Sidônio Palmeira (à dir.), novo ministro da Secretaria de Comunicação do governo Lula| Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Ouça este conteúdo

O marqueteiro Sidônio Palmeira tomou posse nesta terça-feira (14) como ministro da Secretaria de Comunicação (Secom) após a saída do petista Paulo Pimenta. Sidônio chega ao Palácio do Planalto justamente com a promessa de ajustar a comunicação, um dos principais gargalos do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e em meio à crise sobre a fiscalização dos dados do Pix. 

CARREGANDO :)

O monitoramento será feito sobre todas as transferências acima de R$ 5 mil para pessoas físicas e de R$ 15 mil para pessoas jurídicas para evitar sonegação fiscal, segundo a Receita Federal. A decisão deve aumentar o impacto dos impostos na classe média e em trabalhadores informais por meio de impostos já existentes. A decisão gerou reações negativas contra o governo nas redes sociais nas últimas semanas e diversos integrantes do Planalto já atuam para tentar mitigar os efeitos junto ao eleitorado.

Partiu do novo ministro, por exemplo, a estratégia para que o presidente da República gravasse um vídeo que tentou classificar como “fake news” que o governo pretende taxar o Pix. Com a nova instrução, a Receita Federal passou a receber informações de operadoras de cartão de crédito e instituições de pagamento, como grandes varejistas, bancos virtuais e carteiras digitais.

Publicidade

Antes, apenas os bancos tradicionais, públicos e privados, repassavam esses dados à Receita. Quem não declarar o total de transferências realizadas poderá enfrentar problemas com o Fisco.

Secom vai atuar de forma integrada com os ministérios de Lula

Antes mesmo de tomar posse, Sidônio já vinha promovendo uma transição na pasta da comunicação, quando ele passou a atuar como consultor do governo e desenhou o discurso de Fernando Haddad, ministro da Fazenda, sobre o pacote de gastos e o discurso feito por Lula na semana do Natal. Além disso, o marqueteiro já vinha trabalhando há pelo menos duas semanas junto ao Ministério da Educação na estratégia de sanção do projeto de lei que proíbe os celulares nas escolas. 

O texto foi aprovado pelo Congresso Nacional e, segundo integrantes do Planalto, a proibição tem forte apoio junto à sociedade brasileira e pode ajudar na melhora da avaliação do governo. Lula sancionou o texto na segunda-feira (13) em uma cerimônia ao lado do ministro da Educação, Camilo Santana, e dos deputados Laura Carneiro (PSD-RJ) e Renan Ferreirinha (PSD-RJ). 

“Essa sanção significa o reconhecimento do trabalho de todas as pessoas sérias que cuidam da educação, que querem cuidar das crianças e dos adolescentes”, afirmou Lula. 

Além da comunicação de Lula, Sidônio irá coordenar o time de assessores dos ministérios que compõem o governo, a partir de diretrizes em comum para, segundo ele mesmo, “mostrar os feitos” do governo. 

Publicidade

"A informação dos serviços não chega na ponta. A população não consegue ver o governo em suas virtudes", admitiu.

Sidônio faz dança das cadeiras e deve demitir indicadas de Janja na Secom 

Para assumir a Secom, o marqueteiro pediu "carta branca" para fazer uma série de mudanças na estrutura do setor.  Na semana passada, por exemplo, o governo confirmou a demissão de José Chrispiniano, jornalista que atendia à imprensa no Palácio do Planalto e era responsável pelas publicações no perfil de Lula no X (ex-Twitter). 

Chrispiniano era muito próximo ao presidente da República e trabalhava com Lula desde 2011, após o petista deixar o cargo depois de dois mandatos consecutivos. O posto de secretário de imprensa do governo será ocupado pelo também jornalista Laércio Portela, secretário de comunicação institucional da Secom. 

Além dessa baixa, é esperado que Sidônio também demita Brunna Rosa, atual chefe de Estratégias e Redes da Secom, e Priscila Calaf, diretora do Departamento de Canais Digitais da Secretaria de Redes chefiada por Brunna. Ambas foram indicadas pela primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja. 

O agora ministro da Secom, no entanto, pretende manter uma proximidade com a primeira-dama. Os dois, por exemplo, analisaram juntos fotos que foram usadas no evento que marcou os dois anos dos atos de vandalismo de 8 de janeiro de 2023.

Publicidade

Em seu discurso de posse, ele agradeceu a parceria com Janja. "Agradeço à primeira-dama Janja, por quem nutro admiração, principalmente pela sua luta implacável pelos direitos humanos e sobretudo das mulheres", lembrou o ministro. 

Novo ministro vai focar em comunicação nas redes sociais e critica decisão da Meta 

Um dos principais focos de Sidônio à frente da Secom será o de tentar ampliar o engajamento do governo Lula nas redes sociais. A avaliação dentro do Planalto é de que a população não tem uma "percepção clara" sobre os feitos do governo após esses dois anos de gestão.  

O novo ministro da Secom criticou, por exemplo, as medidas anunciadas pela Meta de encerrar o programa de checagem de fatos no Facebook, no Instagram e Threads.

“Encaro a missão da comunicação como guardiã da democracia, sobretudo no combate à desinformação. Medidas como as anunciadas recentemente pela Meta são ruins porque afrontam os direitos fundamentais e a soberania nacional, promovendo um faroeste digital”, disse. 

Sidônio já admitiu publicamente que o governo precisa evoluir na comunicação digital. Uma licitação de R$ 190 milhões para a área foi barrada no Tribunal de Contas da União (TCU) por suspeita de irregularidades no ano passado. Na última semana, o órgão liberou o certame.  

Publicidade

Essa medida é vista dentro do Planalto como uma das principais apostas para melhorar avaliação de Lula e do próprio governo - já de olho nas eleições de 2026. O novo ministro tenta, por exemplo, trazer para Secom alguns integrantes da equipe de comunicação do prefeito reeleito do Recife, João Campos (PSB), aliado de Lula e considerado um “case de sucesso” nas redes sociais.  

O objetivo seria convencer o secretário de Comunicação da prefeitura do Recife, Rafael Marroquim, responsável pela campanha de Campos nas eleições de 2024, a fazer parte da Secom de Lula. 

Quem é Sidônio Palmeira 

Publicitário da Bahia, Sidônio Palmeira coordenou a campanha presidencial de Lula em 2022. Com a vitória do petista, o marqueteiro chegou a ser cotado para assumir a Secom ainda no começo do governo, mas acabou recusando o convite naquele momento. 

Antes da campanha presidencial de Lula, Palmeira se aproximou do PT em 2006, quando comandou a campanha vitoriosa de Jaques Wagner ao governo da Bahia. Além disso, também participou da campanha que elegeu Rui Costa ao governo estadual, em 2010. Em 2018, atuou na campanha presidencial de Fernando Haddad (PT) contra Jair Bolsonaro (PL). 

“Com a qualidade do Sidônio e o time que está montando, vamos fazer nesses próximos dois anos esse projeto chegar à vida de todos os brasileiros", disse o agora ex-ministro Paulo Pimenta.

Publicidade
Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]