Antes mesmo de a Câmara aprovar a reforma tributária na noite de quinta-feira (6), na sequência de tensas negociações com várias partes envolvidas e liberação de emendas parlamentares em valor recorde, os senadores independentes e de oposição já se preparavam para assumir a tramitação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 45/2019, o que ocorrerá a partir de agosto, logo após o recesso parlamentar. Eles já preveem uma série de alterações no texto, o que levará a PEC a ser devolvida aos deputados, para nova análise. O processo todo deverá ser concluído até dezembro.
O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), espera que o Senado faça "uma análise mais criteriosa da reforma tributária" e corrija os pontos considerados controversos, para depois submeter a matéria aos deputados. Em entrevista realizada na manhã desta sexta-feira (7), Lira ressaltou que a Casa da Federação (Senado) terá tempo mais que suficiente para fazer todas as mudanças necessárias, de “forma mais pausada e com olhar mais atento”.
O senador Oriovisto Guimarães (Podemos-PR), um dos principais críticos da PEC aprovada pela Câmara, acredita que o Senado fará essa revisão minuciosa da reforma tributária, buscando torná-la “um legado para o Brasil e uma legislação compreensível para todos os setores da sociedade”. Ele ressaltou que, por se tratar de uma emenda constitucional, a proposta só terá a sua redação definitiva quando ambas as Casas do Congresso tiverem pleno acordo.
Nesses sentido, Oriovisto prevê que o Senado analise o texto "dessa que é a pior reforma dentre todas as possíveis", com as devidas “calma, cautela e transparência”, aproveitando-se da menor quantidade de parlamentares envolvidos. “Isso permitirá uma análise menos conturbada e a concretização de mudanças para um desenho final do texto”, sublinhou. O senador já vinha criticando duramente a PEC 45/2019, por considerá-la pouco ousada no esforço de simplificação dos impostos e por elevar a oneração sobre alguns setores, como os de varejo e serviços, especialmente escolas.
Líder da oposição considera a PEC um Frankenstein tributário
Rogério Marinho (PL-RN), líder da oposição no Senado, defendia o adiamento da votação da reforma pela Câmara ou, caso contrário, a sua rejeição integral. Ele espera agora que o Senado tenha mais tempo para avaliar o texto e "exercitar o bom senso" que faltou na Câmara. Para Marinho, a versão aprovada na Câmara se tornou um “Frankenstein tributário” devido à pressa na votação e à falta de análise cuidadosa e dados claros da Receita.
Flavio Bolsonaro (PL-RJ) lembrou que a reforma sempre foi uma das bandeiras do governo de seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), mas criticou a versão aprovada na Câmara por indicar aumento da carga de impostos. O senador Marcos Rogério (PL-RO) também se posicionou contra o texto aprovado pelos deputados, alegando que sobrecarrega os contribuintes e deixa os prefeitos em situação difícil.
Ainda no campo da oposição, Carlos Portinho (PL-RJ) lamentou que a PEC tenha sido votada rapidamente e sem as devidas “análises, estudos de impacto e projeções”. Ele admite que os setores produtivos, os estados e as prefeituras possam ter sido atendidos, mas não sabe se os consumidores, contribuintes, cidadãos e eleitores também foram.
Senadores festejam aprovação na Câmara, mas fazem ressalvas
Mauro Carvalho Junior (União-MT), que assumiu recentemente como suplente do senador Wellington Fagundes (PL-MT) devido a uma licença médica, também criticou o texto da reforma tributária por considerar que taxa os pequenos e desonera os grandes. Ele apoia a reforma, mas acredita que precisa ser equilibrada entre estados produtores e estados consumidores.
O líder do MDB no Senado, Eduardo Braga (AM), já vinha trabalhando pela manutenção temporária dos benefícios concedidos à Zona Franca de Manaus, algo que deve ser mantido pelo Senado. O líder do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), chamou a reforma “vitória do Brasil a favor das gerações futuras”.
Alessandro Vieira (MDB-SE) considerou a aprovação da reforma tributária na Câmara um “passo histórico para o Brasil”, após décadas de discussão. Para ele, a missão do Senado agora é revisar o texto “com especial atenção no respeito ao pacto federativo e à promoção do desenvolvimento associado à redução de desigualdades”, disse.
Já Marcelo Castro (MDB-PI) enxergou na reforma a chance de “dificultar a sonegação e acabar com injustiças”. A senadora Ana Paula Lobato (PSB-MA), por sua vez, viu na proposta a oportunidade de simplificar e equilibrar o sistema tributário, permitindo que os brasileiros paguem menos impostos e o país volte a crescer.
Governo promete reforma, mas evita falar em corte de gastos com servidores
Brasil tem portas fechadas em comissão da OEA para denunciar abusos do STF
CEO do Carrefour pede desculpas por criticar qualidade de carne brasileira
Como fica a divisão de poder entre direita e esquerda na América Latina após as eleições no Uruguai
Triângulo Mineiro investe na prospecção de talentos para impulsionar polo de inovação
Investimentos no Vale do Lítio estimulam economia da região mais pobre de Minas Gerais
Conheça o município paranaense que impulsiona a produção de mel no Brasil
Decisões de Toffoli sobre Odebrecht duram meses sem previsão de julgamento no STF