O plenário do Senado Federal concluiu nesta segunda-feira (18) a votação do projeto de lei complementar, o PLP 175/24, que regulamenta as emendas parlamentares. O texto-base foi aprovado na última quarta (13) e ficaram pendentes os destaques ao projeto.
Agora, o projeto retorna para nova análise na Câmara dos Deputados devido às alterações que foram feitas pelos senadores. Devido à urgência do tema, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), chegou a incluir o projeto na ordem do dia, mas a matéria não foi apreciada nesta segunda.
A proposta visa solucionar o impasse sobre o pagamento das emendas individuais impositivas, das quais fazem parte as chamadas "emendas Pix" ou de transferência especial, que somam R$ 8 bilhões em 2024. A liberação de todas as emendas está suspensa por determinação do ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), que exigiu regras sobre rastreabilidade, transparência, controle social e impedimento.
Em uma derrota ao governo federal, os senadores derrubaram a possibilidade de bloquear proporcionalmente as emendas e não apenas contingenciar. Por 47 votos a 14, foi excluída a versão do relator Angelo Coronel (PSD-BA) que previa as hipóteses de contingenciamento e bloqueio se a presidência da República achasse necessário. Ficou mantido apenas o contingenciamento, corte temporário de verbas parlamentares diante de uma queda nas receitas, conforme o previsto no texto da Câmara.
A oposição articulou o movimento contra a possibilidade de bloqueio. Segundo o líder da bancada no Senado, Rogério Marinho (PL-RN), "o bloqueio é uma violência, uma captura". "É inconstitucional. Acabar com o bloqueio foi uma conquista do Congresso para impedir o balcão de negócios quando os parlamentares votavam conforme a conveniência do governo, e a liberação dos recursos tinha essa lógica”, declarou Marinho.
Na última semana, a Consultoria Legislativa do Senado avaliou que o projeto não atende às exigências do STF sobre regras de rastreabilidade e transparência das emendas parlamentares. Segundo a consultoria, ajustes podem ser necessários para que o projeto cumpra efetivamente as determinações judiciais.
Derrubada a obrigatoriedade de 50% à saúde
Os senadores também alteraram uma das principais diretrizes do projeto que previa que 50% das emendas de comissão fossem obrigatoriamente destinadas à área da saúde. A exigência do percentual mínimo foi retirada por 39 votos a 25.
A derrubada foi vista como mais uma derrota do governo federal e gerou críticas, como a do senador Eduardo Braga (MDB-AM), que destacou a importância dos recursos para a seguridade social e os municípios.
"Esses recursos não atendem apenas à saúde, mas também à seguridade social e outras políticas essenciais. São áreas com demandas crescentes, especialmente nos municípios. As emendas têm sido fundamentais para que prefeituras mantenham serviços básicos nessas áreas", afirmou Braga.
A emenda foi apresentada pelo União Brasil que argumentou que já existe esse mínimo para as emendas individuais e de bancada, e por isso defendeu que não houvesse a obrigação para as emendas de comissão. No destaque, citaram como exemplo o fato da Comissão de Educação ter que repassar recursos à saúde com outra prioridade.
Limite para crescimento das emendas
Outra mudança acatada pelos senadores foi uma subemenda do relator para restabelecer o texto original do projeto do deputado Rubens Pereira Júnior (PT-MA) sobre o limite para crescimento das emendas parlamentares. O limite havia sido retirado pelos deputados, no entanto, o senador Angelo Coronel ressaltou que o limite é parte do acordo entre os Poderes.
"O texto proposto possibilitará que os parlamentares exerçam plenamente suas funções na apreciação do Orçamento, garantindo uma atuação eficaz e equilibrada no processo legislativo orçamentário. Essa cooperação entre os Poderes reforça a harmonia institucional e vai possibilitar o desenvolvimento de políticas públicas alinhadas aos interesses da sociedade", disse o relator.
Em 2025, o valor total das emendas de bancada não poderá ultrapassar 1% da receita corrente líquida do ano anterior, enquanto que o valor das individuais não poderá superar 2% da receita corrente líquida do ano anterior. Já as emendas de comissão poderão somar até R$ 11,5 bilhões.
A partir de 2026, as emendas impositivas (bancada e individual) serão aumentadas com base nas regras do arcabouço fiscal. E as não impositivas serão atualizadas com base na variação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). *Com informações da Agência Senado
Triângulo Mineiro investe na prospecção de talentos para impulsionar polo de inovação
Investimentos no Vale do Lítio estimulam economia da região mais pobre de Minas Gerais
Conheça o município paranaense que impulsiona a produção de mel no Brasil
Decisões de Toffoli sobre Odebrecht duram meses sem previsão de julgamento no STF