Afirmações feitas por uma sindicalista de que a ex-primeira dama, Michelle Bolsonaro, deveria ser destruída política e juridicamente foram rebatidas por parlamentares de oposição nas redes sociais e voltaram a atrair atenção para o site esquerdista "Opera Mundi". A publicação já originou polêmicas envolvendo o ex-presidente do PT, José Genoíno, e tem como fundador o jornalista Breno Altman. Ambos defenderam ataques terroristas contra Israel e em ao menos uma ocasião Genoíno justificou os ataques do Hamas no site.
No episódio envolvendo a ex-primeira dama, a professora e sindicalista, Elenira Vilela disse em uma live que a ex-primeira-dama, Michelle Bolsonaro, é “carta-chave” da direita, por isso, precisa ser destruída politicamente e “quiçá de outras formas” (alegadamente fazendo alusão à possibilidade de recorrer à Justiça para torná-la inelegível).
A fala fez parte de uma transmissão, feita em 22 de dezembro, do programa chamado Outubro, da TV Opera Mundi, que debatia se a direita chegaria mais fraca ou mais forte para o ano eleitoral de 2024. Naquele programa, Genoíno participou como um dos comentaristas. Mas as afirmações repercurtiram apenas nesta semana com a divulgação nas redes sociais por influenciadores de direita.
A ex-ministra dos Direitos Humanos, senadora Damares Alves (Republicanos-DF) foi uma das autoridades que questionou a “destruição” mencionada no vídeo. “Querem destruir a minha amiga Michelle Bolsonaro politicamente e quiçá de outras formas? Que formas seriam essas? Isso é uma ameaça de morte? Mas não era esse o povo do amor? Amor nada, é puro ódio”, disse a senadora na publicação.
A deputada Caroline De Toni (PL-SC) também compartilhou o vídeo e enfatizou o apoio à ex-primeira dama. “Essa fala precisa ser explicada. Nossa sempre primeira-dama não está sozinha”, disse a catarinense. O deputado Luciano Zucco (PL-RS) também compartilhou o vídeo. “Destruir a Michele Bolsonaro politicamente e quiçá de outras formas… Fora o desespero da esquerda essa fala nem [sic] tem tom de ameaça?”, comentou Zucco.
O advogado de Jair Bolsonaro (PL), Fabio Wajngarten também se manifestou após a repercussão e mencionou que a sindicalista deverá responder processo na Justiça. “A incitação, o induzimento, a promoção de ataques objetivos contra uma primeira-dama, certamente abala a democracia, bem como a ordem democrática, como também vem sendo interpretado pela corte superior, não podendo ser salvo conduto para qualquer manifestação ameaçadora nem intimidatória. A “corajosa” sofrerá o devido processo legal”, afirmou Wajngarten.
Opera Mundi diz que vídeo foi retirado de contexto e não houve ameaça contra Michelle
Após a repercussão do trecho mencionado, o Opera Mundi divulgou uma entrevista com a manifestação da sindicalista sobre o caso. Na matéria, o site defende que o vídeo difundido foi tirado de contexto, “criando um tom de ameaça à vida da ex-primeira-dama". “[O recorte] ignora que o termo usado na íntegra foi “destruir politicamente”, além de também omitir as menções da sindicalista sobre os diferentes problemas que Michelle enfrenta na Justiça, que envolvem possíveis crimes de corrupção”, acrescenta a publicação.
Na entrevista ao Opera Mundi, no entanto, Elenira reforçou que Michelle Bolsonaro deve ser combatida: “Ela representa o projeto autoritário e o fascismo, faz política por meio do proselitismo religioso e, sendo mulher, valida o projeto misógino do fascismo, confirmando a afirmação de Simone de Beauvoir [escritora francesa existencialista reconhecida pela defesa do feminismo], de que o 'opressor nunca seria tão forte se não tivesse cúmplices entre os oprimidos'”, disse a sindicalista.
Breno Altman e José Genoino acumulam polêmicas
O jornalista Breno Altman e o ex-presidente do PT, José Genoíno também acumulam polêmicas por manifestações e falas em publicações, algumas delas no Opera Mundi.
Genoíno disse em uma live da publicação que os ataques do Hamas a Israel seriam um direito de resistência. “O direito à resistência contra a tirania não pode ser conceituado como terrorismo, que é o argumento para a ordem imperialista, Otan, junto com o Estado de Israel: exercer a eliminação dos palestinos”, disse o ex-deputado sobre a guerra em Israel.
Altman, que é fundador e colunista do Opera Mundi, causou polêmica no X (Twitter) exaltando a atuação do Hamas e comemorando o bombardeio do Hezbollah contra Israel.
Ele já associou judeus a ratos que deveriam ser caçados e foi obrigado a excluir sua publicação por decisão da Justiça por "injúria e eventual calúnia" contra o povo judeu. Altman escreveu que "não importa a cor dos gatos, desde que cacem ratos". A manifestação foi defendida por petistas, como a presidente do partido, deputada Gleisi Hoffmann (PT-PR), que depois reclamou de ser rotulada de antissemita.
Em 2021, Genoíno também havia usado o Opera Mundi para atacar as Forças Armadas do Brasil e difundir a ideia de integração militar entre países governados pela esquerda na América Latina.
A Gazeta do Povo procurou os responsáveis pelo Opera Mundi para comentar as falas de seu fundador e do ex-presidente do PT. Em resposta, o site afirmou que os seus convidados e jornalistas “têm direito à livre manifestação e não cabe a nosso veículo referendá-las ou não”.
Sobre as falas de seu fundador, Breno Altman, o site afirma que tratava-se da uma avaliação de “uma situação política concreta, real, não um julgamento moral, sobre a situação palestina”. “O ditado mencionado tornou-se famoso por conta dos posicionamentos de Deng Xiaoping, ex-secretário do PC [Partido Comunista] Chinês, em relação à economia, que Breno transplantou para a situação do oriente médio, em que restam poucas opções não-violentas de resistência ao colonialismo israelense.”, disse o site me nota.
Já sobre as falas de Genoino, o Opera Mundi pontuou que “o direito à resistência é um conceito ligado ao pensamento do filósofo liberal John Locke, e José Genoíno parece referir-se a isto”. No entanto, o pensamento de Locke, na verdade, apoia o direito de resistência de um povo contra um tirano por seu próprio povo. A Faixa de Gaza é governada pela autocracia do Hamas e não do governo democrático de Israel.
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