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Orla de parte da Zona Sul do Rio de Janeiro está na faixa territorial de 33 metros ao redor do mar.
Orla de parte da Zona Sul do Rio de Janeiro está na faixa territorial de 33 metros ao redor do mar.| Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

O Senado Federal realiza nesta segunda-feira (27) uma audiência pública para debater a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 3/2022 que transfere a propriedade dos terrenos do litoral brasileiro, sob domínio da União e geridos pela Secretaria do Patrimônio da União (SPU), para estados, municípios e proprietários privados. Aprovado em fevereiro de 2022 na Câmara dos Deputados, a PEC aguarda análise na Comissão de Constituição e Justiça do Senado, antes de seguir ao plenário.

A proposta é de autoria do ex-deputado federal Arnaldo Jordy (PA) e conta com o parecer favorável do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ). O projeto tem enfrentado resistência da base governista e de organizações ambientais.

A PEC exclui o inciso VII do artigo 20 da Constituição, que afirma que os terrenos de marinha são de propriedade da União, transferindo gratuitamente para os estados e municípios “as áreas afetadas ao serviço público estadual e municipal, inclusive as destinadas à utilização por concessionárias e permissionárias de serviços públicos”.

Os terrenos de marinha são as áreas situadas na costa marítima que contornam as ilhas, as margens dos rios e das lagoas, em faixa de 33 metros medidos a partir da posição do preamar (maré cheia) médio de 1831.

Para os proprietários privados, o texto prevê a transferência mediante pagamento para aqueles inscritos regularmente “no órgão de gestão do patrimônio da União até a data de publicação” da Emenda à Constituição. Além disso, autoriza a transferência da propriedade para ocupantes “não inscritos”, “desde que a ocupação tenha ocorrido pelo menos cinco anos antes da data de publicação” da PEC.

Ainda segundo o relatório, permanecem como propriedade da União as áreas hoje usadas pelo serviço público federal, as unidades ambientais federais e as áreas ainda não ocupadas.

Na avaliação do relator da proposta, a PEC é importante para evitar “surpresas” aos propritários de casas próximas às praias que são registradas em cartório, mas foram objeto de demarcação da União. Segundo Flávio Bolsonaro, “a União até hoje não demarcou a totalidade dos terrenos de marinha”.

“Não nos parece justo que o cidadão diligente, de boa-fé, que adquiriu imóvel devidamente registrado e, por vezes localização a algumas ruas de distância do mar, perca sua propriedade após vários anos em razão de um processo lento de demarcação. O fato é que o instituto terreno de marinha, da forma que atualmente é disciplinado pelo nosso ordenamento, causa inúmeras inseguranças jurídica quanto à propriedade de edificações”, explica o parlamentar no relatório da proposta.

Ao sugerir a audiência pública para debater a PEC, o senador Rogério Carvalho (PT-SE) teme que “a extinção dos terrenos da Marinha, atualmente pertencentes à União, pode impactar o Balanço Geral da União (BGU) e as receitas correntes da União”. “Torna-se fundamental que a matéria seja debatida e aprimorada em audiência pública”, disse.

Correção

A matéria informava que os terrenos estavam sob domínio da Marinha, no entanto, são propriedades da União. E o termo correto é “terreno de marinha”.

Corrigido em 29/05/2024 às 03:28
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