Por unanimidade, o Supremo Tribunal Federal (STF) negou, nesta quinta-feira (8), um pedido do PSL para que fossem declarados inconstitucionais dois artigos do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) que impedem a apreensão de menores de idade para averiguação ou por perambular pelas ruas. O objetivo da legenda era endurecer punições a jovens infratores.
O placar foi de 11 votos a zero contra o pedido do partido do presidente Jair Bolsonaro. O relator do caso, ministro Gilmar Mendes, deu parecer contrário ao pleito e foi acompanhado pelos ministros Ricardo Lewandowski, Alexandre de Moraes, Edson Fachin, Luís Roberto Barroso, Rosa Weber, Luiz Fux, Marco Aurélio, Celso de Mello e Dias Toffoli.
O PSL entrou com uma Ação Direta de Inconstitucionalidade em 2005. O partido alegava que os artigos 16 e 230 do ECA eram inconstitucionais. O PSL dizia, ainda, que crianças em situação de rua hoje não podem ser recolhidas porque “adquiriram o direito de permanecer na sarjeta”.
A ação começou a ser julgada pelo plenário na quarta-feira (7). Foram ouvidas as sustentações orais contra e a favor do pedido feito pelo PSL. Quem representa a legenda na ação é o advogado Wladimir Sérgio Reale. Na tribuna do Supremo, ele argumentou que os artigos questionados pela legenda inibem a ação de agentes de segurança e resulta no aumento exponencial da violência.
Em seu voto, Gilmar Mendes destacou que, ao flexibilizar os artigos do ECA, as autoridades de segurança pública estariam livres praticar arbitrariedades contra crianças e adolescentes. “A declaração de inconstitucionalidade do referido tipo penal representaria um verdadeiro cheque em branco para que detenções arbitrárias, restrições indevidas as liberdades dos menores e violências de todo tipo pudessem ser livremente praticadas, o que não pode ser admitido”, declarou.
“O que se pretende é uma carrocinha de recolhimento de crianças”, criticou o ministro Luiz Fux, ao votar acompanhando Gilmar. “Essas crianças precisam de sentimento de pertencimento, precisam de acolhimento pela sociedade, não de afastamento para uma instituição”, completou o ministro.
Em seu voto como relator, Gilmar Mendes também destacou que os direitos de crianças e adolescentes, assegurados pelo ECA, são cláusula pétrea da Constituição e não podem ser restringidos. “Destaque-se que a existência da devida norma não impede a detenção em flagrante pela prática de atos análogos a crimes. Por outro lado, uma maior restrição a liberdades civis e a expansão indevida do aparato policial são características típicas de regimes autoritários”, ressaltou. “Nesse sentido, cabe ao Supremo, enquanto guardião dos direitos e liberdades fundamentais, coibir condutas que, em última análise, enfraquecem as regras do regime democrático e do Estado Democrático de Direito”, completou o relator.
Ao acompanhar o relator, o ministro Alexandre de Moraes destacou que o pedido do PSL visa a criminalização da pobreza, além de ser uma política de higienização. “Se falham os pais, se falha o Estado, se a sociedade falha [na proteção das crianças e adolescentes], vamos então criminalizar as condutas das crianças e adolescentes, principalmente das crianças que vagam pelos parques, que vagam pelas praças, internando todas. É uma política de higienização terrível”, disse. "É a volta da prisão para averiguação, só que muito mais grave, de uma criança, de alguém com menos de 12 anos”, criticou o ministro.
A ministra Rosa Weber também acompanhou o relator, destacado que o ECA está em sintonia com a Constituição. “Esses dispositivos guardam absoluta consonância com os espíritos, com os valores da nossa lei fundamental”, disse.
Conanda aprova aborto em meninas sem autorização dos pais e exclui orientação sobre adoção
Piorou geral: mercado eleva projeções para juros, dólar e inflação em 2025
Brasil dificulta atuação de multinacionais com a segunda pior burocracia do mundo
Dino suspende pagamento de R$ 4,2 bi em emendas e manda PF investigar liberação de recursos
Triângulo Mineiro investe na prospecção de talentos para impulsionar polo de inovação
Investimentos no Vale do Lítio estimulam economia da região mais pobre de Minas Gerais
Conheça o município paranaense que impulsiona a produção de mel no Brasil
Decisões de Toffoli sobre Odebrecht duram meses sem previsão de julgamento no STF