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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deu posse ao publicitário Sidônio Palmeira como novo ministro da Secretaria de Comunicação Social (Secom) da Presidência da República na manhã desta terça (14). Ele deu carta-branca ao agora ministro-marqueteiro para gerir a pasta na tentativa de melhorar a comunicação do governo.
Sidônio afirmou que as ações do governo não chegam na grande sociedade por, entre outros motivos, o que seria uma “cortina de fumaça” feita pela "extrema-direita" nas redes sociais.
“Mentira nos ambientes virtuais fomentada pela extrema-direita cria uma cortina de fumaça na vida real, manipula pessoas inocentes e ameaça a humanidade”, disparou.
Ele emendou afirmando que “esse movimento aprofunda o negacionismo, a xenofobia e as violências raciais e de gênero. Promove um revisionismo histórico sob a regência do charlatanismo político que promete prosperidade imediata e pavimenta a cultura do ódio, do cancelamento e do individualismo”, pontuou.
Sidônio tomou posse em meio a mais uma crise do governo por conta da discussão sobre a fiscalização das transferências via Pix, que foi anunciada na semana passada sem uma explicação clara das reais pretensões da Receita Federal. Isso abriu margem para interpretações variadas e dúvidas sobre a possibilidade de taxação das operações – o que foi desmentido posteriormente pelo ministro Fernando Haddad, da Fazenda.
O presidente Lula não discursou no evento.
Sidônio Palmeira assume o cargo no lugar de Paulo Pimenta, ministro que iniciou na Secom junto com o terceiro mandato de Lula, mas acabou não conseguindo se antecipar às discussões sobre anúncios mal comunicados pelo governo. Ele chegou a ser alvo de reclamações públicas do presidente e de Haddad (Fazenda), que reconheceu que o governo tem problemas de comunicação.
O agora ministro-marqueteiro já vinha atuando nos bastidores do poder antes mesmo de tomar posse e orientou Lula no pronunciamento de fim de ano e, mais recentemente, no envio de um Pix para o Corinthians, seu time do coração, para provar que não haveria cobranças.
Sidônio Palmeira foi o marqueteiro responsável pela campanha eleitoral de Lula em 2022 com a criação do slogan (União e Reconstrução), participou das ações para a realização da COP 30 em Belém neste ano e do anúncio da isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil ao mês.
Na semana passada, Sidônio afirmou que o governo está iniciando um “segundo tempo”, em referência ao segundo biênio da gestão Lula, e que o objetivo agora é fazer as ações chegarem “na ponta”.
“Estamos começando um segundo tempo. Tem a gestão, a expectativa e a perspectiva popular, e precisamos juntar essas três coisas. Esse governo fez muito e essas coisas precisam chegar na ponta, esse é o desafio... Tem alguns problemas na comunicação, mas não é somente aqui na Secom. A comunicação deve ser do governo todo como um todo”, disse Sidônio ao lado de Pimenta após uma reunião com Lula que sacramentou a mudança.
Além da Secom, há a expectativa de que outros ministérios da Esplanada tenham seus titulares demitidos para acomodar mais indicados por partidos do centrão vitoriosos nas eleições municipais do ano passado, como do PSD e do União Brasil.
Secom contra “fake news”
Ao deixar o cargo, Pimenta expressou “gratidão e alegria” por ter sido ministro nos dois primeiros anos desta terceira gestão de Lula e se apresentou como um “petista raiz”, que o conhece desde a década de 1980.
“A luta incessante contra a mentira, contra fake news, que se transformou num modus operandi de setores da extrema direita mundial está aqui diariamente a nos desafiar”, completou apontando como um desafio que Sidônio terá que enfrentar. Ele não mencionou qual cargo no governo deve ocupar a partir de agora.
Pimenta afirmou, ainda, que sempre teve carta branca de Lula para desenvolver as ações da Secom e que eventuais limitações devem ser creditadas a ele. Também disse que entregará a secretaria a Sidônio “uma Secom em condições muito melhores do que aquela que chegamos aqui, até porque não existia a Secom. Foi totalmente reconstruída, totalmente reorganizada”.
Entre essas condições estão ações como a regionalização de conteúdos, a verificação de supostas desinformações do governo, “recuperação da EBC, que hoje voltou a ter credibilidade”, entre outras.
Ele ainda mencionou o que chamou de “perseguição da Lava Jato”, dizendo que acompanhou o presidente desde o mandado de prisão entregue em São Bernardo do Campo até a detenção em Curitiba. Afirmou que, durante anos, foi difícil ser militante do PT e lembrou dos atos de 8 de janeiro de 2023.