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Simone Tebet Lula
Apoio de Simone Tebet no segundo turno da eleição presidencial foi decisivo para vitória de Lula nas urnas| Foto: Fernando Bizerra/EFE

Um dos primeiros nomes confirmados na equipe de transição, a senadora Simone Tebet (MDB) vai atuar na área de desenvolvimento social, que cuida de políticas públicas como transferência de renda e assistência social. A escolha é vista como um forte sinal de que ela estará no primeiro escalão do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no ano que vem.

“A Simone, com a sua experiência, e com a sensibilidade, a força da mulher, vai trabalhar conosco na área do desenvolvimento social, que é importantíssima”, disse, na terça-feira (8), o vice-presidente eleito Geraldo Alckmin (PSB), ao confirmá-la na equipe.

Alckmin afirmou que essa área constitui, junto com a economia, um dos grandes desafios do novo governo, o que só reforça o prestígio conferido pelo futuro governo a Tebet. “Eles [os dois desafios] não disputam, são sinérgicos. É preciso ter uma agenda de eficiência econômica e de competitividade, e de outro lado uma rede de proteção social que é extremamente importante”, explicou o vice-presidente.

A senadora afirmou que a pauta social é “o grande fim desse projeto que se sagrou vencedor nas urnas”. “E é disso que nós vamos tratar. Da fome, da geração de emprego, renda, e de recursos para fazer políticas públicas, habitação, melhoria na área da saúde, da educação”, disse.

Também foram anunciados para a área de desenvolvimento social os nomes de Márcia Lopes, Tereza Campello e André Quintão, todos ligados ao PT.

Desde que Lula foi eleito, especulações sobre quem comandará ministérios no novo governo incluem sempre o nome de Tebet. Alckmin, porém, despista dizendo que participar da transição não necessariamente significa indicação a uma das pastas. “São coisas diferentes”, afirmou.

Tebet “não precisa de cargo só por cargo”, diz Rigotto

Tebet, que foi adversária de Lula no primeiro turno da corrida presidencial, tem sido cotada para ministérios como o da Agricultura, por sua ligação com o agronegócio, e o da Cidadania, responsável por políticas sociais como o Auxílio Brasil.

A senadora ganhou projeção por ter ficado em terceiro lugar na disputa de primeiro turno, obtendo 4,16% dos votos – mais do que Ciro Gomes (PDT), que teve 3,04%. Na segunda etapa do pleito, Tebet declarou apoio a Lula e participou intensamente da campanha. Ela apareceu no horário eleitoral e esteve em eventos junto com o petista, reforçando a ideia de que a candidatura de Lula representava uma "frente ampla em prol da democracia". O intuito da campanha do PT era, por meio dela, se aproximar do eleitorado de centro.

Germano Rigotto, ex-governador do Rio Grande do Sul que coordenou o plano de governo da senadora na disputa pela Presidência e que também foi indicado para a equipe de transição, disse à Gazeta do Povo que Lula “já tem demonstrado que quer Simone dentro da equipe de governo”.

Segundo ele, porém, a pasta que será ocupada depende de uma decisão do presidente e da própria senadora.

“Lula tem demonstrado o respeito que tem por ela e a importância que ela teve no processo eleitoral. Provavelmente, ela será convidada. E, nesse caso, a decisão é mais dela do que do partido. (...) Ela tem um nome nacional, mostrou competência, conteúdo, capacidade de articulação. Não precisa ter cargo só pelo cargo”, disse Rigotto.

Segundo ele, a senadora teria preferência por um ministério como o da Educação. A área teve atenção especial de Tebet durante a campanha. “Mas isso vai depender de uma decisão do presidente [Lula] e da senadora ao ser convidada. É algo muito pessoal”, disse o ex-governador. A designação dela para a coordenação da área de desenvolvimento social pode ser um indicativo de que ela assuma a pasta da Cidadania.

Após a campanha de 2022, Tebet imediatamente passou a ser cotada como presidenciável em 2026, ao lado de outros nomes, de outras vertentes políticas, como o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), e o governador eleito de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).

Um ministério de destaque no governo Lula poderia reforçar essa possibilidade para Tebet, que a partir de 2023 ficará sem mandato eletivo.

Outros nomes do MDB participarão da transição

Outros nomes do MDB também vão compor o governo de transição de Lula. Na terça-feira (8), a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, formalizou um convite para que o partido da senadora integre a equipe.

O presidente da legenda, Baleia Rossi, afirmou que o assunto seria debatido com líderes do partido. “É uma decisão que eu não vou tomar sozinho. O MDB tem muitos líderes, vou conversar com cada um deles. Mas posso adiantar que vejo no partido um espírito colaborativo”, afirmou.

Na quarta-feira (9), o MDB divulgou nota em que formaliza indicações para a equipe de transição.

Para o Conselho Político, o partido ofereceu os nomes dos senadores Renan Calheiros (AL) e Jader Barbalho (PA). Para a área de assistência social, além de Tebet, o partido indicou Reinaldo Takarabe. Por fim, para a área de Indústria, Comércio e Serviços, o indicado foi Germano Rigotto.

Na entrevista à Gazeta do Povo, Rigotto avaliou que a legenda não pode “cometer o erro” de discutir o apoio ao governo em troca de cargos. “Sempre condenei essa história de o MDB condicionar o apoio a espaços no governo. Não pode ter esse troca-troca. Mas a condução desse processo quem vai fazer é o presidente Baleia Rossi”, disse.

Há, porém, uma ala do MDB mais resistente a alianças com o PT. Durante a campanha, Lula acabou criando um mal-estar com o ex-presidente Michel Temer, um dos principais nomes do partido. No debate da TV Globo, o petista chamou Temer de “golpista”, em referência ao processo de impeachment de Dilma Rousseff (PT).

No segundo turno, Temer chegou a ensaiar um apoio público ao presidente Jair Bolsonaro (PL), mas acabou divulgando uma nota considerada neutra. O MDB também se declarou neutro e liberou seus filiados.

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