Depois de interagir de forma amistosa com o ministro Flávio Dino (Justiça) no começo da sabatina do indicado para o STF, o senador Sergio Moro (União Brasil-PR) dedicou a primeira parte do seu tempo a questionar o indicado para a PGR, Paulo Gonet, na qual cobrou posições sobre decisões da Justiça em favor dos criminosos.
Moro criticou a escolha de Gonet pelo presidente Lula (PT) fora da lista tríplice, mas afirmou que o candidato tem credenciais suficientes para o cargo. O senador destacou o voto contrário do procurador à cassação de Deltan Dallagnol, “com independência”, mesmo com o nome já sendo “cogitado para a PGR”.
No questionamento direcionado a Dino, procurou evitar os assuntos mais caros à oposição e apenas tocou no tema da representatividade feminina no STF, promessa não cumprida por Lula. “O presidente não conseguiu indicar uma mulher, e é espantoso que dos nomes ventilados nenhum era de mulher”, disparou ressaltando que, se surgisse mais uma vaga, novamente não seria indicada uma mulher.
Dizendo evitar “ataques institucionais” e pedindo licença para tratar de “assuntos sensíveis” no jogo político, também não quis explorar o desempenho do ministro à frente da sua pasta, mas enfocou na postura futura, como ministro. No mais, pediu apenas a “opinião” de Dino sobre o aumento no número de assassinatos e sobre a suspensão da eficácia da Lei das Estatais. Ele ainda ponderou sobre ações do indicado contra manifestações críticas de parlamentares, que estaria em contradição com a postura conciliatória que tentou mostrar ao longo da sabatina.
Por fim, pediu ao ministro para retirar processos contra parlamentares por suposta ofensa à honra, “fazendo aqui uma renúncia a essa representação e joguemos uma pá de cal para tocarmos adiante”. E questionou sobre como ele irá trabalhar as redes sociais dele se for aprovado ao STF, onde tem uma posição bastante ativa e combativa.
Dino afirmou que já conhece Moro há cerca de três décadas desde a época da magistratura, mas evitou responder aos questionamentos do senador. Apenas comentou sobre as redes sociais, afirmando que “obviamente muda” a atuação dele e que não vai mais opinar sobre temas políticas.
“Nunca pensei nisso, cada dia tem sua agonia. A princípio, acho que temas jurídicos são bem-vindos, assim como também preciso de algum lugar para falar do Botafogo e do Sampaio Correia. Quem sabe, por isso, mantenha as redes sociais porque são duas paixões inexplicáveis”, afirmou.
Moro insistiu na questão das ações contra parlamentares e disse que Dino tem adotado um tom mais “moderado”, que difere dos comportamentos anteriores do ministro em presenças no Congresso. “Precisamos de gestos à pacificação”, pontuou, ressaltando que ele agia com uma postura “combativa” principalmente após os atos de 8 de janeiro. Dino não comentou o pedido de Moro.
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