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Operação Dakovo

Servidor da PGR é suspeito de ligação com grupo que traficava armas para facções, diz jornal

Operação Dakovo
Apuração aponta que um servidor da PGR teve o nome citado em comprovantes de depósitos bancários. (Foto: divulgação/PF)

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Um servidor da Procuradoria-Geral da República (PGR) foi afastado das funções por suspeita de ligação com a organização criminosa desarticulada durante a Operação Dakovo, realizada na semana passada pela Polícia Federal. De acordo com o inquérito que o jornal O Estado de São Paulo teve acesso, com a publicação de trechos nesta terça (12), o nome dele aparece em comprovantes de depósitos bancários relativos ao grupo.

A PGR disse à Gazeta do Povo que a investigação é conduzida em sigilo pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público Federal (MPF) da Bahia. “Não há denúncia criminal no caso ainda, o que não impede a aplicação de outras medidas. Desde o início da investigação, foram adotadas todas as providências cabíveis tanto na esfera criminal quanto na administrativa”, afirmou.

Segundo apuração do Estadão, o MPF determinou o afastamento cautelar do servidor do cargo de analista processual da PGR por 30 dias, já que ele “possui cadastro ativo” nos sistemas de Justiça, “de modo que tem acesso a todos os processos, inclusive aqueles classificados com sigilo, o que denota a necessidade de seu afastamento”.

A apuração aponta que os investigadores examinaram supostas operações entre uma empresa da qual ele é sócio e uma companhia vinculada ao recebimento de pagamentos de armas e drogas, controlada por um intermediário da quadrilha. Esta organização atuava na fronteira entre Brasil e Paraguai, fornecendo armas para facções brasileiras como o PCC e o Comando Vermelho.

O servidor é suspeito de participar de operações financeiras ligadas ao intermediário, sendo sócio de duas empresas, a Steak House Restaurante e Bravoshop plataformas de vendas online, sendo esta última considerada uma empresa de fachada pela PF. Um outro sócio foi identificado como parte da uma empresa “sem empregados registrados e sem funcionamento no endereço constante nos seus registros cadastrais”.

A PF encontrou indícios de transferências de R$ 53 mil da conta da Bravo Brasil – Iphones Ltda, empresa do servidor, para contas usadas pelo intermediário, envolvendo pagamentos relacionados ao tráfico de armas e drogas. O analista também foi mencionado em relatórios de inteligência financeira por remessas suspeitas de R$ 100 mil e R$ 50 mil para a Bravo Brasil – Iphones, comunicadas por suspeita de lavagem de dinheiro.

O servidor não foi encontrado para se pronunciar sobre a investigação.

Na última terça (5), a Operação Dakovo prendeu 19 pessoas suspeitas de participação em um sofisticado esquema de tráfico internacional de armas que teria movimentado R$ 1,2 bilhão em três anos. A investigação apontou que os armamentos eram importados da Europa através de uma empresa paraguaia e comercializados a facções criminosas brasileiras.

Os mandados foram cumpridos em cinco estados brasileiros, no Paraguai e nos Estados Unidos. As investigações começaram em 2020 em Vitória da Conquista (BA) após a prisão de dois indivíduos portando 23 pistolas croatas e dois fuzis adulterados, além de munições e carregadores.

O grupo desarticulado enviava armas ilegalmente da Europa para a América do Sul, utilizando uma empresa em Assunção, capital paraguaia. Os armamentos, como pistolas, fuzis e munições, de fabricantes croatas, turcos, tchecos e eslovenos, eram adulterados no Paraguai e, em seguida, revendidos a intermediários na fronteira com o Brasil.

Os intermediários, por sua vez, repassavam as armas às principais facções criminosas brasileiras, incluindo o PCC. A Secretaria Nacional Antidrogas do Paraguai destacou que as armas eram revendidas em pequenas quantidades a pessoas utilizadas como “laranjas”, como empregados, diaristas ou estudantes, principalmente em Ciudad del Este, na fronteira com o Brasil, usando valores baixos para evitar fiscalizações.

Além das conexões com facções criminosas, as investigações revelaram que alguns armamentos foram vendidos a "locais de caça e pesca que se comprovaram inexistentes". As armas, conforme apontado pela Polícia Federal, eram utilizadas em diversos crimes, incluindo roubo, latrocínio, narcotráfico e terrorismo.

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