O senador Rodrigo Pacheco (DEM-MG), nome de Davi Alcolumbre (DEM-AP) à presidência do Senado, obteve na terça-feira (5) um apoio de peso para sua candidatura. O PSD, partido que detém a segunda maior bancada da Casa, com 11 representantes, declarou apoio a Pacheco. A parceria foi consolidada durante a noite em uma reunião virtual da bancada, que sacramentou acordo fechado durante a tarde na casa do prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD). Na quarta-feira (6), outro apoio: o Pros, que tem três senadores, comunicou voto em Pacheco.
Mas, por enquanto, Pacheco é o único candidato "oficial" na disputa pelo comando do Senado. O cenário é de imprevisibilidade para a eleição, agendada para 1.º de fevereiro. O MDB, partido com o maior número de senadores, reivindica para si a presidência, mas a sigla ainda não definiu seu candidato. E a oposição ao presidente Jair Bolsonaro ainda não sabe o que fazer.
MDB tem 4 pré-candidatos a presidente do Senado
No MDB, quatro senadores querem disputar a presidência da Casa: Simone Tebet (MS), Eduardo Braga (AM), Eduardo Gomes (TO) e Fernando Bezerra Coelho (PE). A eleição final tende a ser protagonizada por Pacheco e pelo nome do MDB.
O acordo firmado entre os pré-candidatos do MDB diz que o nome do partido será aquele que angariar mais apoios até a data da eleição.
A meta da legenda é evitar um racha como o ocorrido em 2019. Na ocasião, Simone Tebet e Renan Calheiros (AL) disputaram a vaga. O alagoano levou a melhor dentro da bancada, mas seu nome não recebeu adesão de integrantes de outros partidos. Como resultado, o atual presidente do Senado, Davi Alcolumbre, que não era visto como favorito, venceu a disputa. O MDB acabou então excluído da presidência do Senado pela primeira vez desde 2007.
O MDB também negocia o ingresso de dois novos senadores ao partido – o que poderia aumentar a força da legenda na disputa pelo comando do Senado. São eles: Veneziano Vital do Rego (PSB-PB) e Rose de Freitas (Podemos-ES). A movimentação foi divulgada em reportagem do site Poder360 na terça-feira (05). Rose de Freitas está sem espaço em seu partido desde que apresentou uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) para permitir uma nova candidatura de presidentes de Senado e Câmara, iniciativa que beneficiaria Alcolumbre.
Quem Bolsonaro vai apoiar?
Um componente que contribui para acentuar a imprevisibilidade no Senado é a participação do Palácio do Planalto na disputa.
Dos pré-candidatos do MDB, dois são líderes do governo de Jair Bolsonaro: Bezerra Coelho é o líder no Senado e Eduardo Gomes é o líder no Congresso.
Já Rodrigo Pacheco tem também sido citado como um possível aliado de Bolsonaro, principalmente pelo fato de ser o nome apoiado por Davi Alcolumbre (DEM-AP). Especulações recentes indicam que Alcolumbre pode ser contemplado com um ministério no governo assim que seu mandato no comando no Senado for concluído.
Mas o apoio (ou não) do governo é vista entre os senadores como uma moeda de duas faces. Se por um lado pode trazer os votos de parlamentares alinhados ao Planalto ou que apenas não querem se distanciar do governo, por outro pode inibir o apoio de senadores que fazem oposição ou são independentes.
Oposição e Muda Senado seguem indefinidos
Se na Câmara dos Deputados a oposição a Bolsonaro já consolidou apoio a uma candidatura sob o pretexto de combater o presidente da República, no Senado os adversários de Bolsonaro permanecem sem um posicionamento definido.
"Nós temos uma boa relação com o Davi [Alcolumbre]. E temos uma boa relação com o candidato dele também [Rodrigo Pacheco]. Mas também temos boas relações com outros segmentos", afirma o senador Humberto Costa (PT-PE). Segundo o parlamentar, a decisão do partido deve ser tomada nas próximas semanas.
Costa diz que a bancada está decidida a "não apoiar um candidato que tenha compromisso com Bolsonaro". Segundo ele, Pacheco não se afirmou até o momento como o candidato oficial do Palácio do Planalto – e, por isso, não há uma rejeição a priori do PT ao seu nome.
"A gente quer também discutir os espaços que o PT almeja ter dentro do Senado. Vagas na Mesa Diretora, presidência de comissões, esse tipo de coisa", acrescenta o petista. Hoje, o PT conta apenas com uma posição na cúpula do Senado – a de terceiro suplente, com Jaques Wagner (BA).
Outro grupo que ainda não definiu sua conduta na eleição é o Muda, Senado. A agremiação foi formada no início da legislatura por parlamentares que não se identificavam nem com os dirigentes da Casa e nem com a oposição liderada pelo PT. O grupo une desde senadores mais experientes, como Alvaro Dias (Podemos-PR) e Lasier Martins (Podemos-RS), quanto parlamentares de primeiro mandato, como Alessandro Vieira (Cidadania-SE) e Soraya Thronicke (PSL-MS).
Um dos integrantes do grupo, Major Olímpio (PSL-SP), anunciou sua candidatura à presidência do Senado. Mas sua manifestação é vista como uma decisão individual, não como um projeto do grupo.
"O Muda, Senado é muito heterogêneo. Há algumas pautas de destaque que não são defendidas por todos os integrantes. Então é pouco provável que agora estejamos todos juntos na eleição. Ou pode até acontecer de estarmos unidos em público, mas no particular cada um votar de uma maneira", afirma, de forma reservada, um senador que integra o segmento.
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