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Eleições

Senado ou Planalto: futuro político de Michelle Bolsonaro não está definido

Michelle Bolsonaro
Ex-primeira-dama passou a presidir o PL Mulher para incentivar a filiação de mulheres para concorrerem a cargos eletivos. (Foto: Isaac Fontana/EFE)

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O destino político da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro ainda é incerto. Seja para disputar o Senado Federal ou a Presidência da República, a esposa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) é vista por aliados como um potencial a ser explorado no próximo pleito, em 2026.

Com a inelegibilidade do marido pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a presidente do PL Mulher é cotada para a disputa presidencial, assim como o governador de São Paulo, Tarcísio Gomes de Freitas, e o governador de Minas Gerais, Romeu Zema.

Por um lado, o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, defende que Michelle dispute o Senado. Em entrevista ao jornal Folha de São Paulo, Valdemar disse estar surpreendido pela mulher do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

“Ela está indo muito bem. Onde ela vai, bomba. Eu brinco com o Bolsonaro: ‘Essa acertou sem querer. Não foi escolha tua’. Porque ela é completamente diferente dele. Bolsonaro não liga para roupa, para nada. Se deixar, ele come miojo todo dia”, declarou

Por outro lado, no último dia 15 de julho, Michelle falou em “desejo no coração de chegar à Presidência” durante encontro do PL Mulher em João Pessoa, na Paraíba. A declaração foi feita enquanto a ex-primeira-dama dizia que, desde os 14 anos, “já fazia política pública sem saber”, com trabalhos voluntários.

Como exemplo, ela citou as ações sociais que participou durante o governo do marido, como a inclusão de pessoas com visão monocular (cegueira de um olho) no BPC (Benefício de Prestação Continuada), pensão vitalícia para crianças com microcefalia e a criação de política para educação de surdos.

Bolsonaro chegou a sinalizar uma possível candidatura de Michelle, mas afirma, no entanto, que ex-primeira-dama “não tem experiência”.

“Se ela quiser, ela pode sair candidata. Mas o que eu converso com a Michelle é que ela não tem experiência. Para ser prefeito de cidade pequena já não é fácil. Lidar com 594 parlamentares [entre deputados e senadores] não é fácil também. Eu acredito que ela não tem experiência para isso. Mas é excelente cabo eleitoral”, declarou o presidente no final de junho.

Possível desistência de Tarcísio abre caminho para Michelle

Sendo um dos mais cotados na disputa pela sucessão de Bolsonaro, Tarcísio se encontra em uma situação difícil. Estando no Republicanos, a expectativa da ala mais fiel a Bolsonaro é de que o ex-ministro da Infraestrutura cumpra a “missão” de representar Bolsonaro nas urnas. A filiação ao PL seria o primeiro passo.

No entanto, por ter a perspectiva de uma ampla vantagem em uma eventual reeleição em São Paulo, existe a possibilidade de Tarcísio não disputar a Presidência. De acordo com fontes do Republicanos, o próprio governador assegurou que não irá sair do partido e que pretende continuar à frente do governo estadual.

A pressão feita pelo presidente do PSD, Gilberto Kassab, para que Tarcísio dispute a reeleição em vez do Planalto também é avaliada como fator determinante no cenário político de 2026.

Nesse contexto, a ex-primeira-dama pode encontrar um caminho mais fácil para se posicionar como componente da chapa do PL.

Parlamentares avaliam ex-primeira-dama

Para parlamentares do Congresso, a candidatura de Michelle para a Presidência não está totalmente descartada, mas Tarcísio deve ter a preferência para o pleito. Uma pesquisa divulgada pelo Ranking dos Políticos mostrou que a ex-primeira-dama possui uma avaliação positiva de apenas 11,8% entre os deputados. Já entre os senadores o número é 21,1%.

“O PL deve ser cabeça de chapa para as próximas eleições presidenciais e eu defendo que Tarcísio migue para partido. Além disso poderemos ter outros nomes para compor, como a senadora Tereza Cristina (PP). No caso da Michelle, não há, a meu ver, restrições em relação ao nome dela, mas a escolha de outro nome se dá pelas circunstâncias dos nomes competitivos que existem”, diz o deputado Sóstenes Cavalcanti (PL).

Nos bastidores, a avalição é de que ex-primeira-dama não tem experiência política suficiente para o cargo. Em reserva, um parlamentar ligado à família afirmou que será difícil para a presidente do PL Mulher enfrentar nomes já tarimbados na política nacional, como o próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o ex-governador do Ceará Ciro Gomes (PDT).

Parlamentares da oposição entendem que um nome feminino seria de grande ajuda para compor a chapa presidencial de 2026, visto que Bolsonaro teve dificuldades com o público feminino durante a campanha de 2022. Escolher um nome que represente parte desse eleitorado daria força para enfrentar o PT.

Na avaliação do cientista político Elton Gomes, professor da Universidade Federal do Piauí (UFPI), o potencial da candidatura de Michelle é consistente, mas ainda enfrenta barreiras no mundo político.

“Essa possibilidade dela se candidatar existe, mas nas circunstâncias atuais é menos provável. Até poderia facilitar a transferência de votos de Bolsonaro para ela, mas como é visto na pesquisa, as lideranças políticas são céticas quanto a possibilidade de ela montar uma coalização para sair vencedora", avalia Elton.

Ele acrescenta explicando que a posição dos deputados em relação a Michelle é fruto de um contato direto com o eleitorado. No entanto, o professor admite que há possibilidade de transferências de voto entre Bolsonaro e Michelle.

"Essa diferença é sintomática de políticos que possuem maior contato direto com as bases, que não acreditam na viabilidade eleitoral dela. Eles ainda não a enxergam como uma plataforma viável em termos eleitorais. É claro que estamos lidando no campo da especulação, porque líderes carismáticos, como o Bolsonaro, possuem boa capacidade de transferência de votos no Brasil", acrescenta.

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