Em depoimento à Polícia Federal obtido pelo G1, o DJ Gustavo Henrique Elias Santos negou participação na invasão do celular do ministro da Justiça, Sergio Moro, e disse que também foi vítima de um hackeamento de Walter Delgatti Neto em seu celular. Os dois foram presos na última terça-feira (23), junto com Suelen Priscila Oliveira e Danilo Marques. Gustavo disse, ainda, que Delgatti teria lhe mostrado vários ícones em seu computador com contas do Telegram em nome de terceiros, entre eles um ícone da conta de Moro. Ele não soube dizer à PF se Delgatti teria recebido pagamento para acessar as contas de autoridades.
O DJ também afirmou em seu depoimento desconhecer o envolvimento de Delgatti com fraudes bancárias ou golpes financeiros praticados pela internet. Santos também contou à polícia estava com Delgatti quando ele foi preso em São Paulo pelo uso de documentos falsos e que, na ocasião, Delgatti portava um extrato bancário editado no valor de R$ 1,8 milhão. Segundo Santos, o amigo teria editado o extrato “com o objetivo de se vangloriar”.
O DJ também afirmou que faz operações de compra e venda de criptomoedas pela internet, principalmente Bitcoin. Santos disse à PF que o dinheiro para o investimento em moeda virtual veio de recursos obtidos na atividade de DJ e jogos on line.
Suelen Oliveira
Já Suelen, em seu depoimento que também foi obtido pelo G1, confirmou que a renda de seu companheiro, Gustavo Santos, vem da atividade de DJ e de investimentos em moedas virtuais. Segundo ela, os R$ 100 mil em espécie encontrados pela PF na casa do casal tem origem nessas atividades de Gustavo. Ela também disse em seu depoimento que não sabe a origem dos recursos que movimentou em sua conta bancária, que foram considerados suspeitos. Segundo a PF, ela movimentou R$ 203,5 mil entre março e maio deste ano, sendo que sua renda declarada é de R$ 2,1 mil mensais.
Ela também confirmou ter presenciado o momento em que o companheiro percebeu ter tido o celular hackeado por Delgatti. Suelen também negou ter conhecimento sobre a invasão de celulares de autoridades por parte tanto de Gustavo Santos quanto de Delgatti.
Danilo Marques
O G1 também teve acesso ao depoimento de Danilo Marques à PF. Ele contou que sua fonte de renda vem da atividade de motorista de Uber. Ele também contou que Delgatti relatou a ele que era vítima de extorsão pela Polícia Civil de São Paulo e que presenciou uma extorsão de um advogado, que dizia existir um BO contra Delgatti para resolver na delegacia. Ele disse à PF não saber como o amigo conseguia dinheiro para pagar as extorsões.
Marques também contou que, em razão da amizade que mantinha com Delgatti, concordou em emprestar seu nome para que o amigo alugasse uma casa em Ribeirão Preto. Segundo o motorista, as contas de energia, internet e outras também ficaram em seu nome. Marques também teria emprestado uma conta bancária em seu nome ao amigo.
O motorista de Uber também disse desconhecer os fatos relacionados à invasão em celulares de autoridades.
Prisões
Walter Delgatti, Gustavo Santos, Suelen Oliveira e Danilo Marques foram presos temporariamente na última terça-feira (23) na operação Spoofing, da PF, sob suspeita de envolvimento na invasão de celulares de Moro e outras autoridades. As prisões decretadas venceriam neste sábado, mas foram prorrogadas por mais cinco dias pelo juiz Valisney Oliveira, da Justiça Federal de Brasília.
A PF alegou que a prorrogação era necessária para o aprofundamento das investigações. A polícia também informou ao juiz que está na iminência de conseguir acessar os celulares do casal Gustavo e Suelen e, assim, conseguir acesso às contas em moedas virtuais dos dois.
Ao prorrogar as prisões, Valisney Oliveira destacou que a PF ainda precisa apurar o completo cenário e a profundidade das invasões praticadas, já que a PF testa que cerca de mil números telefônicos foram alvos dos ataques; localizar a origem da quantia apreendida com o casal Gustavo e Suelen nas buscas realizadas na data da prisão e apurar se eles possuem ligação com a atividade de invasão diretamente realizada por Delgatti; descobrir mais sobre a apreensão em poder de Danilo Marques de 60 chips lacrados para telefone celular pré-pago da TIM e sua destinação e utilidade e sua relação com as investigações.