O empresário Paulo Marinho, suplente de Flávio Bolsonaro em sua vaga no Senado, afirma que o filho do presidente foi avisado antecipadamente da deflagração da operação Furna da Onça, que atingiu o seu então assessor Fabrício Queiroz. O senador nega e diz que declarações são um "invenção" de Marinho, que é "alguém desesperado e sem votos". Leia a íntegra da nota de Flávio Bolsonaro.
De acordo com o empresário, as informações foram repassadas a Flávio por um delegado da Polícia Federal (PF), que seria simpatizante de Bolsonaro, entre o primeiro e o segundo turno das eleições. Sob orientação de Flávio, três pessoas de confiança do senador – seu chefe de gabinete, Miguel Braga; seu advogado, Victor Alves; e Val Meliga, irmã de milicianos presos – teriam encontrado com o delegado na porta da Superintendência da PF no Rio. A operação Furna da Onça ocorreu em novembro de 2018.
As revelações foram feitas por Marinho em entrevista à colunista Mônica Bergamo, da Folha de S. Paulo. O empresário, que é pré-candidato à prefeitura do Rio de Janeiro pelo PSDB, afirma ter sido procurado por Flávio Bolsonaro no dia 12 de dezembro. O senador estaria interessado na indicação de um advogado criminalista. A operação Furna da Onça já havia sido deflagrada.
"Ele estava absolutamente transtornado", afirmou Marinho. Segundo ele, Flávio estaria "lamentando a quebra de confiança de Queiroz", e preocupado com os efeitos do episódio no futuro governo do pai. "Ele chegou até a ficar emocionado, a lacrimejar", disse o empresário.
Operação teria sido atrasada para não prejudicar candidatura de Bolsonaro
De acordo com o empresário, o delegado da PF teria afirmado, ainda, que a operação Furna da Onça não foi deflagrada durante as eleições para "não atrapalhar o resultado das eleições". "Eu sugiro que vocês tomem providências. Sou eleitor, adepto, simpatizante [da campanha de Jair Bolsonaro], e nós vamos segurar essa operação para não detoná-la agora", teria dito o informante.
Após o episódio, o próprio Jair Bolsonaro teria pedido para que o filho demitisse Queiroz de seu gabinete na Assembleia Legislativa do Rio. A filha de Queiroz, envolvida na operação, também foi demitida.
Leia a íntegra da nota de Flávio Bolsonaro
O desespero de Paulo Marinho causa um pouco de pena. Preferiu virar as costas a quem lhe estendeu a mão. Trocou a família Bolsonaro por Dória e Witzel, parece ter sido tomado pela ambição. É fácil entender esse tipo de ataque ao lembrar que ele, Paulo Marinho, tem interesse em me prejudicar, já que seria meu substituto no Senado. Ele sabe que jamais teria condições de ganhar nas urnas e tenta no tapetão. E por que somente agora inventa isso, às vésperas das eleições municipais em que ele se coloca como pré-candidato do PSDB à Prefeitura do Rio, e não à época em que ele diz terem acontecido os fatos, dois anos atrás? Sobre as estórias, não passam de invenção de alguém desesperado e sem votos.
Relembre o caso Queiroz
A operação Furna da Onça investigou esquemas de pagamento de propinas na Assembleia Legislativa do Rio, e também detectou movimentações atípicas em contas de assessores de 21 deputados. Entre eles, estava Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio Bolsonaro.
Segundo um relatório do antigo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), o ex-assessor recebeu depósitos de seus colegas de gabinete. A movimentação, segundo o órgão, chegou a R$ 1,2 milhão – valor considerado incompatível com os ganhos de Queiroz.
Para o Ministério Público do Rio, os indícios apontam para a prática de "rachadinha", isto é, da devolução de parte do salário dos funcionários a Flávio Bolsonaro. Ainda segundo os promotores, há indícios de que Flávio teria lavado dinheiro por meio da compra e venda de imóveis.
O senador nega todas as acusações. À época, Flávio afirmou que tratava-se de uma tentativa de atingir o governo de seu pai.
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