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Lava Jato

Suspeição de Moro no caso tríplex pode ser revertida no plenário do STF?

Suspeição de Moro
Plenário do STF vai analisar recurso contra decisão que anulou processos contra Lula em Curitiba. E isso tem tudo a ver com a suspeição de Moro. (Foto: Dorivan Marinho/STF)

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A decisão da Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) de declarar a suspeição do ex-juiz Sergio Moro no processo do tríplex do Guarujá, que condenou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, pode ter seus efeitos revertidos pelo plenário da Corte.

Os 11 ministros irão julgar, provavelmente no início de abril, recurso apresentado pela Procuradoria-Geral da República contra decisão do ministro Edson Fachin que anulou as condenações de Lula na Lava Jato de Curitiba, proferida no dia 8.

A decisão monocrática de Fachin, em habeas corpus, é baseada na alegação de que a 13.ª Vara Federal de Curitiba, onde o petista foi julgado, não era competente para a análise dos processos. Fachin também declarou na decisão a perda de objeto sobre outros processos, como o julgamento da suspeição de Moro na Segunda Turma.

No dia 9 de março, quando foi retomado o julgamento da suspeição de Moro, Fachin apresentou uma questão de ordem na Segunda Turma e sinalizou que o pedido não precisaria mais ser julgado após ele declarar incompetência da 13.ª Vara Federal de Curitiba na decisão monocrática do habeas corpus. O presidente da turma, ministro Gilmar Mendes, abriu votação e, por quatro votos a um (apenas o de Fachin), os ministros decidiram dar continuidade ao debate.

Ao proferir o voto sobre a questão, o ministro Nunes Marques citou a correlação entre a suspeição e o julgamento da decisão de Fachin em plenário. "Decretando ou não a suspeição, seja qual for a deliberação dessa segunda turma, essa decisão fica logicamente caudatária e dependente do processo principal, que irá decretar ou não a nulidade", disse o ministro. A ministra Cármen Lúcia avalizou a argumentação.

O debate indica que, se o plenário mantiver integralmente a decisão do habeas corpus de Fachin, o julgamento sobre a suspeição de Moro feito pela Segunda Turma pode não ter eficácia processualmente. Ainda assim, há diferentes interpretações sobre a correlação entre as decisões.

Para o advogado David Metzker, sócio da Metzker Advocacia, o plenário não vai mais abordar a questão da parcialidade de Moro. O que estaria em jogo, na visão dele, é que o habeas corpus de Fachin poderia perder objeto. "O que o plenário vai decidir, é se ocorrerá a perda do objeto desse HC [o habeas corpus apresentado pela defesa de Lula], diante da incompetência [da 13ª Vara de Curitiba]. Entendo que uma coisa não anula a outra, e, mesmo que seja declarada a incompetência, deveria e deve permanecer essa decisão da suspeição, por ser mais ampla. Não será discutida a parcialidade e sim somente a perda do objeto", afirmou o advogado David Metzker, sócio da Metzker Advocacia.

PGR também pedirá revisão da decisão da suspeição

A PGR anunciou, nesta terça, que pedirá ao STF para que a decisão da Segunda Turma seja revista pelo plenário do tribunal. Segundo reportagem da revista Veja, o vice-procurador Humberto Jacques de Medeiros alega que a natureza da decisão, que envolve o debate da aceitação ou não de provas obtidas de modo ilícito, exige a apreciação da totalidade dos ministros da Corte.

Nesta terça, um dos elementos mais citados pelos ministros foram as supostas conversas entre Moro e integrantes da Lava Jato que foram obtidas por hackers e apreendidas pela Polícia Federal. O ministro Nunes Marques disse que a aceitação das provas contra Moro representaria uma violação à privacidade e uma legitimação da ação dos hackers. No entanto, os ministros do STF afirmaram no próprio julgamento que não levaram em conta os diálogos para declarar a suspeição de Moro. A própria defesa de Lula havia retirado qualquer menção às mensagens no pedido de habeas corpus.

O advogado criminalista Fernando Parente, sócio do Guimarães Parente Advogados, avalia que o plenário não tem o poder de reverter uma decisão tomada por uma turma do Supremo. "Em relação ao que foi discutido hoje [terça], a suspeição de Moro no caso do tríplex, não há o que fazer", declarou.

"O que o Supremo irá fazer no julgamento sobre a decisão de Fachin é discutir se o entendimento dele de anular os processos foi correta ou não", declarou Parente. Isso, segundo o advogado, não dirá respeito ao teor das acusações contra Lula ou das atitudes de Moro ou da Lava Jato no julgamento, e sim sobre a competência da Vara de Curitiba para aferir os processos que envolvem o ex-presidente.

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