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O sócio-fundador do Instituto Socioambiental (Isa), e ex-presidente da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), Márcio Santilli, criticou a demora do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em homologar novas terras indígenas (TIs). A crítica veio após o dia internacional dos povos indígenas, no dia 9 de agosto, momento em que eram esperados os anúncios de que mais terras indígenas seriam homologadas. Santilli é aliado de Lula.
O registro de insatisfação também está inserido no contexto da possibilidade de votação do projeto de lei do marco temporal para demarcação de terras indígenas na Comissão de Agricultura e Reforma Agrária (CRA) do Senado. A votação está na pauta da CRA desta quarta-feira (16).
Eleito com a promessa de dar atenção especial para a questão indígena, Lula tem deixado o assunto em segundo plano. Embora houvesse, no começo do governo, a sinalização de homologação de pelo menos 14 terras indígenas, até o momento, somente seis foram assinadas por Lula.
Em artigo publicado na Folha de S. Paulo, o sócio-fundador do Isa criticou, em especial, a Casa Civil, que, segundo ele teria alegado que a coincidência do dia internacional dos povos indígenas com o final da Cúpula da Amazônia, que ocorreu nos dias 8 e 9 de agosto, tornava impróprios os anúncios. “Na verdade, imprópria é a vacilação da Casa Civil diante de manifestações extemporâneas contrárias a esses decretos. O receio é que ela signifique ignorância sobre o processo administrativo de demarcação”, pontuou Santilli.
O ex-presidente da Funai ainda colocou em “dúvida a vontade política do governo e o compromisso do presidente Lula para resolver, de uma vez por todas, as pendências ainda existentes sobre cerca de um terço das TIs com processos abertos na Funai”.
O Isa é uma das entidades investigadas na CPI das ONGs, do Senado. Em uma das sessões do colegiado, um indígena ouvido pelos senadores disse que a "ONG fatura milhões com a venda de cogumelos enquanto yanomamis morrem por inanição". O Isa nega as irregularidades e afirma em seu site que “os recursos provenientes da venda dos cogumelos são integralmente destinados às comunidades Yanomami produtoras”.