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Os servidores do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) realizaram um protesto, nesta quinta-feira (26), contra o presidente do órgão, Marcio Pochmann. As medidas "autoritárias" e "pouco transparentes" do economista à frente do IBGE foram as razões que motivaram as manifestações desta manhã.
O Sindicato dos Trabalhadores em Fundações Públicas Federais de Geografia e Estatística (Assibge) convocou o ato que ocorreu em frente à sede do Instituto, no Rio de Janeiro. Lideranças sindicais e funcionários do órgão participaram da manifestação.
"O ato exigirá que o presidente do IBGE, Marcio Pochmann, altere o comportamento autoritário que tem marcado suas ações recentes e estabeleça um real processo de diálogo com os servidores em relação às diversas alterações em curso no Instituto", diz a convocação para a manifestação nas redes sociais.
Pochmann foi a figura indicada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para assumir o IBGE, mas sua gestão tem criado uma crise entre técnicos e servidores. Considerado um aliado do chefe do Executivo, o economista já presidiu a Fundação Perseu Abramo, ligada ao PT, e o Instituto Lula.
A tensão veio à tona nos últimos dias, quando a Assibge emitiu um comunicado afirmando que o instituto estava enfrentando um "considerável risco institucional” e contestou uma série de determinações e mudanças feitas pela gestão de Pochmann
Entre os pontos contestados, a Assibge questiona fim do trabalho remoto, mudanças de locais de trabalho, alterações no estatuto do IBGE, novo organograma gerencial e, sobretudo, a criação de uma fundação pública de direito privado, a IBGE+, também chamada pelos críticos de “IBGE paralelo”.
O economista, por outro lado, rebate as críticas. Em um nota divulgada nesta semana, Pochmann afirmou que possui "respaldo ministerial" para fazer as mudanças contestadas.
Para analistas ouvidos pela Gazeta do Povo, a inédita tensão no órgão, responsável por fazer números estatísticos oficiais do país, ameaça o plano do governo de reconquistar para o Brasil o tão almejado grau de investimento das agências internacionais de risco, condição essencial para atrair capital estrangeiro.