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Auditoria

TCU aponta mais irregularidades em contratos firmados com irmã de ministro de Lula

Juscelino Filho
Auditoria encontrou irregularidades em contratos para pavimentação na cidade de Vitorino Freire, governada por irmã de Juscelino Filho. (Foto: reprodução/Facebook Juscelino Filho)

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Auditorias realizadas pelo TCU (Tribunal de Contas da União) e pela CGU (Controladoria-Geral da União) revelaram diversas irregularidades em obras de asfaltamento da Codevasf nas ruas de Vitorino Freire, no Maranhão. O município é governado por Luanna Rezende (União Brasil-MA), irmã de Juscelino Filho (União Brasil), ministro das Comunicações do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Na semana passada, Luanna foi alvo de mandados de busca e apreensão em uma operação da Polícia Federal e afastada da prefeitura, e Juscelino teve R$ 835 mil bloqueados pela Justiça por suspeita de desvio de verbas federais da estatal. Ambos negam ter cometido irregularidades.

As investigações do TCU e da CGU são à parte da operação da semana passada, e apontam para problemas como a indicação irregular do local das jazidas de asfalto, o que elevou o valor do transporte, bem como a baixa qualidade das obras. A auditoria foi revelada pelo UOL neste final de semana e confirmada pela Gazeta do Povo.

A CGU identificou um superfaturamento de pelo menos R$ 2,2 milhões em contratos assinados pela prefeitura de Vitorino Freire em 2019, que já foram executados. Esses recursos devem ser devolvidos aos cofres públicos.

O TCU realizou uma vistoria em dois contratos de pavimentação custeados pela Codevasf, com orçamento inicial de R$ 8,05 milhões naquele ano. Entretanto, os custos aumentaram devido a aditivos assinados após a empresa vencer a licitação.

Os técnicos do TCU identificaram que os aditivos foram solicitados pela empreiteira Engefort, com sede em Imperatriz (MA), alegando a necessidade de ampliar a quantidade de material usado devido a uma suposta alteração na programação de ruas asfaltadas. Isso teria aumentado a distância tanto para a jazida de asfalto quanto para o local de descarte, elevando os custos do transporte.

“Na manifestação do gestor não é apresentada justificativa sobre a necessidade de utilizar uma jazida de material localizada com distância superior a 30 km da área urbana em detrimento da que foi originalmente especificada pela própria Prefeitura de Vitorino Freire, com distância em torno de 9 km”, explica o ministro Jorge Oliveira no acórdão da auditoria a que a Gazeta do Povo teve acesso (veja na íntegra).

Um dos contratos analisados apontou que a distância entre a jazida e a obra passou de 8,9 km para 24,6 km, e entre a obra e o descarte de 9,3 km para 17,8 km. Essa mudança teria gerado um custo extra milionário ao contrato, de R$ 504 mil para R$ 1,57 milhão.

No entanto, o TCU considera que não há justificativa técnica para esses aditivos, uma vez que a área urbana da cidade está concentrada em um raio de 1,5 km, e não haveria custos adicionais. Além disso, o tribunal afirma que não houve qualquer rua asfaltada além do previsto nos contratos.

“Não houve diferenças na relação de ruas asfaltadas, conforme alegado para justificar a realização do aditivo ao contrato. O que ocorre é somente uma pequena diferença nos quantitativos de extensão (7.319,24 m e 7.285,23 metros lineares) e área (43.169,67 m² e 43.278,49 m²) a ser pavimentada, diferença essa, inferior a 1% do valor total”, afirma trecho do documento.

Outra irregularidade apontada é o uso de informações irregulares sobre a jazida de asfalto, que, segundo a auditoria, nem sequer estava em operação durante as obras em 2020. “Utilizando a base de imagens de satélite, foi possível verificar que essa jazida entrou em operação somente no mês de fevereiro de 2022”, diz outro trecho da auditoria ressaltando que a obra foi realizada entre agosto e dezembro de 2020.

“Portanto, no período retrocitado (agosto a dezembro/2020) é possível conferir que a jazida referenciada na manifestação apresentada não se encontrava ativa no período. [...] Dessa forma, não se justificou a necessidade de alteração dos quantitativos de DMT da jazida por meio de aditivo ao contrato e, além disso, há inconsistência nos dados apresentados como resposta a questionamento realizado pelo Tribunal”, completou o ministro no acórdão.

A auditoria foi analisada pelo plenário do TCU, que pediu uma investigação mais aprofundada do caso, destacando que as irregularidades devem ser apuradas em processos autônomos.

A Gazeta do Povo entrou em contato com a Codevasf, a Engefort e a prefeitura de Vitorino Freire para explicarem as irregularidades encontradas pela auditoria do TCU e aguarda retorno. Já Luanna Rezende afirmou, na última sexta (1º) após a operação, que sempre se colocou à disposição das autoridades e órgãos de controle para prestar esclarecimentos.

A defesa de Juscelino Filho disse que toda a atuação dele como parlamentar e como ministro tem sido pautada pelo interesse público e pelo atendimento da população, e que ele não foi alvo de buscas da PF nesta operação.

"O inquérito vai servir justamente para esclarecer os fatos e demonstrar que não houve qualquer irregularidade. Emendas parlamentares são instrumentos legítimos e democráticos do Congresso Nacional. Juscelino Filho segue à disposição para prestar esclarecimentos às autoridades", afirmou.

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