O presidente Jair Bolsonaro fará na primeira semana de março a sua terceira viagem aos Estados Unidos desde que tomou posse. Nesta sexta-feira (21), ele anunciou no Twitter que, dentre seus compromissos, estão negociações para trazer ao Brasil uma fábrica da Tesla – montadora norte-americana de carros elétricos.
A agenda completa da viagem de Bolsonaro aos Estados Unidos ainda não foi divulgada, mas é certo que ele visitará Miami, na Flórida, com objetivos comerciais, diplomáticos e para fazer contatos com políticos do Partido Republicano, do presidente Donald Trump. Em princípio, Bolsonaro não terá nenhum encontro com Trump.
Negociações com a Tesla
As negociações sobre a possibilidade de a Tesla se instalar no Brasil já estão sendo feitas pelo ministro da Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes – segundo informou o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente.
A Tesla é hoje a montadora com maior valor de mercado, cerca de US$ 100 bilhões – mais do que General Motors e Ford juntas. A empresa, de propriedade do multimilionário Elon Musk, tem fábricas nos estados americanos de Nevada e Nova York e em Xangai (China). Em 2019, anunciou a instalação de uma unidade em Berlim (Alemanha).
Além da Tesla, por que a escolha da Flórida?
Além das negociações envolvendo a fábrica da Tesla no Brasil, o foco da nova visita de Bolsonaro aos Estados Unidos será aumentar as relações com potenciais investidores da Flórida, que tem fortes relações comerciais com o Brasil. O principal propósito é divulgar a empresários locais as reformas econômicas em curso no Brasil e, com isso, atrair investimentos.
Alguns setores comerciais contemplados na visita serão energia e novas tecnologias. Há interesse de empresários locais, por exemplo, nos leilões do pré-sal de 2020.
Empresários brasileiros participarão das reuniões. O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, também deverá acompanhar o presidente.
O Brasil é, entre todos os países do mundo, o principal destino das exportações da Flórida. Em 2018, o estado americano obteve US$ 4,5 bilhões exportando para o Brasil – mais do que toda a Índia, cujas exportações para os brasileiros ficaram em US$ 3,7 bilhões no mesmo período. A Flórida também é uma grande importadora de mercadorias brasileiras: em 2018, foram US$ 4,2 bilhões em produtos importados.
O estado também é importante para o Brasil por sua relação com a Embraer. Melbourne, cidade da Flórida, tem uma unidade da empresa que faz a montagem final de aviões. Em Jacksonville, a Embraer inaugurou em 2013 uma instalação para produzir a aeronave Super Tucano para a Força Aérea dos Estados Unidos. Além disso, outras duas unidades da companhia estão no estado, com diferentes atividades, em Fort Lauderdale e Titusville.
Bolsonaro terá encontros com políticos do Partido Republicano
Além da agenda empresarial, Bolsonaro terá encontros diplomáticos importantes com autoridades locais. Ele tem vários parceiros políticos em Miami, como Rick Scott, senador do Partido Republicano pela Flórida e ex-governador do estado; Marco Rubio, também senador; e Francis Suarez, prefeito de Miami.
O convite para a viagem foi feito por Scott, que considera a ida de Bolsonaro importante por causa da comunidade brasileira que vive na Flórida – cerca de 300 mil pessoas, segundo o Itamaraty – e do empresariado local, que tem fortes vínculos com o Brasil. Além disso, Scott tem grande afinidade ideológica com o presidente brasileiro e é uma das vozes mais relevantes no debate público norte-americano contra a ditadura na Venezuela.
No ano passado, em outubro, o senador esteve no Brasil para se encontrar com Bolsonaro. Em entrevista à Folha de S.Paulo, afirmou que o foco do presidente brasileiro em resultados o impressionou. “Sou empresário e, no mundo empresarial, as pessoas são muito focadas em resultados”, afirmou.
Na mesma entrevista, Scott ecoou Trump ao alertar o Brasil sobre a Huawei, empresa chinesa que pleiteia protagonismo na instalação da infraestrutura de redes 5G no Brasil. “Qualquer um que faça negócios com Huawei e ZTE está correndo riscos. Eles vão ter os seus dados, as pessoas e os governos não terão privacidade.”
Além de retribuir a visita de Rick Scott, Bolsonaro também se encontrará novamente com Francis Suarez, o prefeito de Miami, que é do Partido Republicano e veio ao Brasil em agosto.
Na ocasião, além de se reunir com Jair Bolsonaro, ele conversou com o deputado federal Eduardo Bolsonaro, que, na época, era cotado para assumir a embaixada do Brasil em Washington. “Fiquei muito impressionado, pela sua postura, pela sua habilidade de discutir assuntos em várias línguas”, disse Suarez sobre o filho do presidente.
Rubio, influente defensor de Bolsonaro, terá reunião com o presidente
Na mesma visita à Flórida, Jair Bolsonaro terá seu primeiro encontro com Marco Rubio, senador pelo estado e grande entusiasta de seu governo. De ascendência cubana e com forte apelo na comunidade latino-americana dos Estados Unidos, Rubio chefia hoje a subcomissão para o Hemisfério Ocidental do Senado norte-americano.
Suas opiniões sobre a América Latina podem ter impacto importante na forma como Trump toma decisões relacionadas à região. Alguns acontecimentos do ano passado dão indícios disso.
Em janeiro de 2019, num texto para o site da rede de notícias CNN intitulado “Os EUA devem apostar alto no Brasil”, Rubio afirmou que o governo Bolsonaro oferecia uma nova oportunidade para uma parceria com o Brasil e que “os Estados Unidos devem agarrar essa oportunidade".
No texto, o senador fez várias referências à possibilidade de uma cooperação no setor espacial, destacando a localização geográfica do Brasil, que “oferece potencial para lançamentos espaciais”. Também dedicou dois parágrafos a defender que os Estados Unidos apoiassem a entrada do Brasil na OCDE, o clube das nações desenvolvidas.
Dois meses depois, durante a visita de Bolsonaro aos Estados Unidos, o governo norte-americano assinou com o Brasil o acordo para uso da base de Alcântara, e o presidente Donald Trump manifestou publicamente seu apoio ao ingresso do Brasil na OCDE.
Em dezembro de 2019, Rubio enviou uma carta aberta ao presidente Donald Trump reafirmando a importância de apoiar a entrada do Brasil na organização. “Exorto respeitosamente a sua administração a reiterar seu apoio e defender a adesão do Brasil à OCDE”, disse Rubio, que vê no atual governo brasileiro uma “oportunidade única de trabalhar com um governo amigo para buscar a prosperidade econômica conjunta”.
Um mês depois da carta de Rubio, o governo Trump anunciou que apoiaria o ingresso do Brasil na OCDE de forma prioritária, deixando para trás a Argentina, que, antes, tinha a preferência.
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