O PTB tenta conter os efeitos da briga interna que marca a legenda desde o ano passado e que, somada à decisão do presidente Jair Bolsonaro não ingressar na legenda para disputar a reeleição, abalou os planos da sigla de se tornar a principal força do conservadorismo brasileiro. O discurso atual de petebistas é o de que a disputa interna não afeta o trabalho de base da legenda e que a "ausência" de Bolsonaro não impedirá o partido de se posicionar como uma referência conservadora. O partido apoiará a reeleição do presidente.
A briga dentro do PTB é a disputa pelo comando da legenda, protagonizada por um grupo mais próximo do ex-deputado Roberto Jefferson e outro liderado por Graciela Nienov – ex-aliada que rompeu com ele. Nienov assumiu a presidência do partido após a prisão de Jefferson. Mas sua ascensão foi contestada por aliados do ex-deputado. O grupo de Jefferson venceu o último capítulo do embate: o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) deu a presidência nacional da legenda ao deputado estadual Marcus Vinícius Neskau (RJ).
Lideranças da legenda falam em união. Mas a sigla ainda não está pacificada. "O PTB é um espaço ideal para todos os segmentos que defendem uma sociedade livre, justa e próspera", afirmou o deputado estadual Jeferson Alves (RR). A fala, porém, contrasta com a situação dele no partido. O deputado foi secretário-geral do PTB durante a gestão de Nienov e é um dos protagonistas da disputa atual. A ex-deputada Cristiane Brasil, filha de Roberto Jefferson, chegou a dizer que Alves "formou uma quadrilha" para obter o controle do PTB. "De quadrilha ela entende", ironizou Alves, ao recordar que a ex-deputada foi presa.
No plano federal, o partido deve passar por modificações em sua bancada. O partido se aproximou do deputado federal Daniel Silveira (RJ), mas o parlamentar não confirmou sua filiação. Já o atual líder da bancada na Câmara, Marcelo Moraes (RS), pode migrar para o PL.
Estatuto é base de conversão do PTB ao conservadorismo
O PTB ganhou holofotes nas últimas semanas após veicular um comercial que relacionava a esquerda à pedofilia. A peça, protagonizada pelo deputado estadual Kennedy Nunes (SC), dizia que a esquerda brasileira chama a pedofilia de "doença" e "opção sexual". A Justiça de São Paulo proibiu a continuidade da execução da propaganda.
Nunes é o presidente do PTB em Santa Catarina. Ele é novato no partido; chegou ao PTB ano passado, originário do PSD. À Gazeta do Povo, disse que "não compete a ele" falar sobre a briga na cúpula da legenda. "Qualquer partido tem suas disputas", relativizou. "Isso está longe de nós. Nós, aqui, estamos trabalhando no estatuto do partido, que coloca muito bem suas questões."
O estatuto citado pelo parlamentar é um símbolo da guinada que o PTB vive desde 2018. O partido é um dos mais tradicionais do Brasil. Desde a redemocratização, entretanto, acabou se posicionando como uma das forças do chamado Centrão do Congresso. Prestou apoio a diferentes presidentes e foi um dos protagonistas do escândalo do mensalão, que foi denunciado pelo próprio Jefferson. A partir de 2018, porém, resolveu se reposicionar como força conservadora e caminhar ao lado da corrente da sociedade liderada pelo presidente Jair Bolsonaro.
"O PTB é um partido conservador, que defende Deus, família, pátria e liberdade. E que, no seu estatuto, se mostra contra o aborto e considera a pedofilia um crime. Também defendemos o porte de armas para o cidadão se defender. Tudo isso está no estatuto", explica Nunes.
Segundo o parlamentar, o partido se estrutura para o "pós-Bolsonaro". "O PTB é a casa dos conservadores. Temos hoje no Brasil o presidente Bolsonaro como grande líder dos conservadores. Mas precisamos também que pensar no Brasil depois da reeleição dele. Então o nosso projeto não é eleitoral, e sim político", diz.
Apoio a Bolsonaro, mesmo sem Bolsonaro
Nunes diz que a opção de Bolsonaro de não se filiar ao PTB não inibe o apoio do partido ao presidente. Outros representantes do partido endossam essa posição e dizem que o PTB conseguirá se manter como uma referência conservadora.
A deputada estadual Alana Passos (RJ), que está migrando do União Brasil para o PTB, afirma: "O estatuto do PTB é totalmente compatível com as minhas bandeiras ideológicas, com temas como pátria, Deus e família. Vejo o PTB como muito conservador e o partido mais bolsonarista possível".
A parlamentar também avalia que a disputa política de 2022 exigirá que Bolsonaro tenha apoio de diferentes partidos. "Ele precisa de todos os apoios possíveis. De estrutura, de tempo de TV. Então é positivo que se aproxime de diferentes partidos", afirma.
Triângulo Mineiro investe na prospecção de talentos para impulsionar polo de inovação
Investimentos no Vale do Lítio estimulam economia da região mais pobre de Minas Gerais
Conheça o município paranaense que impulsiona a produção de mel no Brasil
Decisões de Toffoli sobre Odebrecht duram meses sem previsão de julgamento no STF