verdadeiro inimigo público da Nação, que é a pandemia da Covid-19".
Simone Tebet (MDB-MS) - senadora, presidente da CCJ
Simonte Tebet foi ao Twitter elogiar o trabalho de Mandetta.
PSDB
Em seu perfil no Twitter, o PSDB considerou temerária a demissão de Mandetta, "que vinha realizando trabalho respeitável à frente da pasta". Também foi deixada uma mensagem ao novo ministro. "Cabe ao sucessor ter a sabedoria de continuar trilhando o caminho orientado pelos médicos, pelas evidências científicas, por especialistas, sem se cegar por ideologias. Para a tranquilidade da sociedade e a superação em breve do imenso desafio que ameaça milhões de famílias brasileiras"
Associação Médica Brasileira (AMB)
A Associação Médica Brasileira (AMB) divulgou uma nota de apoio à escolha do oncologista Nelson Teich para assumir a pasta. A AMB participou de uma audiência, entre a manhã e o início da tarde desta quinta-feira (16) com o presidente Jair Bolsonaro e com Teich, quando o oncologista teria causado uma boa impressão no presidente e foi decidido que ele assumiria o cargo após semanas de desavenças entre Mandetta e Bolsonaro.
Em nota a AMB disse que "os problemas da saúde no Brasil e os impactos do coronavírus foram abordados" e que Teich recebeu o apoio da associação por "seu perfil altamente técnico, importante para o momento atual". O presidente da AMB, Lincoln Lopes Ferreira, declarou que Teich tem o total apoio e simpatia da associação. "Respeitado na classe médica, eminentemente técnico, gestor e altamente preparado para conduzir o ministério da Saúde", disse na nota.
Repercussão internacional
Veículos estrangeiros repercutiram a demissão de Luiz Henrique Mandetta.
Com o título "Bolsonaro demite popular ministro da Saúde após disputa sobre resposta ao coronavírus", o jornal britânico The Guardian afirmou que, enquanto o ministro defendia o isolamento social, o "presidente de extrema-direita" minimizou o impacto do coronavírus. Para a publicação, a demissão de Mandetta tem "potencial para causar uma grande revolta pública".
O americano Washington Post também destacou a disputa entre Mandetta e Bolsonaro. Na matéria Bolsonaro despede o ministro da Saúde, Mandetta, após diferenças sobre a resposta ao coronavírus o jornal narra os embates entre ministro e presidente - destacando a declaração de Bolsonaro de que o vírus seria "uma gripezinha". "O esforço (de Bolsonaro) para reiniciar a economia iniciou um confronto direto com Mandetta, que se tornou uma voz de resistência dentro do governo", afirmou o jornal.
O argentino Clarín considerou a medida "esperada", já que o presidente vinha mantendo "curtos-circuitos" com Mandetta "há várias semanas". "A medida era esperada, mas envolve enormes riscos políticos e de saúde", diz a publicação, "já que se espera que o país entre no momento mais agudo da pandemia de coronavírus em breve". O jornal também destacou reações locais, com panelaços em diferentes cidades do Brasil.
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