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Solenidade

Sem Bolsonaro, Congresso celebra os 200 anos de Independência com discursos de união

Mesa da sessão do Congresso para solenidade comemorativa ao bicentenário da Independência
Mesa da sessão do Congresso para solenidade comemorativa do bicentenário da Independência. (Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado)

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A cerimônia promovida pelo Congresso Nacional nesta quinta-feira (8) para celebrar o bicentenário da Independência do Brasil não teve a presença do presidente Jair Bolsonaro (PL) e foi marcada por discursos de união nacional.

Apesar da ausência de Bolsonaro, a solenidade – conduzida pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) – contou com outros nomes da cúpula da República e também de autoridades estrangeiras, como os presidentes de Portugal , Guiné-Bissau e Cabo Verde. Apenas Bolsonaro e os presidentes estrangeiros haviam participado do desfile cívico-militar oficial do 7 de setembro, na quarta – nenhum chefe de outro Poder brasileiro compareceu.

O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), opositor de Bolsonaro e presidente da Comissão Especial Curadora do Senado para o Bicentenário da Independência, fez a única menção – ainda que indireta – a Bolsonaro. Ele pediu desculpas aos líderes estrangeiros pela ausência do presidente e lamentou o fato de o chefe do Executivo não ter mandado nenhuma mensagem em referência ao evento.

Randolfe, que é um dos coordenadores da campanha do ex-presidente Lula (PT), também falou que as comemorações do 7 de Setembro devem ser estendidas a todo o povo brasileiro, "não a uma facção ou a uma parte". Na quarta-feira (7), Bolsonaro e seus apoiadores promoveram atos em diferentes regiões do Brasil, e adversários do presidente contestaram o uso da estrutura pública para o que consideraram uma manifestação de cunho eleitoral.

Os demais pronunciamento na solenidade desta quinta do Congresso não fizeram menção a Bolsonaro. Enfatizaram o histórico do Brasil desde a independência e celebraram a união entre os povos que caracteriza o país e as parcerias com nações estrangeiras.
O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), fez em sua fala um elogio à trajetória do Poder Legislativo na consolidação do processo de independência. "Este ano do Bicentenário da Independência brasileira coincide com o ano de eleições presidenciais e de eleições legislativas federais, distrital e estaduais. Destaco, portanto, a chance de os cidadãos brasileiros, por meio do seu voto consciente, fortalecerem nossa democracia e este Parlamento de modo que ele continue a exercer a importante tarefa de acolher diferentes aspirações e transformá-las em balizas coletivas", disse Lira em seu discurso.

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux, também falou em defesa da instituição que representa. "Encerro minha fala vaticinando que um Brasil independente pressupõe uma magistratura independente e um regime político em que todos os cidadãos gozem de igualdade de chances, usufruam de todas as liberdades constitucionais e os poderes restrinjam o seu exercício em nome do povo e para o povo brasileiro", discursou.

Já Pacheco, ao destacar conquistas que ele considerou frutos da união nacional, fez defesa ao sistema público de saúde e à vacinação contra Covid-19: "Em meio à tragédia da pandemia, demonstramos nosso potencial e nossa força. A campanha de vacinação mobilizou a sociedade. O Sistema Único de Saúde, com todos os desafios que enfrenta num país continental, foi, em larga medida, bem-sucedido. O espírito de cidadania do povo brasileiro segue vigoroso".

O presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, fez o discurso que Pacheco chamou de "mais esperado" da solenidade e enfatizou que os dois países hoje se caracterizam pela busca por igualdade social e direitos humanos. Ele expôs que, desde a Independência, Brasil e Portugal estabeleceram um laço de amizade.

Dilma e Lula enviam mensagem ao Congresso nas quais criticam Bolsonaro

Os ex-presidentes Michel Temer e José Sarney, ambos do MDB, participaram da solenidade. Já Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Dilma Rousseff (PT), Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e Fernando Collor (PTB) não compareceram, embora tenham sido convidados. Lula, Dilma e Fernando Henrique enviaram mensagens em que enalteceram a cerimônia e a independência do Brasil.

As mensagens não foram lidas durante a cerimônia. Mas a assessoria de comunicação do Senado divulgou à imprensa o conteúdo.

No caso de Lula e Dilma, além de celebrar os 200 anos da Independência, houve críticas a Bolsonaro pelo que consideraram ser uma "afronta" promovida pelo presidente na quarta, com o desfile militar e atos de cunho político. Lula, que é candidato a presidente 2022, expôs na mensagem que Bolsonaro praticou "sequestro de uma data que não pertence a ele, mas à nação brasileira, a exemplo do que tenta fazer com a nossa bandeira e com o verde e amarelo, são patrimônios do nosso povo.". Segundo Lula, o 7 de Setembro deveria servir para "celebrar a união de todos os brasileiros", mas que acabou transformado em uma ocasião "para mais uma vez espalhar ódio, mentiras e ameaças à democracia".

Dilma adotou um tom semelhante: "Que as autoridades institucionais reajam a mais essa afronta do Presidente da República, que golpeia diuturnamente o Judiciário e o Legislativo, em nome de um projeto de poder autoritário e profundamente desvinculado dos anseios do nosso povo. Que a sociedade acorde e reaja antes que o império do arbítrio recaia sobre o Brasil, a cada momento que o presidente ameaça o Estado Democrático de Direito".

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