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R$ 53 mil

TCU pede que comitiva de Bolsonaro devolva relógios de luxo recebidos do Catar em 2019

TCU relógios luxo
Representação ao TCU aponta que comitiva recebeu relógios de luxo que podem custar até R$ 53 mil de representantes do Catar. em 2019. (Foto: Valdenio Vieira/PR / Agência Brasil)

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O Tribunal de Contas da União (TCU) pediu, no final da tarde desta quarta (1º), que membros da comitiva do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) que viajaram a Doha, no Catar, em 2019, devolvam relógios de luxo recebidos de presente pelo governo do país.

A Gazeta do Povo teve acesso ao acórdão assinado pelo relator Antonio Anastasia e por Vital do Rêgo, vice-presidente em exercício da Corte, em que acolhe um pedido feito pelo deputado federal Ivan Valente (Psol-SP) sobre pelo menos nove relógios das marcas Hublot e Cartier, que podem custar até R$ 53 mil.

“O recebimento de presentes de uso pessoal com elevado valor comercial extrapola os limites de razoabilidade aplicáveis à hipótese de exceção prevista no art. 9º do Código de Conduta da Alta Administração Federal e no art. 2º, II, da Resolução CEP 3/2000 (troca protocolar e simbólica de presentes entre membros de missões diplomáticas), em desacordo com o princípio da moralidade pública, previsto no art. 37, caput, da Constituição Federal”, diz o acórdão.

A representação de Valente afirma que os relógios foram recebidos por Ernesto Araújo (ex-ministro das Relações Exteriores), Osmar Terra (deputado federal, MDB-RS), Sérgio Segovia Barbosa (ex-presidente da Apex-Brasil), Gilson Machado (ex-ministro do Turismo) e Caio Megale (ex-secretário do Ministério da Economia) quando já estavam de volta ao Brasil.

A comitiva também era composta por Onyx Lorenzoni (ex-ministro da Casa Civil) e o general Augusto Heleno (ex-ministro de Segurança Institucional), que teriam deixado os presentes em seus gabinetes. Já o ex-embaixador do Brasil em Doha, Roberto Abdala, teria devolvido o relógio “em razão do seu custo elevado”.

A Comissão de Ética Pública da Presidência da República (CEP-PR) chegou a analisar o caso em 2021, mas não identificou “conflito de interesses” e nem a “infringência de norma ética” pelo recebimento dos relógios por quatro votos a três dos integrantes.

No entanto, Anastasia considera que os objetos extrapolam o limite da razoabilidade e recomenda que a CEP-PR esclareça “as circunstâncias do recebimento de presentes ofertados por membros do Governo do Catar aos integrantes da comitiva oficial em viagem à Doha em 28/10/2019, a fim de garantir a observância dos mais elevados padrões éticos esperados pela sociedade”.

À Gazeta do Povo, Caio Megale informou que, à época do recebimento do item, reportou imediatamente ao Comitê de Ética da Presidência da República para saber como proceder nessa situação. Em 3 de março de 2022, a Comissão de Ética Pública da Presidência havia entendido que os presentes não precisariam ser devolvidos.

Mesmo assim, o economista optou por não fazer uso do objeto, que mantém-se intacto e embalado, sem nunca ter sido usado, caso houvesse mudança de orientação. Diante da nova recomendação do Tribunal de Contas da União (TCU), Megale irá devolver o relógio.

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