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O delegado Tácio Muzzi vai assumir a Superintendência da Polícia Federal do Rio de Janeiro após o atual chefe da corporação fluminense Carlos Henrique Oliveira ser convidado por Rolando Alexandre de Souza para a direção-executiva da PF. Atualmente, Muzzi é delegado regional executivo da PF do Rio e já atuou interinamente à frente da corporação fluminense no ano passado.
Além disso, chefiou a Delegacia de Repressão à Corrupção e Crimes Financeiros no Rio, foi coordenador da Lava Jato no estado e acumula passagem pelo Ministério da Justiça e da Segurança Pública (MJSP). Muzzi atuou em operações que culminaram na prisão do ex-governador do Rio Sergio Cabral e do empresário Eike Batista, segundo a assessoria de imprensa da PF.
Muzzi chefiou a PF como interino em 2019 após a crise envolvendo o antecessor de Oliveira no comando da corporação, o delegado Ricardo Saadi. Em agosto do ano passado, o presidente Jair Bolsonaro tentou trocar o superintendente da corporação fluminense pela primeira vez e acabou gerando atrito com então ministro Sergio Moro e o diretor-geral da corporação, Maurício Valeixo.
Muzzi tem fama de "competente e honesto" entre os colegas
Doutor em Direito Empresarial pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Muzzi atuou entre 2017 e 2018 como diretor-geral do Departamento Penitenciário Nacional (Depen) e diretor-adjunto do Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional (DRCI), órgãos ligados ao MJSP.
O delegado tem experiência e a fama entre seus pares de "competente e honesto". Segundo a coluna de Bela Megale, no jornal O Globo, a indicação de Muzzi para chefiar a Superintendência da Polícia Federal do Rio acalmou os ânimos dentro do órgão. A decisão de trocar o atual comando da praça causou muitas críticas ao novo diretor-geral da PF. Mas a escolha de um nome fora da lista do presidente e de sua família fez com que a resistência diminuísse.
"A indicação do dr. Tácio Muzzi para assumir a superintendência da Polícia Federal no Rio de Janeiro é positiva, diante de todo seu histórico, inclusive nesse estado", disse a delegada Tânia Prado, presidente do Sindicato dos Delegados da Polícia Federal em São Paulo.
Atual chefe da polícia no Rio será o número 2 da PF em Brasília
Muzzi vai ocupar a vaga na Superintendência do Rio deixada pelo delegado Carlos Henrique Oliveira, que será o número dois do novo diretor-geral, Rolando Souza. Um dos primeiros atos do novo chefe da PF, após sua posse na segunda-feira (4), em cerimônia a portas fechadas e não divulgada que durou 20 minutos, foi trocar o comando da superintendência da corporação no Rio. A promoção de Oliveira foi vista por delegados como uma forma "estratégica" de mudar o comando da PF fluminense.
A troca da superintendência, área de interesse do presidente Jair Bolsonaro e seus filhos, chegou até a entrar no radar dos investigadores que apuram suposta interferência do presidente da República na corporação. A decisão de Rolando é argumento em ação que pede a suspensão imediata de sua nomeação.
Ao anunciar sua saída do governo Bolsonaro, Moro acusou o presidente de suposta interferência política na PF envolvendo trocas na diretoria-geral e em superintendências regionais da corporação. No último sábado (2), em longo depoimento que prestou na Polícia Federal em Curitiba, Moro disse que recebeu mensagem pelo aplicativo WhatsApp do presidente da República, cobrando a substituição do superintendente do Rio de Janeiro.
O ex-ministro relatou que a mensagem tinha, mais ou menos o seguinte teor: "Moro você tem 27 Superintendências, eu quero apenas uma, a do Rio de Janeiro."