Para atender à demanda com os saques do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), a Caixa avisou seus funcionários que vai adiar parte dos desligamentos previstos no programa de demissão voluntária (PDV). De acordo com fontes, o anúncio foi feito na semana passada pelos vice-presidentes Valter Nunes (Distribuição, Atendimento e Negócios) e Roney de Oliveira Granemann (Gestão de Pessoas) por meio de vídeo.
O programa de demissão do banco público, aberto no fim de maio, havia conseguido a adesão de 3,5 mil funcionários. A Caixa pediu para adiar a saída de cerca de 2 mil, todos eles atendentes em agências. Muitos já estavam com o dia marcado para a saída.
A decisão gerou polêmica e transtornos. Alguns funcionários estão buscando aconselhamento jurídico sobre o tema. Essa pressão pode fazer com que o presidente da Caixa, Pedro Guimarães, volte atrás na decisão, avalia uma fonte.
“Nunca vi tanto desrespeito com os empregados em 30 anos de empresa. O cancelamento do PDV chega a parecer piada de mau gosto. Como se a decisão de cada empregado que aderiu ao programa não tivesse sido pensada e repensada. Como se não tivéssemos projetos pessoais após a opção pelo desligamento”, reclamou uma funcionária na rede interna do banco. A Caixa foi procurada, mas preferiu não se manifestar.
O grande fluxo esperado pelas agências da Caixa após a liberação do saque e como o banco iria operacionalizar os atendimentos foi um dos motivos para o adiamento do anúncio da medida pelo governo.
O governo anunciou na semana passada a liberação de saques de até R$ 500 de contas ativas – referentes a contratos de trabalho atual – e inativas do FGTS neste ano. O limite é por conta. Ou seja, se o trabalhador tiver uma conta ativa e uma inativa, poderá sacar R$ 1 mil.
A projeção do governo é que os saques do FGTS e também do PIS-Pasep (cujo calendário de liberação começa em agosto) movimentem R$ 42 bilhões na economia até 2020.
Hoje há cerca de 260 milhões de contas ativas e inativas no FGTS. Desse total, cerca de 211 milhões (80%) têm saldo de até R$ 500. Segundo o governo, 96 milhões de brasileiros serão beneficiados.
No governo Michel Temer, foi permitido o saque de contas inativas do FGTS. De acordo com a Caixa, os saques somaram R$ 44 bilhões, com 25,9 milhões de trabalhadores beneficiados.