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As movimentações recentes do ex-presidente Jair Bolsonaro junto ao PL fizeram com que a cúpula do PT acelerasse as articulações para as eleições municipais do ano que vem. Sem novos quadros, a sigla petista defende alianças com partidos que apoiaram o presidente Luiz Inácio Lula da Silva na disputa presidencial.
Lideranças do PT indicam que, até o momento, o cenário de polarização visto nas eleições do ano passado entre Lula e Bolsonaro também se desenha para a disputa de 2024 em diversas capitais. Com isso, um ala do partido defende que a sigla apoie candidaturas de aliados que tenham mais capilaridade para fazer frente aos candidatos da direita.
A estratégia, segundo integrantes do PT, é diferente da adotada em 2020, quando a sigla de Lula teve candidatos próprios em 21 capitais, mas não elegeu nenhum nome. Em São Paulo, por exemplo, o acordo desenhado é para que o PT apoie a candidatura de Guilherme Boulos (PSol).
O acordo, que foi desenhado por Lula ainda na disputa presidencial do ano passado, no entanto, ainda enfrenta resistência no diretório paulista do PT. Para tentar minimizar os impasses, a presidente nacional da sigla, deputada Gleisi Hoffmann (PR), se reuniu na semana passada com o secretário nacional de Comunicação do partido, Jilmar Tatto.
O secretário é um dos mais resistentes ao nome de Boulos e tem defendido que o pré-candidato do PSol teria dificuldades de angariar apoio entre os partidos de centro. Em 2020, Boulos chegou ao segundo turno, mas acabou derrotado por Bruno Covas (PSDB), que faleceu em 2021.
Tatto argumenta que o PL, partido do ex-presidente Bolsonaro, deve ter candidatos próprios em quase todas as capitais. Em São Paulo, por exemplo, a expectativa é de que o prefeito Ricardo Nunes deixe o MDB para se filiar ao PL e ter o apoio de Bolsonaro na capital. Sem um acordo, Hoffmann e Tatto vão seguir em discussões nas próximas semanas.
PT não deve ter candidatura própria nas principais capitais do país
Além de São Paulo com o apoio ao nome de Boulos, o PT caminha para acordo com outros partidos nas principais capitais do país. No Rio de Janeiro, segunda maior capital do país, o partido de Lula pretende apoiar a reeleição de Eduardo Paes (PSD).
Reduto da família Bolsonaro, o PL já trabalha com acordos para lançar o general Braga Netto, que foi vice na chapa de Bolsonaro no ano passado. Além disso, o ex-ministro e deputado Eduardo Pazuello (PL-RJ) também trabalha para viabilizar seu nome.
Em Salvador, o governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT), trabalha para que seu grupo político tenha apenas uma candidatura. O nome deve ser definido ainda nos próximos meses, mas o vice-governador Geraldo Júnior (MDB) e o ex-vereador José Trindade (PSB) são os favoritos. A expectativa do PT é ter apenas "um candidato do Lula" no intuito de derrotar o atual prefeito, Bruno Reis (União Brasil).
Em Minas Gerais, Gleisi Hoffmann já indicou que ainda não há uma definição de candidatura própria para Belo Horizonte e não seria um problema conversar com outros partidos da federação, que além do PT inclui o PV e o PCdoB. Parte dos petistas defende apoiar o PSD do prefeito Fuad Noman e negociar uma indicação a vice na chapa.
“Nós estamos procurando conversar nacionalmente. Já estabelecemos uma mesa de conversa sobre isso, então a ideia é a gente analisar as capitais, principalmente as que são muito importantes para nós e os municípios onde nós temos mais 100 mil eleitores”, explicou Hoffmann.
Já em Recife, Lula trabalha para que o prefeito João Campos (PSB) feche uma aliança com o PT para a disputa à reeleição. Em 2020, Campos entrou em atrito com Marília Arraes, que disputou a prefeitura pelo PT e acabou sendo derrotada no segundo turno.
A reaproximação dos partidos ocorreu durante a disputa presidencial do ano passado. Agora, expectativa do PT é de emplacar um aliado como vice na chapa de Campos. "Queremos preparar, uma tática para a disputa das eleições municipais que fortaleça tanto o PT e a nossa federação, que inclui o PCdoB e o PV, como também os aliados. Especialmente aqueles que sustentaram a candidatura de Lula no primeiro turno das eleições passadas”, explicou o secretário-geral Nacional do partido, Henrique Fontana.
PT encolheu nas eleições municipais de 2020
Além de não conseguir eleger nenhum prefeito de capital, o PT registrou o menor número de eleitos nas eleições municipais de 2020. Ao todo, partido de Lula conseguiu apenas 183 prefeituras. O número foi o mais baixo dos últimos dez anos.
Em 2012, no primeiro mandato da então presidente Dilma Rousseff, foram 630 vitórias conquistadas. Entre elas inclusive na capital paulista, com Fernando Haddad, atual ministro da Fazenda. Em 2016, no auge do antipetismo com a Lava Jato e o impeachment de Dilma, foram 256 prefeitos.
Além disso, o PT ganhou, em 2020, a disputa em apenas sete cidades com mais de 200 mil habitantes. Atualmente o partido de Lula ocupa a 11ª posição entre os partidos, considerando o número de prefeituras.