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Sergio Moro no Senado Federal
Em audiência pública de Sergio Moro no Senado Federal, ministro da Justiça questiona credibilidade de supostas conversas.| Foto: Pedro França/Agência Senado

Em uma audiência pública com mais de oito horas de duração na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) no Senado Federal, nesta quarta-feira (19), o ministro da Justiça, Sergio Moro, criticou as reportagens do site The Intercept sobre supostas conversas atribuídas a ele e ao procurador-chefe da Lava Jato em Curitiba, Deltan Dallganol, e disse não reconhecer a autenticidade dos diálogos.

O ministro se voluntariou a prestar esclarecimentos no Senado, e também defendeu sua atuação enquanto juiz da Lava Jato e classificou os ataques a celulares de autoridades como ataque às instituições. Ele chamou de “revanchismo” acusações de sua atuação como juiz:

A estratégia de Sergio Moro no Senado Federal           

Há quase duas semanas, o The Intercept vem divulgando trechos de conversas de Moro com Deltan e entre o procurador com outros integrantes da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba. Ao responder as questões dos senadores na CCJ, Moro se preocupou sempre em destacar quatro pontos principais.

A linha de defesa do ministro teve foco em criticar o que chamou de sensacionalismo das matérias. Também fez parte da estratégia de Sergio Moro no Senado Federal colocar o The Intercept em dúvida, tanto em relação à autenticidade das mensagens divulgadas quanto à credibilidade do site, além de defender sua atuação como juiz da Lava Jato:

Além disso, Moro afirma que as mensagens - mesmo que ele não as reconheça como verdadeiras - não têm nada de ilegal na relação entre magistrado e procuradores. Ele também classificou a obtenção das supostas conversas com Deltan Dallagnol como trabalho de um grupo hacker criminoso, com o objetivo de atacar as instituições.

Sobre o conteúdo divulgado, Moro afirmou que não tem o histórico das conversas, pois desativou sua conta no Telegram em 2017. “As pessoas embarcaram nesse sensacionalismo do conteúdo dessas mensagens”, disse o ministro sobre a repercussão das reportagens publicadas pelo The Intercept.

Sem apego ao cargo

O ministro afirmou, ainda, que se ficar comprovada alguma irregularidade, deixa o cargo. “Eu não tenho nenhum apego pelo cargo em si. Se houver irregularidade, eu saio. Mas não houve”, disse ao responder o senador Jaques Wagner (PT-BA). Na sequência, voltou a falar sobre as investigações a celulares de autoridades. Ele diz não acreditar que os ataques tenham partido de uma única pessoa.

“Os indícios são de que se trata de um grupo criminoso organizado e não de um adolescente em frente ao computador realizando algum tipo de estripulia”, afirmou o ministro. Moro disse que existe um movimento para anular condenações da Lava Jato, impedir novas investigações e atacar as instituições brasileiras.

O ministro também criticou a forma como o The Intercept está divulgando as supostas mensagens: “A conta gotas e sem ouvir previamente os envolvidos”, atacou. “Eu tive a impressão de que eles até gostariam disso para posar como mártires da imprensa frente ao malvado governo do presidente Jair Bolsonaro ou do ministro Sergio Moro”, ironizou o ex-juiz.

No Senado Federal, Sergio Moro ainda falou sobre as diferenças entre o caso atual e a divulgação de um áudio vazado entre Lula e Dilma Rousseff enquanto ela ainda era presidente da República:

Estratégia da oposição contra Moro no Senado

Durante a audiência pública, os senadores petistas evitaram levantar a bandeira da libertação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), preso em Curitiba, cumprindo pena na Lava Jato.

Se por um lado Moro chamou o The Intercept de Sensacionalista, os senadores petistas chamaram de sensacionalismo as operações da Lava Jato e chegaram a reclamar das medidas contra o ex-presidente durante as investigações. Contudo, evitaram falar em anulação da condenação do petista.

Os senadores Rogério Carvalho (PT-SE) e Humberto Costa (PT-PE) elevaram o tom nas críticas. Costa chegou a dizer que Moro “impediu” que milhares de brasileiros pudessem votar em “em seu candidato a presidente”, e que isso teria alterado o resultado das eleições presidenciais. Moro se resguardou dizendo que preferia não responder a agressões, e afirmou que em nenhum momento foi parcial em sentenças proferidas quando era magistrado.

A estratégia da oposição contra Moro ainda teve como objetivo angariar apoio de outros partidos nas críticas ao ex-magistrado o e à atuação da força-tarefa na condução do caso. O caso de Lula foi citado, inclusive, por um tucano durante a sessão.

O senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) disse que foi adversário do PT a vida toda, mas que reconhece abusos na condução da Lava Jato. Ele citou como exemplo a condução coercitiva do ex-presidente Lula e fez coro à afirmação de que o que está em jogo não é a Lava Jato, mas a conduta de Moro.

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