Durante a sessão desta terça-feira (19) da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga os atos do dia 8 de janeiro, o senador Eduardo Girão (Novo-CE) disse que os parlamentares da base do governo estão atuando no colegiado para “blindar os poderosos”.
A fala é uma referência a não convocação de membros do governo considerados peças-chave, como o ministro da Justiça, Flávio Dino.
“Cadê a oitiva de advogados de presos que tiveram seus direitos desrespeitados sem acesso aos autos? [...] Nós mesmos não estamos nos respeitando quando, por exemplo, parlamentares (da CPMI) não querem investigar o dia 8. Não trazer (para depor)o comandante da Força Nacional de Segurança é uma vergonha. O que a gente está vendo aqui é uma blindagem da base do Lula para não investigar os poderosos”, disse Girão ao lembrar da proximidade da relatora da CPMI, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), com o presidente Lula e o ministro Flávio Dino.
“Por que a gente não traz o senhor Glauber Amorim? Que é o assessor direto do Ministério da Justiça. Ele recebeu 33 alertas (de risco de invasão no dia 8)”, completou Girão.
Durante a sessão, diversos parlamentares pediram a troca da relatora sob alegação de “flagrante parcialidade” na condução dos trabalhos. O presidente da Comissão, Arthur Maia (União Brasil-BA), declarou que não possui autoridade para destituir a relatora.
O deputado André Fernandes (PL-CE) questionou a constante ausência da relatora na Comissão e pediu para que a TV Senado mostrasse a mesa da presidência ocupada apenas pelo presidente da CPMI.
“Mais uma vez na minha fala a relatora não se encontra presente. Eu não consigo entender como alguém que vai fazer o relatório sequer está participando na sua integralidade das reuniões desta CPMI. Isso vem acontecendo dia após dia”, disse o deputado.
Eliziane Gama pretende apresentar o relatório final da Comissão em 17 de outubro próximo. A oposição alega que o texto já está pronto há muito tempo e apenas endossará a narrativa dos governistas sobre uma suposta tentativa de golpe de Estado liderada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), deixando de lado uma série de dúvidas da CPMI a respeito da possível omissão do governo Lula indicada em depoimentos e documentos oficiais.
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