Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
Apostas

TCU exige ações do governo para barrar uso do Bolsa Família com bets

TCU exige ações do governo para barrar uso do Bolsa Família com bets
O ministro do TCU Jhonatan de Jesus determinou que o governo apresente as medidas contra o uso do Bolsa Família com bets em até 15 dias. (Foto: Samuel Figueira/TCU. )

Ouça este conteúdo

O ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) Jhonatan de Jesus determinou que o governo adote providências “imediatas” para impedir o uso do Bolsa Família com apostas de quotas fixas, as bets. A decisão cautelar, uma medida urgente e provisória, foi assinada neste domingo (15).

Para Jhonatan, a ordem é necessária em razão da “iminência de danos irreparáveis ou de difícil reparação decorrentes da ausência temporária de fiscalização efetiva”, pois a regulamentação das bets entrará em vigor em 1º de janeiro de 2025.

Os ministérios da Fazenda, do Desenvolvimento e Assistência Social, do Esporte e a Caixa Econômica Federal deverão encontrar “soluções técnicas imediatas com a finalidade de operacionalizar a vedação” a utilização desses recursos. O plano deve ser informado à Corte de contas em 15 dias.

“A atuação preventiva do Tribunal, ao impedir o desvio de finalidade desses recursos, visa proteger o erário, bem como a eficiência e a legitimidade da política pública, sem gerar impacto negativo irreversível para os beneficiários”, diz o documento. A medida cautelar atende a um pedido do Ministério Público junto ao TCU.

O ministro também solicitou informações sobre a “ausência de regras de fiscalização, de monitoramento e de sanção sobre o setor de apostas” que caracterizam um “vácuo normativo”. Segundo o Banco Central, apenas em agosto, cinco milhões de beneficiários do Bolsa Família gastaram R$ 3 bilhões com apostas on-line.

Jhonatan de Jesus afirmou que esses dados mostram um “comportamento incompatível com o estado de necessidade que justificaria o recebimento do auxílio; há indícios, portanto, de afronta à própria lógica subjacente ao programa assistencial”.

Ele defendeu que é preciso proteger grupos mais suscetíveis, como crianças e
adolescentes. O ministro destacou o impacto das bets nos orçamentos familiares de beneficiários agravam situações de vulnerabilidade socioeconômica. Além disso, reforçou que a decisão não deve prejudicar o “atendimento às famílias em situação de vulnerabilidade que atendam aos critérios legais de elegibilidade”.

STF também analisa impacto das bets

No mês passado, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luiz Fux já havia determinado que o governo vetasse o uso de recursos de programas sociais com bets. Fux é relator da ação da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) que questiona a constitucionalidade da regulamentação das bets.

A Advocacia-Geral da União (AGU) informou ao relator, na semana passada, que o governo não tem condições técnicas de impedir o uso do Bolsa Família em apostas on-line. O TCU faz a fiscalização dos impactos das bets na saúde pública e no poder de compra das famílias brasileiras desde novembro.

Jhonatan de Jesus disse que a atuação do TCU “não configura sobreposição às competências do STF”, pois são instâncias independentes e de natureza distinta. “A utilização indevida dos benefícios sociais em atividades que não observam os objetivos constitucionais subverte os fundamentos legais desses programas e justifica a adoção de medidas corretivas por parte do TCU”, reforçou.

Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.