A Comissão Parlamentar de Inquérito das ONGs ouviu nesta terça-feira (3) o depoimento de Eduardo Humberto Ditt, diretor executivo do Instituto de Pesquisas Ecológicas (IPE). A comissão investiga "atividades fraudulentas" de organizações não governamentais na Região Amazônica.
A ONG, com sede no município de Nazaré Paulista, teria participado da criação do Mosaico de Áreas Protegidas no Baixo Rio Negro, que faz a gestão integrada de diversas unidades de conservação próximas.
Durante a audiência, os senadores questionaram as doações de milhões de reais de governos estrangeiros à ONG. O presidente da CPI, senador Plínio Valério (PSDB- AM), apresentou relatórios da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), que questionam o fato de ONGs como o IPE receberem, todos os anos, dezenas de milhões de reais de órgãos de governos estrangeiros, como o Usaid (United States Agency for International Development), vinculado ao governo dos Estados Unidos.
Ditt confirmou que o IPE já recebeu recursos dessa agência e de outros governos estrangeiros, mas que as auditorias dessas contas são "muito criteriosas" e, no seu entender, comprovam que os recursos foram aplicados em ações mitigadoras do aquecimento global.
Os parlamentares também criticaram a falta de acessibilidade em boa parte da região Amazônica, que são barradas muitas vezes pelas próprias organizações
"Regiões do Rio Negro não precisam da construção de estradas", disse o dirigente da ONG.
A declaração de Ditt não agradou os senadores e em reação à fala, o presidente da CPI exibiu um vídeo de indígenas koripako que passam dias navegando em embarcações precárias, que frequentemente ficam atracadas e dormem ao relento para que possam ter acesso a cidades próximas.
"Uma estrada de 16 Km acabaria com essas cenas dantescas, humilhantes! Fica difícil um turista se submeter ao que os índios são obrigados a se submeterem. Alguém defender turismo sem estradas nessa região ou é contraditório, ou é falta de conhecimento", criticou Plínio.
Na audiência, o relator e o presidente também criticaram o fato de as ONGs, muitas vezes, entrarem na Justiça embargando obras de infraestrutura na Amazônia, como a construção de hidrelétricas, estradas, pontes, entre outros. Para eles, o modelo do chamado "desenvolvimento sustentável" só tem aumentado a pobreza.
Recursos estrangeiros
A doação de volumosos recursos financeiros para as ONGs da Amazônia, por parte de governos estrangeiros, como Noruega e Alemanha, são apontadas como "preocupantes" pelo relator da CPI, Márcio Bittar (União-AC).
Bittar questionou o dirigente do Instituto por ter recebido R$ 45 milhões do governo da Noruega, país que vive, de acordo com o relator, da exploração de petróleo e da consequente emissão de gás carbônico (CO2) em grande volume na atmosfera.
"A Noruega sozinha polui muito mais que a Amazônia inteira, e as ONGs não falam nada! Claro, quem paga manda", criticou o senador.
Em resposta às críticas, Ditt apenas disse que "cabe à comunidade internacional, nas múltiplas negociações multilaterais em torno do aquecimento global, cobrarem que os grandes poluidores diminuam suas emissões".
Com informações da Agência Senado
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