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Silvio Santos
Silvio Santos após encontro com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2010| Foto: Antônio Cruz/Agência Brasil

Ícone da televisão brasileira, o apresentador e empresário Silvio Santos, que morreu neste sábado (17) em São Paulo em decorrência de complicações respiratórias depois de contrair influenza, tinha fortes ligações com o mundo político. Tanto o atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), quanto o anterior, Jair Bolsonaro (PT), se manifestaram nas redes sociais, lamentando o falecimento.

Lula destacou que Silvio "foi a maior personalidade da história da televisão brasileira, e um dos grandes comunicadores do país". Acrescentou que "sua partida deixa um vazio na televisão dos brasileiros e marca o fim de uma era na comunicação do país".

Bolsonaro lembrou do apresentador como um "homem simples, de trato fácil, com um carisma irresistível. Começou como vendedor ambulante nas ruas do Rio e se tornou um dos maiores empresários de comunicação do Brasil", disse.

Empresário de sucesso, tentou disputar duas eleições

Já empresário de sucesso e uma das principais figuras da televisão brasileira, tentou entrar no mundo da política no final dos anos 80. Em 1988, propôs a candidatura à prefeitura de São Paulo, pelo Partido da Frente Liberal (PFL), atualmente União Brasil. A investida não foi adiante.

Nova tentativa foi feita no ano seguinte, quando o Brasil se preparava parara a primeira eleição presidencial após 25 anos. Ele decidiu candidatar-se ao Palácio do Planalto pelo nanico Partido Municipalista Brasileiro (PMB).

Em uma das propagandas da sua campanha, contou sua trajetória iniciada como ambulante e sinalizava quatro pontos de preocupação: alimentação, saúde, habitação e educação. Numa época de inflação elevada, prometeu o combate à alta nos preços e a correção nos salários dos trabalhadores;

A iniciativa se mostrou frustrada. Faltando seis dias para o primeiro turno, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) cassou a candidatura. Segundo a corte, o PMB não cumprira os requisitos para concorrer nas eleições. O apresentador também seria inelegível por ser dono de uma rede de TV, uma concessão pública. Após essas duas tentativas, não voltou a candidatar-se a cargos públicos.

Ligações de Silvio Santos com os presidentes começaram no início dos anos 70

A proximidade com o Palácio do Planalto, entretanto, é bem anterior às duas tentativas. Os primeiros contatos foram no início dos anos 70. Incentivado pelo humorista Manuel da Nóbrega, Sílvio decidiu ter seu próprio canal de televisão.

O apresentador chegou a encontrar-se com o presidente Emílio Garrastazu Médici para tentar obter a concessão que pertencia à TV Excelsior. A tentativa ficou pelo caminho.

A primeira concessão de televisão conquistada por Silvio foi a do canal 11 no Rio de Janeiro, que passou a ser conhecida como TVS. A licitação foi aberta em 1975 e as operações iniciaram em maio de 1976, depois de uma série de articulações que envolveram o então presidente Ernesto Geisel e integrantes do governo.

A expansão do império televisivo de Silvio Santos viria com o próximo presidente, João Batista Figueiredo, que abriu uma concessão para duas redes de televisão, uma delas substituindo a TV Tupi, a primeira estabelecida no Brasil.

Os contatos com o Planalto renderam frutos: em 19 de agosto de 1981 entrava em operação o SBT. As transmissões iniciaram com a solenidade da assinatura da concessão e um discurso de Silvio.

Após a criação da rede, o empresário tirou do papel um projeto chamado “A Semana do Presidente”, para divulgar as realizações do governo. O programa durou mais de 20 anos. “Eu sou um concessionário, um “office boy” de luxo do governo. Faço o que posso para ajudar o país e respeito o presidente, qualquer que seja o regime”, disse em entrevista à Folha de S. Paulo, em 1988.

Encontrou-se com o presidente José Sarney para discutir as concessões de TV, em maio de 1986, em um período que havia uma ameaça de revisão delas.

Também esteve, antes das eleições de 1989, com Fernando Collor de Mello, quando garantiu que não seria candidato ao Planalto. A promessa foi descumprida no final da campanha.

Mesmo com a eleição do alagoano, Silvio recebeu a ministra da Economia, Zelia Cardoso de Mello, em seu programa no início de 1990, para manifestar apoio às medidas econômicas, que objetivavam o controle da inflação.

No governo Itamar Franco, o apresentador recebeu o então ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso no seu programa, no início de 1994, para que este apresentasse os detalhes do Plano Real.

Lula gravou em 2008 uma mensagem para o Teleton, programa anual do SBT voltado para a arrecadação de fundos para a Associação de Assistência à Criação Deficiente (AACD). Um encontro entre os dois aconteceria em setembro de 2010, duas semanas antes de ser anunciada a quebra do banco PanAmericano, um dos negócios do empresário.

Com Dilma Rousseff (PT) encontrou-se em 2014. Silvio foi condecorado pela mandatária com a Ordem do Mérito das Comunicações. Após o impeachment, manifestou-se empolgado com as propostas de reforma trabalhista e previdenciária. Michel Temer (MDB) foi recebido no programa Silvio Santos em janeiro de 2018.

Os contatos com Jair Bolsonaro (PL) iniciaram antes da posse no Planalto. Em novembro de 2018, durante o Teleton, os dois conversaram durante a transmissão do evento. Silvio disse que torcia para que o presidente eleito fizesse um bom governo e que fosse reeleito quatro anos depois.

Pelo menos dois encontros foram realizados entre o empresário e o presidente. Bolsonaro foi entrevistado em maio de 2019 no programa Silvio Santos. No ano seguinte, o mandatário esteve na casa do apresentador, que lhe manifestou simpatia. Os afagos ao Planalto continuariam no terceiro mandato de Lula. No ano passado, durante o programa que comemorou os 60 anos do programa Silvio Santos, o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) foi recebido pela apresentadora Patrícia Abravanel, filha de Silvio.

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