O Tribunal de Contas da União vai investigar compras feitas sem licitação pelo ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MDIR) nos primeiros meses deste ano, após uma denúncia da deputada Julia Zanatta (PL-SC).
De acordo com a deputada, o ministério transformou a exceção prevista em lei em regra para gastar, somente nos primeiros seis meses deste ano, quase a totalidade do orçamento da pasta para 2023: R$ 510 milhões em aquisições com dispensa de licitação. A pasta nega a acusação e diz que do orçamento de 2023 executado até agora, 79% foram por meio de licitações.
A assessoria do Tribunal de Contas da União confirmou a existência de processo, que será relatado pelo ministro Jhonatan de Jesus. Ainda não há decisão sobre o caso e nem data prevista para apreciação em Plenário.
Em ofício enviado ao Tribunal de Contas, a deputada afirma que o total destinado a compras e contratações no ministério comandado por Waldez Góes (PDT) representa 97% da verba para 2023, e supera os gastos de todo o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, de 17,6% em aquisições com dispensa de licitação durante os quatro anos de mandato, entre 2019 e 2022.
A deputada Júlia Zanatta quer que o TCU investigue as compras, além do valor “estratosférico”. Segundo a parlamentar, o ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional gastou muito mais que outras pastas do governo Lula.
“Nesse mesmo período, enquanto o ministério da Defesa, Infraestrutura e Previdência Social utilizaram respectivamente 5,17%, 10,62% e 0,89% nas contratações com dispensa de licitação, o valor das contratações sem concorrência chega a quase 97%”, informa.
Tribunal de Contas vai apurar gastos
O Tribunal de Contas da União (TCU) fiscaliza os gastos públicos do governo e das administrações direta e indireta e, a partir do ofício enviado pela parlamentar, vai apurar as supostas irregularidades apontadas por Zanatta.
As normas para compras públicas permitem a dispensa de licitação apenas em casos excepcionais, como por exemplo, em situações de emergência, como guerras, calamidades públicas e comprometimento da segurança nacional.
Em entrevista à Gazeta do Povo, a deputada Júlia Zanata disse que fez o pedido de auditoria ao TCU porque a fiscalização faz parte das funções do parlamentar. Além disso, a deputada protocolou pedido de informações junto ao próprio ministério, para saber informações detalhadas sobre as contas e supostas irregularidades.
O ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional é comandado por Waldez de Góes (PDT), que governou o Amapá por quatro mandatos e é apadrinhado do senador Davi Alcolumbre (União Brasil – AP).
Ministério rebate informações
Procurado pela Gazeta do Povo, o ministério do Desenvolvimento Regional disse em nota que a informação sobre gastos por dispensa ou inexigibilidade em 2023 não é verdadeira. A pasta afirma ainda que não há sustentação dos números nem das comparações com o governo anterior.
Ainda de acordo com o ministério, "do orçamento de 2023 executado até agora, 79% foi por meio de licitações, e a previsão é que esse percentual chegue a 85% até o final do exercício, em dezembro".
O ministério ressaltou ainda que "as transferências para ações de ajuda humanitária, restabelecimento de serviços essenciais e reconstrução de infraestrutura danificada em casos de situação de emergência e estado de calamidade pública não são classificadas como dispensa ou inexigibilidade no Tesouro Gerencial".
De acordo com os dados da pasta, os repasses para essas situações de Proteção e Defesa Civil correspondem a R$ 246 milhões até junho deste ano. "Estados e municípios destinatários desses recursos são os responsáveis pelos procedimentos de execução", diz o ministério.
Ainda segundo o ministério, o restante do orçamento, utilizado nas modalidades de inexigibilidade e dispensa, representa R$ 396 milhões, dos quais 98% foram repassados para outros órgãos do Governo Federal por meio de Termos de Execução Descentralizada (TED). A pasta ainda disse que "no caso, os órgãos que recebem os recursos são responsáveis pelos processos de licitação e contratação".
Um dos exemplos é a Operação Carro-Pipa (OCP), com a descentralização de recursos do MIDR para o Exército Brasileiro. O objetivo do Programa é levar água potável a cidades atingidas pela seca na região do semiárido. Desde o início do ano, segundo a assessoria da pasta, já foram repassados para a OCP R$ 211 milhões, o que corresponde a 63% dos repasses nessa modalidade.
Triângulo Mineiro investe na prospecção de talentos para impulsionar polo de inovação
Investimentos no Vale do Lítio estimulam economia da região mais pobre de Minas Gerais
Conheça o município paranaense que impulsiona a produção de mel no Brasil
Decisões de Toffoli sobre Odebrecht duram meses sem previsão de julgamento no STF