O sarampo se espalha pelo país. Da semana passada para cá, subiu de quatro para 11 o número de estados que registraram casos da doença. No boletim divulgado nesta terça-feira (20), o Ministério da Saúde contabiliza 1.680 casos entre 19 de maio e 10 de agosto, sendo que 1.662 são concentrados no estado de São Paulo. As demais infecções foram registradas no Rio de Janeiro (6), Pernambuco (4), Bahia (1), Paraná (1), Goiás (1), Maranhão (1), Rio Grande do Norte (1), Espírito Santo (1), Sergipe (1) e Piauí (1). Até o momento não há mortes confirmadas.
Com o aumento das infecções, o Ministério da Saúde expandiu a recomendação da vacina a todos os bebês de 6 meses a um ano, a faixa etária mais suscetível a casos graves e óbitos. Essa medida preventiva deve alcançar 1,4 milhão de crianças, que não receberam a dose extra, chamada de “dose zero”, além das previstas no Calendário Nacional de Vacinação, aos 12 e 15 meses.
“Nós estamos preocupados com essa faixa etária porque em surtos anteriores foram as crianças menores de um ano que evoluíram para casos mais graves e óbitos”, informou o secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Wanderson Oliveira. O Ministério enviará 1,6 milhão de doses a mais para os estados.
No dia 6 de agosto, o governo havia lançado um mutirão, que vai até 31 de agosto, com foco nas crianças com mais de 1 ano e menores de 5 anos. A meta é vacinar mais de 11,2 milhões de crianças em todo o país. Batizada de dose zero, essa aplicação não dispensa as vacinas regulares, aplicadas aos 12 e 15 meses. Essa seria uma dose para dar proteção adicional.
A Secretaria de Saúde de São Paulo, o estado mais afetado pelo surto, divulgou um boletim nesta terça-feira (20) informando que desde o começo do ano há 1.797 casos confirmados no estado, sendo que 73% se concentram na capital, com 1.314 casos. O governo estadual lançou uma campanha de vacinação para bebês com idades entre 6 meses e um ano em 74 cidades.
Desde o começo do ano, o Ministério da Saúde já enviou para os estados 10,5 milhões de doses da vacina tríplice viral, que protege contra sarampo, caxumba e rubéola. Esse quantitativo é para atender a vacinação de rotina, prevista no Calendário Nacional de Vacinação, e para intensificar a vacinação de crianças de seis meses a 11 meses e 29 dias de idade. Desse total de vacinas, 71% foi enviado para o estado de São Paulo, que concentra 99% dos casos de sarampo no país. A vacina é a principal forma de tratamento do sarampo.
O Ministério também pediu a empresa Bio-Manguinhos, que produz a vacina, o aumento da entrega de doses. Para que isso seja feito, o laboratório terá de reduzir a produção de vacina contra febre amarela. Serão preparadas 26 milhões de doses para sarampo – 12 milhões já foram entregues. Embora o sarampo tenha ressurgido no país no ano passado, a cobertura vacinal está bem abaixo do que seria considerado ideal. "(A doença) é muito difícil de se controlar rapidamente", afirma o pesquisador da Fiocruz, Cláudio Maierovitch.
Surto chegou da Europa
A Organização das Nações Unidas (ONU) está em alerta por causa do aumento de casos de sarampo. Segundo a entidade, as infecções no mundo triplicaram no primeiro semestre desse ano em comparação com o mesmo período do ano passado. Ao todo, 98 países reportaram mais casos em 2018 do que em 2017, impedindo os avanços contra essa doença fácil de prevenir, mas com grande potencial de morte.
Nesse ano, 182 países notificaram 364 mil casos de sarampo à Organização Mundial da Saúde (OMS). Ucrânia, Filipinas e Brasil tiveram os maiores crescimentos no número de casos da doença na comparação entre 2017 e 2018. De acordo com a prefeitura de São Paulo, os primeiros casos na capital paulista surgiram a partir de fevereiro, importados da Noruega, Malta e Israel.