O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), adiou nesta quarta-feira (4) a votação do projeto que libera cassinos físicos, bingos, jogo do bicho e apostas em corridas de cavalo no Brasil. Com a pressão da oposição e sem consenso, a análise do PL 2.234/2022 deve ser retomada apenas em 2025.
"Fica retirado de pauta, fatalmente incumbirá à próxima Mesa Diretora do Senado a definição sobre os desdobramentos em relação a esse projeto", disse Pacheco.
Os parlamentares solicitaram mais informações dos ministérios da Saúde e do Desenvolvimento Social sobre o impacto do texto no Sistema Único de Saúde (SUS). As pastas terão até 30 dias para encaminhar as manifestações.
Após resistência da maioria dos líderes, o senador Irajá (PSD-TO), relator da matéria, pediu a retirada do projeto da pauta. Na tribuna, Irajá defendeu a necessidade de “jogos responsáveis” e disse que a proposta não está relacionada às apostas esportivas ou de cota fixa, conhecidas como bets. Segundo o relator, o projeto conta com “amplo apoio” de órgãos e associações do setor privado e do governo.
Mais cedo, o Ministério do Planejamento e Orçamento (MPO) recomendou a rejeição integral da proposta, argumentando que podem ocorrer "impactos sociais e econômicos negativos na população brasileira, particularmente nas faixas de menor renda". O senador Eduardo Girão (Novo-CE) elogiou o MPO e o Ministério da Fazenda, que emitiram pareceres contrários à proposta.
“Em nota pública, o Ministério do Planejamento repudia completamente o PL 2.234, dizendo que não existe projeção confiável quanto à geração de empregos. Um dos argumentos da turma que quer liberar bingo, cassino, jogo do bicho e videobingo é que isso geraria empregos. Mentira”, disse Girão.
“O Ministério da Fazenda se manifesta nessa mesma linha, dizendo que há insuficiência regulatória que pode levar a um cenário desfavorável das políticas públicas de jogos e apostas”, acrescentou.
Havia um requerimento de urgência para a tramitação da matéria, que não chegou a ser votada. Os senadores Esperidião Amin (PP-SC) e Eliziane Gama (PSD-MA) defenderam o arquivamento do PL dos cassinos. “Eu acho que o melhor caminho, ao não aprovar o requerimento de urgência, é arquivar o projeto”, disse Eliziane.
“[O projeto] não ressuscitou, ele nunca morreu: esteve no purgatório, esteve no limbo, aguardando uma oportunidade. Sete palmos é pouco. Tem que desaparecer”, enfatizou Amin. O senador Márcio Bittar (União-AC) alertou para os riscos de maior infiltração criminosa no setor caso o projeto seja aprovado, informou a Agência Senado.
Bittar destacou que o país apresenta dificuldades em controlar suas fronteiras e combater o crime organizado em setores formais da economia, o que comprometeria qualquer tentativa de regulamentação do mercado de jogos.
Apresentado em 1991 pelo então deputado federal Renato Vianna, o projeto foi aprovado pela Câmara mais de 30 anos depois, em 2022. Enviado ao Senado, a matéria passou pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) em junho de 2024 com placar apertado: 14 votos a 12.
Perspectiva de devassa jurídica de emendas deve gerar forte impacto no cenário político
Bolsonaro deve ser julgado pelo STF por suposta tentativa de golpe; acompanhe o Entrelinhas
“Vozes do 8 de Janeiro”: projeto de vídeos relata histórias dos presos do 8/1
Morre Jean-Marie Le Pen, líder influente da direita nacionalista na França
Triângulo Mineiro investe na prospecção de talentos para impulsionar polo de inovação
Investimentos no Vale do Lítio estimulam economia da região mais pobre de Minas Gerais
Conheça o município paranaense que impulsiona a produção de mel no Brasil
Decisões de Toffoli sobre Odebrecht duram meses sem previsão de julgamento no STF