O governador do estado de Goiás e uma das vozes que vem começando a tomar corpo na centro-direita, Ronaldo Caiado (União-GO), defendeu que o União Brasil tenha um candidato próprio na sucessão presidencial das eleições de 2026. O partido aderiu parcialmente à base do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ainda durante a transição de governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em troca de espaço na Esplanada dos Ministérios.
O União Brasil detém três ministérios de Lula, como Celso Sabino (Turismo) e Juscelino Filho (Comunicações) além de ter indicado Waldez Góes (Integração e Desenvolvimento Regional), que é do PDT mas entrou na Esplanada na cota do partido pela coalizão montada pelo presidente para conseguir algum apoio a mais no Congresso.
A coalizão ainda vem sendo salva por Lula após os sucessivos escândalos envolvendo Juscelino Filho, como o uso de avião oficial da Força Aérea Brasileira (FAB) para compromissos pessoais, pagamentos de diárias de viagens sem justificativa, encaminhamento de recursos de emendas parlamentares para a região onde a família detém propriedades no Maranhão, entre outras.
Mesmo com todos esses afagos de Lula, Caiado afirma que o União Brasil é grande demais para não ter um protagonismo maior na política – e isso inclui ter um candidato próprio na sucessão presidencial. Apenas na Câmara, o partido tem a terceira maior bancada, com 59 deputados, além de 9 senadores, a quarta maior.
“O partido não pode se omitir. Em um momento como esse (eleição de 2026), o partido tem que ter uma opção partidária para poder debater o processo de 2026”, disse em entrevista recente ao Correio Braziliense.
Se confirmado que o partido deve lançar um candidato próprio em 2026, será a segunda tentativa de chegar à presidência da República desde que foi criado em 2021. Na eleição do ano passado, o União Brasil lançou a senadora Soraya Thronicke na disputa pelo cargo, terminando a corrida ainda no primeiro turno com 0,51% dos votos – conseguiu 600,9 mil (veja aqui).
O próprio Ronaldo Caiado é visto internamente como um nome forte que poderia disputar a presidência da República em 2026 concorrendo com Lula e outro nome da direita – se especula que Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP) pode tentar ficar com o espólio de Bolsonaro se for mantida a inelegibilidade dele. Pesquisas recentes apontam que, pelo menos para os eleitores goianos, Caiado bateria Lula na disputa.
“O meu nome é citado, eu não só fico honrado, como também jamais me omiti em dizer que vou trabalhar para que no amanhã, tendo a confiança do partido e construindo alianças partidárias, possa disputar uma eleição. Acho também que há vários colegas que podem se colocar, essa é uma decisão da convenção nacional do partido”, ressaltou.
O nome de Caiado passou a ser citado internamente após a convenção nacional do partido, realizada em fevereiro, determinar a saída de Luciano Bivar da presidência para dar lugar a Antônio Rueda. O goiano foi, então, alçado ao cargo de curador da Fundação Índigo, que faz estudos políticos para a legenda e é presidida por ACM Neto (União-BA).
Caiado explicou que a gestão de Bivar, embora tenha lançado Soraya à presidência, não conseguiu consolidar a fusão que levou à criação do União Brasil, envolvendo o Democratas e o PSL. E, por isso, o partido precisou passar por uma reestruturação.
Bivar levou o partido para a base governista de Lula mesmo tendo desafetos ao presidente nos quadros, como o senador Sergio Moro (União-PR). “Nós não tínhamos essa junção, essa harmonia para o debate”, afirmou.
“Da maneira como ela (a executiva do partido) foi comandada pelo Bivar, não tinha uma pauta, uma consulta prévia, uma resolução conjunta de como se comportar diante de problemas que são partidários, não são de ordem pessoal, são do partido”, disparou Caiado.
Apesar de se colocar como candidato do partido para a sucessão presidencial de 2026, Ronaldo Caiado reconhece que a oposição a Lula poderá ter vários nomes, mas que isso é algo ainda a ser construído. Ele considera que a direita tem muitos partidos com pensamentos diversos, o que torna difícil prever a decisão que deve ser tomada até lá.
“Num primeiro momento, você não consegue aglutinar todas as forças [da direita] numa única candidatura. Não se sabe como os partidos irão se ajeitar num primeiro momento. Haverá alianças entre dois ou três partidos? Se sim, ótimo. Uma pulverização maior já dificulta a nós saber. Tudo na política demora a acontecer”, completou.
Para o governador goiano, as eleições municipais de 2024 significarão um momento importante para as forças partidárias no país, em que o ex-presidente Bolsonaro terá um papel crucial para eleger prefeitos do PL e de legendas da oposição.
“Ele vai sair a campo em todas as cidades que ele puder caminhar. Não se pode descartar a força política que ele tem nessas regiões que ele escolher para atuar na campanha para as prefeituras”, finalizou.
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