Preso na manhã desta quarta (9) por suposta tentativa de interferir no deslocamento de eleitores do Nordeste no dia do segundo turno da eleição presidencial de 2022, Silvinei Vasques foi diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal em parte do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), entre os meses de abril de 2021 e dezembro de 2022.
Ele era responsável pelo esquema de policiamento nas rodovias federais brasileiras e, segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), teria organizado mais de 500 operações no dia 30 de novembro. Ele negou a suposta interferência e classificou a acusação como “falsa narrativa”.
Além das operações, Silvinei Vasques enfrenta acusações de improbidade administrativa por uso inadequado do cargo e símbolos da instituição policial durante as eleições presidenciais, supostamente pedindo votos ao então presidente que tentava a reeleição.
O ex-diretor publicou, no sábado anterior ao segundo turno das eleições, uma imagem em uma rede social com a bandeira do Brasil e o slogan "Vote 22, Bolsonaro presidente", posteriormente excluída. A postagem acarretou uma acusação do Ministério Público Federal (MPF) que levou à exoneração no final do ano passado.
Em dezembro do ano passado, Silvinei Vasques foi dispensado do cargo e solicitou aposentadoria voluntária aos 47 anos.
No dia da votação do segundo turno, Vasques se encontrou com o ministro Alexandre de Moraes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e disse que as operações de blitz miravam apenas motoristas com irregularidades, segundo o Código de Trânsito Brasileiro, comprometendo-se a encerrá-las nas rodovias federais.
Após a declaração da vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pelo TSE, Moraes assegurou que as operações da PRF não impactaram significativamente a votação, citando queda marginal na abstenção na Bahia, de 21,83% para 20,87%.
No entanto, o ex-diretor ainda é alvo de um inquérito da Polícia Federal por prevaricação, sob suspeita de desobedecer a ordem de Moraes ao montar as blitze. A PF e o Ministério Público Federal do Distrito Federal buscam esclarecer a conduta durante as eleições e o desmantelamento dos bloqueios de rodovias. A acusação recai sobre o crime de prevaricação, passível de pena de até um ano de prisão, além de multa.
Diante da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de janeiro, o ex-diretor-geral da PRF se defendeu das alegações de interferência na disputa presidencial, negando irregularidades nas operações de blitz. Durante seu depoimento, em junho, afirmou ter total autonomia no órgão.
Vasques rejeitou a influência na votação durante depoimento à CPMI e negou ter usado sua posição para beneficiar Bolsonaro nas eleições. O ex-diretor também buscou eximir Anderson Torres, ex-ministro da Justiça e seu superior na PRF, de responsabilidade nas supostas operações direcionadas. Vasques alegou que não recebeu instruções para prejudicar eleitores do PT.
Ele argumentou, ainda, ser “crime impossível” usar operações para obstruir o processo eleitoral, negando interferência no deslocamento de eleitores. Atribuiu as operações no Nordeste à estrutura da PRF na área.
Contudo, a CPMI aprovou no mês seguinte a quebra de seu sigilo bancário, fiscal, telefônico e telemático, com informações que teriam contestado as afirmações dadas durante o depoimento. Nesta quarta (9), a relatora da comissão, senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA), disse que pretende reconvocá-lo a prestar novo depoimento.
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