Após quase sete horas de reunião, os chanceleres da Guiana e Venezuela terminaram a reunião em Brasília, nesta quinta-feira (25), sem um consenso sobre a disputa que os dois países têm travado sobre Essequibo. Por outro lado, os representantes afirmaram que a paz deve nortear as negociações. Os dois países enfrentam um clima de tensão nos últimos meses depois que o ditador venezuelano, Nicolás Maduro, passou a reivindicar e ameaçar uma ocupação forçada da região de Essequibo, território rico em petróleo e recursos naturais que pertence à Guiana.
Intermediado pelo ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, os chanceleres da Guiana, Hugh Hilton Todd, e Venezuela, Yvan Gil, afirmaram que estão em busca de um meio “pacífico” para decidir sobre a disputa. Em coletiva de imprensa após a reunião, Vieira salientou a necessidade de encontrar uma solução por meio do diálogo entre as duas partes.
“Na reunião de hoje, Venezuela e Guiana expressaram seus entendimentos acerca do compromisso assumido na Declaração de Argyle. Comprometeram-se, reconhecido a diferença de lado a lado, a seguir dialogando com base nos parâmetros estabelecidos pela declaração”, disse o ministro brasileiro. A declaração citada por Vieira foi assinada no último dia 14 de dezembro, quando Caracas e Georgetown assumiram o compromisso de fazer reuniões com a intenção de tratar o impasse sobre Essequibo de forma pacífica. O Brasil se colocou como intermediador desses debates.
O chanceler venezuelano, Yvan Gil, chamou o encontro de “triunfo da diplomacia” e afirmou que Nicolás Maduro está disposto a chegar a uma solução amigável para resolver a diferença com a Guiana. “Nenhuma parte vai recorrer à ameaça ou uso das forças [...] Maduro está disposto a buscar alternativas que permitam encontrar uma solução mutualmente aceitável para os dois países”, afirmou.
Gil também disse que a Venezuela “rechaça” a “possibilidade de que terceiros possam interferir e se beneficiar de eventuais conflitos em ambos os países”. A declaração ocorreu depois que os Estados Unidos e Reino Unido se puseram à disposição de fornecer ajuda à Guiana no caso de Caracas decidir invadir o país.
Guiana quer respaldo internacional na disputa
Por outro lado, o chanceler da Guiana, Hugh Hilton Todd, afirmou que o país vai seguir suas determinações apoiado no direito internacional e na Corte Internacional de Justiça (CIJ). “A Guiana está fazendo trabalhando duro para resolver a controversa com a Venezuela através do direito internacional e do diálogo”, disse.
Em dezembro, Nicolás Maduro promoveu um referendo entre os venezuelanos para medir a “opinião” popular sobre o desejo do autocrata de anexar a região de Essequibo à Venezuela. Em uma das perguntas feita aos eleitores, o ditador questionava qual era a opinião do público sobre a possibilidade de o governo não seguir determinações da CIJ sobre o território.
“Acreditamos nas regras do direito internacional e nos acordos. Acreditamos em resolver todos os problemas pacificamente”, pontuou o chanceler guianense. "Estamos confiantes de que, na próxima reunião, vamos avançar na discussão e diálogo, com o compromisso de paz em todo o continente", disse.
Todd ainda disse que o conflito com a Venezuela “não é o fim do mundo” e que os dois países podem se resolver e “seguir em frente”. Na reunião desta quinta-feira (25), a expectativa era de que os países também discutissem sobre a relação e a parceria bilateral. Os chanceleres disseram que as duas partes avançaram no diálogo referente ao comércio de matérias-primas, combate ao crime transfronteiriço e a mudança climática.
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