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Ronnie Lessa diz que aceitou matar Marielle por “ganância” após proposta de irmãos Brazão
A vereadora do Rio Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes foram assassinados em março de 2018.| Foto: Renan Olaz/CMRJ.

O ex-policial militar Ronnie Lessa afirmou nesta terça-feira (27) que aceitou matar a vereadora do Rio Marielle Franco (Psol) por “ganância”. Lessa foi ouvido por videoconferência pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Ele está preso na penitenciária de Tremembé, em São Paulo.

Lessa fechou um acordo de delação premiada e afirmou que foi contratado pelos irmãos Domingos e Chiquinho Brazão para executar o crime. Essa é a primeira vez que o ex-policial fala sobre o caso após a delação.

Além da vereadora, o motorista Anderson Gomes também foi assassinado durante a ação, em 2018. Lessa confessou ter feito os disparos que atingiram os dois.

Na oitiva, ele manteve a versão apresentada durante a colaboração e voltou a dizer que os irmãos Brazão prometeram a exploração de lotes na Zona Oeste do Rio de Janeiro como pagamento pelo crime, que renderia R$ 25 milhões.

"Aquilo ali [possibilidade de ficar rico] me deixou impactado, me deixei levar ali. Foi ganância, me deixei levar. Eu nem precisava, realmente. Eu estava numa fase muito tranquila da minha vida. Minha vida já pronta, e eu caí nessa asneira. Foi ganância mesmo. Uma ilusão danada que eu caí", afirmou Lessa.

A defesa do ex-policial pediu que o depoimento não fosse acompanhado pelos irmãos Brazão. "Havia um pacto de silêncio e gostaria que isso fosse respeitado. É tudo muito delicado. Não estamos lidando com pessoas comuns. São pessoas de alta periculosidade, assim como eu fui. São muito perigosos, mais do que se possa imaginar", disse Lessa.

O juiz instrutor Airton Vieira, do gabinete do ministro Alexandre de Moraes, relator do caso, atendeu ao pedido. Apenas os advogados dos réus acompanharam as declarações de Lessa.

Irmãos Brazão queriam dar "pancada" no Psol, afirma Lessa

Durante a audiência, o ex-policial disse que Marielle era vista como “uma pedra no sapato” pelos Brazão, porque iria combater o loteamento conduzido pela milícia.

“Aonde fosse a milícia, ela iria bater de frente, ela virou uma pedra no caminho. A partir desse momento, é o decreto de morte dela”, relatou o ex-policial. Além disso, segundo o delator, os Brazão queriam dar uma “pancada” no Psol.

"A Marielle teve a infelicidade, ao meu ver, de aparecer negativamente para eles. Parecia que eles queriam dar uma pancada no Psol", disse Lessa.

Lessa relatou suposta influência dos Brazão na polícia

O delator afirmou que Domingos e Chiquinho tinham influência na Polícia Civil do Rio e falavam que tinham a "polícia na mão". Segundo ele, os dois demonstravam "respeito" ao citar o o ex-chefe da Polícia Civil no Rio, Rivaldo Barbosa, que também é réu no processo e acusado de planejar o crime e dificultar as investigações.

"Eles falavam de Rivaldo Barbosa, demonstravam muito respeito pelo Rivaldo. Uma coisa diferenciada", afirmou Lessa. Em maio, Moraes manteve a prisão do delegado por considerar que a "periculosidade" do ex-chefe da polícia do Rio "está amplamente demonstrada nos autos". Barbosa nega qualquer vinculação com os irmãos Brazão.

Domingos e Chiquinho Brazão negam participação na morte de Marielle

Em julho, os irmão Brazão participaram de uma audiência na Câmara dos Deputados e alegaram ser "vítimas" de uma suposta armação. Domingos disse que não chegou a conhecer a vereadora.

Já Chiquinho afirmou que mantinha uma relação “maravilhosa” com Marielle quando os dois atuaram na Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro.

“Não estamos envolvidos em nada. Somos vítimas de acusação de um réu confesso para obter benefícios, não sabemos nem por quê, ele está provavelmente protegendo alguém”, disse Chiquinho Brazão em referência à delação de Lessa.

Prisão e processo no STF

Em 24 de março deste ano, a Polícia Federal deflagrou a Operação Murder Inc. Na ocasião, foram presos o ex-chefe da Polícia Civil do Rio Rivaldo Barbosa, o deputado federal Chiquinho Brazão (sem partido-RJ), e o irmão dele, Domingos Brazão, que era conselheiro do Tribunal de Contas do Rio de Janeiro.

Eles são acusados de serem os mandantes do crime. Em junho, a Corte tornou os três réus, também estão respondendo pelo crime: o major da Polícia Militar Ronald Paulo de Alves Pereira; e Robson Calixto Fonseca, ex-assessor de Domingos. Eles estão presos e negam envolvimento no crime.

O processo tramita no STF e as oitivas de testemunhas fazem parte da etapa chamada de instrução da ação penal, em que são levantadas provas e ouvidas pessoas envolvidas no caso. Com informações da Agência Brasil.

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