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Bolsonaro tentou negociar retorno ao PSL com o presidente da sigla Luciano Bivar
Bolsonaro tentou negociar retorno ao PSL com o presidente da sigla Luciano Bivar| Foto: Marcos Corrêa/PR

Até então considerado um partido “nanico”, o PSL emergiu em 2018 com a filiação de Jair Bolsonaro e com isso se tornou a maior bancada da Câmara com a eleição de 53 deputados. O número de eleitos naquele pleito representou um crescimento de mais de 500% em comparação com a legislatura anterior, quando a sigla somava apenas oito parlamentares.

Apesar de ser o principal puxador de votos da legenda, Jair Bolsonaro rompeu com o partido ainda em 2019, e desde então rachou a bancada entre a ala bolsonarista e a ala bivarista – grupo que acompanha o presidente nacional do PSL, Luciano Bivar. O grupo ligado a Bolsonaro pretende deixar a sigla no próximo ano para a disputa de 2022, e com isso, a direção do PSL já traça novas estratégias para tentar se manter entre os maiores partidos do Congresso.

Para isso, líderes do PSL passaram a cortejar possíveis nomes para estados estratégicos na eleição de 2022. Entre os cortejados, o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin, historicamente filiado ao PSDB, poderia migrar para o PSL para uma eventual candidatura ao governo do estado.

Padrinho político de João Doria, atual governador de São Paulo, Alckmin perdeu espaço justamente para seu afilhado no PSDB e desde então vive seu momento de menor prestígio dentro do ninho tucano. No entanto, pesquisas apontam que o ex-governador seria hoje um dos fortes nomes na disputa pelo governo paulista.

Levantamento feito no começo de abril pelo instituto Ipespe mostrou que, em um cenário sem João Doria, Alckmin aparece em terceiro lugar na disputa com 17% das intenções de votos. O tucano fica empatado tecnicamente com Fernando Haddad (PT), que obteve 20% e com Márcio França (PSB), com 18%.

No cenário com Doria, o ex-governador tucano tem 17%, mesmo percentual de França, e Guilherme Boulos (Psol) tem 16%. Já o atual governador João Doria aparece em quarto lugar, com apenas 8%.

Presidente estadual do PSL, o deputado Bozzella (SP) é hoje o principal articulador para que Geraldo Alckmin migre para o partido. Com chances de vitória em São Paulo, a direção do PSL acredita que poderia eleger mais deputados federais no estado e consequentemente reforçar a bancada na Câmara “O Alckmin é um nome competitivo. Seria ótimo tê-lo conosco”, defende o deputado.

Ainda no começo das negociações, Alckmin tem se reunido com prefeitos aliados para traçar os cenários dessa possível migração para o PSL. Além da filiação de Alckmin, o partido do ex-presidente Bolsonaro poderia se beneficiar com outros nomes tucanos que estariam descontentes com o governo Doria.

Partido corteja outros puxadores de votos

Além de tempo de propaganda no rádio e na TV, o PSL irá contar com um caixa milionário para financiar suas candidaturas em 2022. O partido terá a maior fatia do fundo eleitoral, mas o valor só será definido a partir do Orçamento que for aprovado pelo Congresso neste ano. Nas eleições municipais de 2020, por exemplo, o ex-partido do presidente Bolsonaro recebeu quase R$ 200 milhões.

Por isso, a direção do partido também tem conversado com o integrante do Movimento Brasil Livre (MBL) e deputado estadual paulista Arthur do Val. Atualmente filiado ao DEM, o parlamentar foi o segundo mais votado no estado em 2018 com mais de 478 mil votos e agora trabalha para suceder João Doria no governo estadual.

Líderes do MBL ventilam a possibilidade de lançarem todos os seus candidatos para a disputa de 2022 em um único partido. A estratégia seria uma forma de eleger o maior número de candidatos do movimento. No entanto, integrantes do grupo admitem que só deva fechar com o PSL caso tenha a garantia de independência dentro da sigla.

Integrantes do PSL resistem ao retorno de Bolsonaro

Toda essa movimentação de integrantes do PSL para atrair novos filiados tem como estratégia evitar um retorno de Jair Bolsonaro ao partido. Recentemente o presidente afirmou que poderia retornar a sigla, o que desagradou ex-apoiadores como Bozzella, Delegado Waldir (GO) e Joice Hasselmann (SP).

A resistência também partiu de grupos menores, como presidentes municipais do PSL e coordenadores regionais que recentemente enviaram ofícios para direção do partido onde demostraram inconformismo com o possível regresso de Bolsonaro. A pressão surtiu efeito e o presidente Luciano Bivar acabou vindo à publico descartar a possibilidade.

“Nós não somos intratáveis, tá certo? Mas o presidente tem a sua linha. E eu não acredito que o presidente saia da sua linha. Eu não acredito. Uma coisa é certa: o PSL, a exemplo do que aconteceu em 2018, não será coadjuvante. O PSL vai ter sua opinião própria em relação ao nosso país. Tem muitas coisas em 2018 que efetivamente não foram atendidas. E nós esperamos que em 2022 o PSL se torne um partido de uma candidatura que venha a atender aquilo que não atendeu em 2018. As coisas que ficaram mais para trás. Esse é o sentimento que paira no partido”, defendeu Bivar após as pressões dos correligionários.

Metodologia

O Ipespe ouviu 1.000 eleitores do estado de São Paulo entre os dias 5 e 7 de abril. A margem de erro é de 3,2 pontos percentuais e o nível de confiança é de 95,5%.

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